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Segundo os órgãos de comunicação social sauditas, morreu o rei da Arábia Saudita Abdullah bin Abdulaziz aos 91 anos. O príncipe herdeiro Salman foi nomeado para ser o novo rei, mas também se encontra num estado de saúde delicado. Poderá este acontecimento ter impacto nos preços do petróleo?

Abdullah subiu ao trono em 2005, tornando-se no sexto rei do país. Salman, de 79 anos é meio-irmão de Abdullah e nos últimos meses, tem feito aparições mediáticas e discursos em nome do falecido rei.

Contudo, tem sido relatado que o estado de saúde de Salman também se encontra fragilizado, pelo que o tema da sucessão na família pode trazer polémica. Segundo a Reuters, “O Rei Salman convocou o Conselho de Fidelidade para prestar lealdade a Muqrin como seu príncipe herdeiro ao trono.”

Muqrin bin Abdulaziz é meio-irmão de Abdullah e tem 69 anos. Controversamente, foi nomeado primeiro sucessor de Abdullah em março do ano passado, passando à frente de dois outros meios-irmãos do falecido rei, indo contra uma regra tácita que diz que a sucessão é passada cronologicamente.

A Política petrolífera

A morte de Abdullah levanta questões sobre a política petrolífera do país.

A Arábia Saudita é o membro mais poderoso do cartel do petróleo OPEP. Até agora, tem-se recusado a cortar na extração de petróleo para impedir que os preços continuem a cair, preferindo deixar o mercado prosseguir o seu curso. Mas essa situação pode mudar a qualquer momento, e se houver um período de transição relacionada com a sucessão, é ainda mais provável que tal aconteça em breve.

O novo rei da Arábia Saudita Salman bin Abdul Aziz

Emad Mostaque salientou na plataforma de consultoria de mercados emergentes Ecstrat a seguinte questão:

Os preços do petróleo estão neste momento a atingir níveis que começam a criar alguma preocupação nas ruas da Arábia Saudita, com a perspetiva da sucessão a ser a cereja em cima do bolo e a fazer os investidores finais prejudicarem ainda mais o mercado.

Esta política poderá não passar um período de sucessão, onde o apoio e a boa vontade da população são essenciais, especialmente quando já se passaram quase 20 anos desde a última alteração.

O novo regente pode decidir manter a política existente, alterá-la completamente ou qualquer outra coisa que ele decida. Do mesmo modo, tem carta-branca para realinhar a política externa da Arábia Saudita conforme a sua vontade, um assunto de discussão para outra altura, mas que podia muito bem ter impactos regionais significativos.

Michael Levi, um perito em energia e sua política do Conselho de Relações Internacionais disse numa entrevista à Business Insider no início do mês que a sucessão poderia não causar um grande efeito na política, mas que poderia levar a muita instabilidade política.

“Ou vai acontecer pouca coisa, ou então haverá um grande impacto”, afirmou ele.

Crise de sucessão geracional

A longo prazo, a questão dinástica pode tornar-se num problema.

A escolha de Muqrin, um piloto de caça educado na Grã-Bretanha que tem laços estreitos com os E.U.A. é controversa, em parte porque é filho de uma concubina que nunca foi formalmente casada com o seu pai, o rei Abdulaziz Al-Saud, fundador do Estado Saudita em 1932.

“Ele não é mesmo um príncipe; a mãe dele era uma escrava e há outros irmãos mais competentes”, disse um antigo oficial saudita a Liz Sly do Washington Post no ano passado. “Ninguém acredita que Muqrin possa algum dia subir ao trono.”

Visto que nesta terceira geração existem muitos príncipes, as hipóteses para haver discórdia são imensas.

Aquele que herdar o trono muito provavelmente irá consagrar os seus próprios irmãos como futuros herdeiros, cortando dessa forma o acesso ao trono a muitos primos, assim como o patronato que essa herança providencia.

Na Reuters, Mohamad Bazzi, o antigo chefe do departamento da Newsday do Médio Oriente explica o problema da nomeação do sucessor na terceira geração, que tem quase 30 príncipes na linha de sucessão:

O Muqrin não tem um apoio por parte da família real forte o suficiente para eleger um dos seus filhos para a posição. Uma das teorias é que Abdullah colocou Muqrin como segundo sucessor ao trono para que ele devesse obrigações aos seus filhos, um que pudesse tornar-se rei assim que se desse a mudança de geração.

Eis a opinião de Rick Gladstone do The New York Times:

Colocar o Príncipe Herdeiro Salman e o Príncipe Muqrin na linha de sucessão ao trono para ocupar o lugar de Abdullah definitivamente atrasa o tempo de cálculo de quando a próxima geração de príncipes, os netos do fundador, ficarão na posição de alta autoridade.

Assim era a árvore geneológica antes da morte de Abdullah

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