A possível reviravolta nos preços do petróleo
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Neste momento o petróleo está em mínimos históricos. Porém, de acordo com o secretário-geral da OPEP, o desinvestimento em petróleo provocado pelos baixos preços no presente podem levar a uma impressionante subida de preços no futuro. Qual será então a evolução do mercado petrolífero?

De acordo com o secretário-geral da OPEP, Abdulla al-Badri, já atingimos o ponto mais baixo para o preço do petróleo. Além disso ele vê a possibilidade real do preço dos barris ascender aos $200 por barril no futuro.

O fundo foi atingido!

De acordo com o secretário-geral, o mercado do petróleo não precisa de procurar preços para o rematar porque este já está no mais baixo possível. Ele ofereceu, antes, comentários bastante fanfarrões dizendo:

“Agora os preços estão à volta dos $45-$55, e eu acho que talvez tenham chegado ao mais baixo possível e que nós veremos uma repercussão daqui a pouco tempo.”

Hoje em dia, afirmações deste tipo seriam apenas outra camada de barulho, mas vindas do Secretário-geral da OPEP trazem muito peso com elas.

Dito isto, ele não está a dizer que a OPEP virá salvar o mercado do petróleo revertendo a sua prévia decisão de manter a produção constante. Em vez disso, ele vê os sinais de que o mercado se está a autocorrigir porque as companhias petroleiras fizeram grandes cortes nos gastos, o que irá levar a uma eventual baixa no crescimento da produção. Além disso, as sondagens nos Estados Unidos estão a cair a pique, o que normalmente é a chave para um fundo no preço do petróleo. Contudo, à luz dos cortes e à medida que a indústria trabalha para ultrapassar o presente excesso de oferta, o Secretário-geral está a avisar que a indústria está a pôr os futuros fornecimentos de petróleo em risco investindo pouco agora.

Baixo investimento leva à escassez

O Secretário-geral disse:

“Se não se investe em petróleo e gás, ver-se-á mais de $200” no que toca ao preço futuro do petróleo.

Ele não forneceu uma linha de tempo, mas fez notar a correlação entre o investimento e a produção futura. Isto é porque a produção de petróleo diminui naturalmente e as companhias precisam de investir em nova produção para não só substituir este declínio na produção dos campos de petróleo mas também para adicionar novas produções para conseguir ir ao encontro da crescente procura. Apesar disso, as companhias petrolíferas estão relutantes em investir em nova produção porque o fluxo de caixa também diminui.

Ao longo dos anos isto pode tornar-se um problema porque os campos de petróleo em todo o mundo diminuem naturalmente cerca de 5% por ano. Como podemos observar neste gráfico de uma apresentação de um investidor –a Chevron Corporation (NYSE: Chevron Corporation [CVX])– de forma a ultrapassar este declínio, as petrolíferas têm de produzir cerca de 200 mil milhões de barris de petróleo durante a próxima década e meia, só para satisfazer a procura.

Estes fornecimentos requererão que a indústria invista entre 7 a 10 biliões de dólares. Contudo, com as grandes reduções de capital, as companhias petrolíferas anunciaram este ano que pode ser difícil para a indústria colmatar a necessidade de fornecimentos. Aliás, a indústria pode diferir até $150 mil milhões em projetos relacionados com o petróleo este ano, devido ao colapso dos preços do crude. Muitos destes investimentos não teriam, todavia, resultado em produção verdadeira durante alguns anos devido ao longo tempo de condução de projectos maiores.

Como um exemplo, a Chevron viu a primeira produção de petróleo em dois dos seus projetos no Golfo do México, no fim do ano passado, depois de ter começado a sua construção em 2011. Entretanto, outro projeto de $6 mil milhões, sancionado no fim do ano passado, não produzirá petróleo até 2018. São estes longos processos que estão a ser atrasados que estão a colocar o mundo na rota de preços mais altos do petróleo no futuro. Um investimento pobre agora tem o potencial de levar a uma constrição dos fornecimentos futuros.

Sumário para investidores

O Secretário-geral da OPEP chama-lhe o fundo dos preços do petróleo. Enquanto ele não é o primeiro a chamar-lhe o fundo, ele lidera a organização que controla atualmente o mercado do petróleo portanto os seus comentários têm muito peso. Alem disso, ele também sugere que os cortes que as companhias petrolíferas estão a fazer, podem ter um impacto dramático no preço do petróleo no futuro. A falta de investimento pode ser a potencial causa da subida repentina dos preços, se a procura crescer mais rapidamente que os fornecimentos futuros. Todavia, isso pode ser tudo parte do plano da OPEP de baixar propositadamente os preços do petróleo agora para conseguir controlar a quota do mercado quando os preços subirem o futuro. É preciso passar por alguma dor a curto prazo, para haver a possibilidade de um ganho maior a longo prazo.

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