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Anjo investidor é uma pessoa que faz investimentos com seu próprio capital em empresas nascentes com um alto potencial de crescimento, tais como as startups. Caso tenha a sorte de conseguir um, saiba quanto dinheiro necessitará dele assim como qual a melhor forma de o gastar.

Em 2015 sugeri que as startups de internet e bens de consumo angariassem $750.000 como capital de arranque. Se for uma startup de hardware, duplico esse valor.

Isso dar-lhe-á 18 meses de espaço caso tenha dispensado $35.000 por mês e tenha $120.000 em despesas jurídicas, de contabilidade e de investimento em bens de capital (os seus computadores portáteis). As empresas de hardware precisam dos $750.000 extra para fazer uma campanha de financiamento coletivo, para a ferramentaria e para realizar uma pequena produção do seu produto.

$35.000 por mês é o suficiente para uma equipa de quatro colegas trabalharem num problema durante 18 meses e manter um salário decente – e $500 por mês para extras.

Obviamente que isso não vai fazer crescer o seu salário, e nem deve. Se assim quisesse, estaria a trabalhar na Google ou no Facebook a afinar as suas gloriosas redes de publicidade para serem um pouco mais bem-sucedidos a cada trimestre - e a odiar a sua vida!

Como deve utilizar o dinheiro do seu anjo investidor?

A composição típica de uma grande equipa, na minha opinião, é algo deste género:

  • dois programadores para gerir o código, o processo, a estrutura de proteção dos operadores (OPS [Operators Protection Structure]) e o apoio ao cliente;
  • um gestor do produto para fazer o UX, o design, o teste do produto e o apoio ao clientel;
  • um chefe de negócios para fazer o apoio operacional, de angariação de fundos, de vendas, jurídico, de marketing e ao cliente.

Repare como neste caso as suas quatro pessoas estão a fazer pelo menos quatro trabalhos cada um. Todos trabalham no apoio ao cliente, pois quando a empresa é jovem é importante que todos os membros compreendam o cliente.

Estas quatro pessoas (o fundador(es) e a equipa fundada) têm de estar dispostas a fazer o que quer que seja. Nem todas as pessoas do mundo se sentem confortáveis com a ideia de “temos de conseguir fazê-lo com o que temos”, e não faz mal.

Certifique-se de que todos os membros compreendem que a sua expetativa é que quando a campainha da porta toca é porque têm de ir assinar alguma encomenda, e que não vai haver mais ninguém para arrumar-lhes a secretária ou para comprar-lhes um computador portátil se assim não o fizerem.

Quando a sua empresa de arranque receber mais fundos, terá o agradável dever de tirar os trabalhos às pessoas. Na maioria dos casos, isso vai ser fantástico. "Temos alguém para tratar do OPS! Altamente!"

Nalguns casos terá precisamente o oposto. “Está-me a tirar das vendas e do marketing? Porque não os confia a mim?”

Como não deve gastar o dinheiro ?

Se for sortudo o suficiente para receber $750.000 – uma quantia de grandes dimensões em dinheiro na vida real – deve certificar-se de que 90% desse dinheiro vai para o produto (apesar de algumas categorias não poderem ser incluídas tais como as questões jurídicas, o espaço do escritório e os computadores). Não deve de maneira alguma gastar o seu dinheiro a ir a conferências (a menos que consiga fazer lá alguma venda: leia isto) ou em mobília chique para escritório (compre mais barato ou alugue), ou ainda em escritórios chiques (as rendas desses espaços matam as empresas de arranque – por isso, não o faça!).

Todos os dólares têm de ser aproveitados para o produto e uma vez que os produtos foram feitos por pessoas (pelo menos na maioria dos casos) certifique-se de que 80% dos seus gastos constam na folha de pagamento. Tudo o resto é provavelmente um desperdício e desnecessário.

A grande recompensa depois do anjo investidor

Saí de um encontro com uma espetacular empresa de arranque na qual investi no verão do ano passado. Tinham $10.000 em rendimentos de software de serviço mensal e estão agora nos $100.000 por mês. Fizeram isto em sete meses e agora vou investir mais dinheiro na empresa – obviamente.

Este é sem dúvida o melhor cenário: o dinheiro do seu anjo investidor gerar lucro suficiente para cobrir – ou exceder – as suas despesas. Este cenário é denominado “rentabilidade” e apesar de ser uma coisa rara em Silicon Valley, pode ter um impacto surpreendente no seu futuro.

Agora que esta empresa de arranque de sete pessoas está a gerar mais do que gastaram, temos um caminho agradável à nossa frente. Vamos visitar as três maiores empresas de capital de risco de cabeça erguida e dizer “estamos a pensar aumentar a nossa série A, mas não vamos com pressa porque estamos a ser rentáveis.”

E quando os “deuses” do capital de risco ouvirem isso, vai chover sobre nós grandes listas de termos e condições honoráveis. Termos os quais iremos negociar de boa-fé para que fiquem ainda mais a nosso favor e dar-nos controlo do nosso próprio destino nos anos que estão para vir!

Ou – poderiam ter ido a uma série de eventos, passado uma semana a escolher umas secretárias estilosas e ficar completamente lisos antes de conseguir algum retorno com o produto. Nesse caso, os investidores de capital de risco olhariam para si e diriam: “Bem, se não o conseguiu em 18 meses, então não me parece que o nosso cheque irá alterar o destino deste negócio.” Assim mesmo. Definitivo e irrevogável.

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