Já estamos longe do tempo em que os Estados Unidos e a União Soviética lançavam missões ao espaço como forma de confronto indireto. A nova corrida ao espaço apresenta mais competidores e a competição não é tão agressiva. Mas há uma questão que se mantém: compensa?
A primeira corrida espacial foi um sprint entre a União Soviética e os Estados Unidos competindo por prémios como o orgulho e a vantagem militar. A nova corrida espacial é mais uma corrida divertida, com os países e empresas a trabalhar em conjunto para alcançar asteróides, Marte e mais além.
A atração do espaço continua a ser a mesma que era para os pioneiros da Sputnik e da Apollo há duas gerações atrás: o ser humanos sempre desejou explorar o desconhecido. As preocupações terrenas também são as mesmas: são os benefícios compensadores dos custos?
A situação
Os EUA estão a desenvolver a primeira nave espacial pronta a levar seres humanos a Marte, a nave espacial Orion feita pela Lockheed Martin. A cápsula não tripulada foi disparada 3.600 milhas para o espaço a 5 de Dezembro de 2014, na viagem inaugural, circundando a Terra duas vezes antes de cair no Oceano Pacífico. Este foi o mais longo voo que uma nave espacial, projetada para transportar pessoas, tinha feito desde 1972, embora feito apenas 2% da distância até a lua.
No seu próximo voo, previsto para 2018, a Orion viajará 700064,64 km além da lua. É nesta região que translunar NASA espera, eventualmente, colher amostras de asteróides para estudar. Uma base lá também poderia servir como uma estação de passagem para enviar naves para Marte que não estivessem sobrecarregados com pára-quedas pesados e escudos de calor necessários para reentrar na atmosfera da Terra.
Os planos da agência espacial para além dos voos iniciais Orion continuam incompletos; uma falta de propósito, semelhante, foi fatal para as propostas anteriores para incursões marcianas. Desta vez, porém, há uma visão cativante - e vem do empresário multimilionário Elon Musk. Ele vê a colonização do planeta vizinho mais próximo da Terra como um seguro contra o dia em que os humanos decidirem que o seu planeta natal é inabitável. A sua empresa, a SpaceX, espera abastecer uma frota de naves necessárias para sustentar os seres humanos em Marte. O planeta vermelho continua a ser apenas um "remédio rápido," Musk admite, porque a sua atmosfera é muito fina para permitir que a água flua.
O contexto
A era espacial começou no dia 4 de Outubro de 1957, quando os soviéticos lançaram o primeiro satélite artificial da Terra, o Sputnik I, e bateram os EUA novamente em 1961, quando Yuri Gagarin se tornou o primeiro homem no espaço. O presidente dos EUA, John F. Kennedy, sonhou mais alto, apoiando os EUA a pousar um homem na lua. Uma vez que a NASA chegou a esse objetivo, em 1969, o interesse desvaneceu-se nas excursões lunares Apollo. Assim, a NASA mudou o foco para o envio de astronautas a algumas centenas de quilómetros em órbita na primeira nave espacial reutilizável, o shuttle, enquanto ao mesmo tempo mandava uma nave não tripulada a Marte. Musk começou a Space Exploration Technologies em 2002 com o objetivo de possibilitar que as pessoas vivão noutros planetas. A administração Obama adotou ideias semelhantes após o descartar de um planeado retorno à Lua em 2010, dirigindo antes a cápsula Orion desenvolvida para esse efeito, para uma missão para o espaço sem fim.
O argumento
Valerá a pena? O espaço é caro e complicado, com pequenos erros punidos com perda de vidas. Essa é uma razão pela qual o rumo político a Marte pode ser mais difícil do que todos os desafios tecnológicos. A NASA, um alvo frequente de cortadores de orçamento, terá que proteger um esforço cujo custo total seria, no mínimo, igual aos 100 mil milhões de dólares da Estação Espacial Internacional. Essa é uma tarefa assustadora. O preço elevado forçará provavelmente NASA a trabalhar com parceiros internacionais e empresas privadas como faz na estação orbital - incluindo potências espaciais como a China e a Índia.
Isso poderia dar aso a ideias geopolíticas mirabolantes, como a recente ameaça da Rússia de deixar de financiar a estação espacial depois de 2020. Um empurrão multinacional até Marte teria de considerar questões desde a cozinha de bordo aos direitos a qualquer mineral raro descoberto lá. A corrida à lua mudou a vida americana com inovações como os suplementos nutricionais para as fórmulas infantis ou sensores das câmaras de telemóvel. Os ganhos colhidos da exploração do espaço profundo podem ainda ser maiores: desde a conexão de Internet mais rápida de sempre (dados transmitidos via raios laser pulsados) até avanços médicos que surgem a partir do estudo da radiação cósmica.