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Gerida por três irmãos, a Medicine Man tornou-se num dos maiores dispensários de canábis no Colorado, onde a comercialização da planta para fins recreativos é legal. Assim a empresa constitui um exemplo perfeito de como bem gerir um negócio no setor. Perceba porquê.

Uma planta canábis no armazém de 3716.1m² da Medicine Man em Denver. A crescente ação do dispensário produziu 3175 quilos de canábis em 2014 e obteve um lucro de $8 milhões

No início, Pete Williams começou por plantar marijuana na cave de sua casa. Tinha variedades como White Widow e Sour Diesel e chegava. Eventualmente, o irmão mais velho de Pete, Andy, juntou-se a ele e depressa o negócio tornou-se grande demais para a cave. Cinco anos mais tarde, a Medicine Man é um dos maiores dispensários de canábis e um dos mais bem-sucedidos do estado de Colorado. Com duas lojas de retalho, uma em Denver e a outra em Aurora, a empresa produziu 3175 quilos de canábis e obteve um lucro de $8 milhões em 2014.

Os irmãos Williams – juntamente com a sua irmã Sally Vander Veer, que colaborou no lançamento da Medicine Man e se tornou diretora financeira em 2013 – são uma das muitas histórias de sucesso no estado de Colorado da indústria de erva legal de $1,5 mil milhões. Segundo um relatório do Grupo Convergex, os 300 negócios de marijuana permitidos pelo Estado geraram um lucro de $350 milhões em 2014, um cenário que se espera que cresça até 20% este ano.

Saída da cave

Em 2008, a recessão bloqueou o negócio de telhas personalizáveis de Pete. Após 18 anos de casamento, ele e a mulher divorciaram-se e Pete estava a precisar de fazer dinheiro para sustentar os seus dois filhos. Um amigo deu-lhe 16 plantas canábis, todas elas pequenas o suficiente para caber numa chávena Dixie, e disse-lhe que se ganhava um bom dinheiro nos “cuidados” ou na plantação de canábis para pacientes. Sendo um autodidata por natureza, Pete construiu um sistema de crescimento complexo com técnicas hidropónicas e aeropónicas incorporadas. Nesse primeiro ano, conseguiu fazer na sua cave $100.000 a vender para dispensários.

No ano a seguir, o Presidente Obama declarou a legalização da utilização da canábis para fins terapêuticos como uma questão de aplicação da lei de “baixa prioridade”. Foi aí que Andy chegou à cave com um plano. “Eu passo a ser o empresário e tu o polegar verde”, recorda Andy, atualmente presidente e diretor executivo da Medicine Man, de dizer a Pete.

Com um empréstimo de mais de meio milhão de dólares por parte da mãe, os irmãos arrendaram um espaço com 1858 m2 numa cave nas redondezas de Montbello em Denver, e construíram um sistema hidropónico de ponta. Naquela altura, os irmãos faziam comércio em granel, mas em dezembro de 2010 saiu uma lei que exigia que os produtores de canábis vendessem o seu produto diretamente aos clientes. Assim, Andy e Pete construíram um dispensário à frente do armazém e acabaram com o seu negócio em granel.

Em 2013, a Medicine Man pôde adquirir o armazém e gerou um lucro de $4 milhões de dólares. Mas com a legalização da marijuana para fins recreativos à porta, Andy sabia que a empresa precisava de conseguir mais dinheiro para expandir as suas instalações em crescimento e aumentar a produção para a crescente de novos clientes que se adivinhava. Foi ter com a rede de anjos investidores ArcView na Califórnia e conseguiu um financiamento de $1,6 milhões.

O CEO da ArcView Troy Dayton (nem Dayton nem a ArcView são investidores da Medicine Man) disse:

“O Andy foi o empreendedor certo na altura certa para uma oportunidade de investimento. No final do dia, foi óbvio que Andy tinha pensado muito bem no assunto. Numa indústria em desenvolvimento, as empresas conseguem tração não apenas quando estão a começar, mas quando são um grande negócio e compostas por grandes pessoas – o Andy tem ambos.”

No dia 1 de janeiro de 2014, o primeiro dia em que a venda de marijuana para fins recreativos se tornou oficialmente legal, a Medicine Man vendeu 6 quilos de erva e fez quase $100.000. Entretanto, Pete, Andy e Sally têm estado a olhar para o futuro, para uma altura em que a canábis se torne legal a nível nacional. Para garantir mais uma corrente de lucro, o trio criou a Medicine Man Technologies, uma empresa de consultoria que oferece pacotes a empresários que se queiram iniciar no negócio da canábis. A Medicine Man Technologies, que ajudou muitos clientes a construir instalações médicas em Nova Iorque, Illinois, Flórida e Nevada, vai tornar-se neste verão numa empresa cotada na Bolsa no mercado de balcão.

Os desafios de se ser um empreendedor de erva

Apesar do porto seguro que o estado de Colorado criou, os negócios da canábis ainda enfrentam dois grandes obstáculos:

  • Até os bancos decidirem que é seguro ter clientes ligados ao negócio da Marijuana, estes negócios serão realizados exclusivamente em dinheiro vivo. Para a Medicine Man, que afirma ter fazer em dezembro $50.000 por dia, esta situação obrigou-a a ter de investir fortemente em medidas de segurança. As duas lojas que possui estão equipadas com um total ou mais de 100 câmaras treinadas, assim como vidros e portas à prova de bala. A empresa também contratou a empresa de segurança Blue Line Protection Group para fornecer agentes armados para proteger os dispensários e os armazéns, e veículos armados para transportar o dinheiro dos locais seguros de pagamento, do governo e dos fornecedores.
  • Os negócios da canábis também sofrem impostos extremamente altos, nalguns casos chegam a exceder os 50%. Mas graças ao sistema de crescimento altamente eficiente de Pete, a Medicine Man tem conseguido cortar os preços para o cliente e permanecer ao mesmo tempo rentável—por isso, mesmo depois do Estado levar a sua parte, as margens da empresa são de 30 e 40%.

Estratégia de saída

Embora o trio esteja atualmente no topo da indústria legal da canábis de Mile High, não chegaram lá sem sacrifícios pessoais. Por exemplo, a decisão de Andy de desistir de um emprego estável para criar a Medicine Man custou-lhe o seu casamento.

“Uma coisa que as pessoas não compreendem é que os empreendedores que começaram a indústria em Denver são pioneiros no verdadeiro sentido da palavra. Para se ser um pioneiro é preciso ter visão, a capacidade para ver algo e a coragem para ir atrás disso apesar dos riscos,” diz ele.

“Os riscos não eram só relacionados com o dinheiro — eram também relacionados com as nossas reputações, a nossa liberdade e as nossas famílias. Arriscámos muito por isto.”

Vários anos a lidar com todos esses riscos e sacrifícios, os William afirmam que agora estão prontos para descansar e apreciar as recompensas da construção da “Costco da marijuana”. Atualmente, os irmãos encontram-se em negociações com sociedades de investimento privadas por causa da aquisição. Estabelecem o valor para a empresa de 80 funcionários de $30 milhões e afirmam que trará um rendimento de $15 a $18 milhões em 2015.

“Começámos isto tudo com uma estratégia de fim em mente,” diz Pete.

“Estamos todos quase a passar dos 40 anos e não queremos trabalhar para o resto das nossas vidas.”

Acrescenta ainda que estão dispostos em vender a maioria das suas participações, se bem que querem manter 5 a 10% delas:

“Se não vendermos, [uma sociedade incorporante] vai comprar o nosso maior concorrente,” diz ele. “Se nos aliarmos às pessoas certas, a Medicine Man pode tornar-se num nome conhecido como a Pepsi ou a Coca-Cola. [As pessoas vão dizer] “ Querido(a) vai-me comprar um Medicine Mans.”

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