Um dos maiores enigmas do mundo financeiro: inquérito após inquérito vemos que as mulheres têm falta de confiança no que toca a investir e a fazer planos de reforma. Contudo se olharmos para os verdadeiros resultados, as mulheres muitas vezes são melhores que os homens.
Caryn Effron presenciou isto em primeira mão. Uma profissional do sector imobiliário com uma longa carreira, ela ficou motivada a lançar o site GoGirl Finance depois de ter assistir a uma discussão entre o seu filho e filha adolescentes e os seus amigos.
A conversa durante o almoço estava a ter um vigoroso intercâmbio entre todos os participantes. Até que, o tópico mudou para ações e investimentos. Nesse momento as jovens raparigas ficaram em silêncio.
Effron, que lançou o site em 2009 para encorajar as mulheres a tomarem em mãos o destino das suas finanças, comenta:
"90% do tempo as mulheres não participam em discussões financeiras. Isto é de loucos nos dias de hoje."
Sabedoria feminina
As mulheres investem sensatamente: As provas mostram que as mulheres são muito mais sensatas em investir do que pensam. Terrance Odean, professor na Escola de Negócios Berkeley’s Haas passou a sua carreira a estudar as tendências dos investidores, e descobriu que os homens faziam mais 45% de negócios que as mulheres na década de 1990. Ele aponta a culpa na confiança excessiva dos homens.
Todo esse excesso de negócios na verdade fez com que os homens tivessem ganhos médios um ponto percentual a baixo das mulheres.
De acordo com os dados de Fidelity as mulheres também são menos propensas a arriscar em negócios diários ou investir todas as suas poupanças de reforma em ações. Elas diversificam os seus portfólios de uma forma mais abrangente entre ações, títulos e outros investimentos.
Durante a década passada, o retorno mediano de ganhos para homens e mulheres é de 7.3% até 7.4%, de acordo com os dados de Fidelity. Mas os portfólios das mulheres são muito menos arriscados.
No mundo do investimento, isso é o ideal – conseguir o máximo de lucro com o mínimo de risco.
As mulheres conseguem terminar com mais
Kathy Murphy, presidente da Fidelity Personal Investing, rapidamente apontou que as mulheres em média poupam mais que os homens e os seus portfólios de investimento são tão bons se não melhores que os dos homens.
As mulheres tipicamente poupam 8.3% dos seus rendimentos, enquanto os homens poupam só 7.9%, Fidelity descobriu isto depois de analisar 12 milhões de contas de reforma e ao ajustar certas disparidades nos pagamentos entre homens e mulheres.
Isto pode não parecer muito, mas ao longo do tempo vai sendo acumulado. Considere que os rendimentos de uma família mediana nos EUA rondam os $50,000 de dólares. Se aplicarmos estas taxas de poupança aos rendimentos médios, a mulher poupa cerca de $200 a mais por ano.
Por isso, se os rendimentos forem os mesmos, as mulheres terminariam com mais.
Os dados contam a história
Contudo, a pesquisa feita por Fidelity confirma o que Effron viu na sua mesa de jantar. Num novo estudo, Fidelity descobriu que oito em dez mulheres admitem que recuaram quando podiam ter falado sobre as suas finanças, até mesmo com a família mais chegada ou amigos.
“Apesar de todo o progresso que as mulheres fizeram no mundo do trabalho e não só, elas ainda possuem uma injustificada falta de confiança nas suas capacidades de se dedicarem ao planeamento financeiro,” diz Murphy da Fidelity.
Isto diz-nos que 77% das mulheres confessam que conseguem falar por si mesmas com confiança sobre a sua saúde com um doutor, contudo menos de metade sente a mesma confiança quando estão a falar de dinheiro ou de investimentos com um profissional.
Um lugar na mesa
O mais importante é as mulheres terem um lugar na mesa e participarem no diálogo financeiro. Isto não é só sobre igualdade de géneros, é senso comum se tivermos em conta a mudança na dinâmica dos lares Americanos. Atualmente 40% das mulheres ganham mais que os seus maridos de acordo com a Pew Research, e espera-se que 9 em 10 mulheres venham a ser o único elemento que toma decisões financeiras no lar, já que as mulheres em média permanecem solteiras por mais tempo e vivem uma vida mais longa que os seus companheiros.