O poder da economia
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A economia é muitas vezes olhada como um campo de saber polvilhado de incerteza e baseada em modelos que não estão suficientemente próximos da realidade. Porém, constitui uma ferramenta de entendimento do mundo poderosíssima.

Criticar a economia por não ser suficientemente científica, é um crime do qual muitos de nós somos culpados. Existe uma forma correcta de o fazer e uma errada. Alex Rosenberg e Tyler Curtain escreveram ao New York Times a dizer que o fizeram da maneira errada.

Rosemberg e Tyler escrevem:

“Ao longo do tempo, o questionamento sobre o porquê da economia não estar (ainda) qualificada como uma ciência, tornou-se numa obsessão para os teóricos, incluindo filósofos científicos como nós… O problema da economia é a falta que tem das características mais importantes da ciência – falta à economia um recorde de melhoramento da precisão das previsões.”

A economia não tem sucesso nas predições, é? Isto é algo que várias pessoas afirmam, mas quando olhar para lá do facto bem publicitado que diz que a economia não pode prever a recessão irá observar que estas afirmações não correspondem à verdade. A economia pode prever coisas de sobra.

Exemplo №1

O meu exemplo preferido é a história de Daniel McFadden e BART. Em 1973, São Francisco apresentou um novo comboio: um sistema público de transporte rápido (BART). As autoridades previram que 15 por cento da área dos viajantes iria utilizar este sistema. Mas, investir dinheiro por uma garantia dada pela Fundação de Ciência Nacional, Universidade da Califórnia, Berkeley, e pelo economista McFadden e a sua equipa de investigadores, que previram que a utilização seria de somente 6,3 por cento.

Qual é o número actual? É de 6,2 por cento.

Agora chame-me doido se quiser, mas eu considero isto, uma previsão bem sucedida. De uma forma geral os modelos de previsão usados por McFadden, são extensões inteligentes da simples utilidade da teoria. O truque mais antigo do manual de estratégias. Estes modelos económicos denominados por "modelos de escolha discreta com utilidade aleatória", têm sido aplicados em inumeras áreas, incluindo no desenvolvimento de produtos, decisões de preços, marketing, uso de energias e estudos sobre impactos ambientais. Em 2002, McFadden ganhou o Prémio Nobel da economia pelo seu esforço.

Exemplo №2

Hal Varian

Quer outro exemplo? Olhe para a teoria do leilão. A Google pode ter um excelente algoritmo de pesquisa, mas o que é mais lucrativo é o sistema do espaço pelo qual o leilão é publicitado. Esses leilões são conduzidos por estruturas conhecidas como os leilões de segundo preço, desenvolvidos há relativamente pouco tempo pelo economista Hal Varian (agora contratado pela Google). Esta configuração de leilão, tal como todas as outras baseou-se na teoria dos jogos, outro elemento básico da caixa de ferramentas da economia. A teoria de leilão centra-se na previsão de quais são os leilões mais confiáveis que levam a negócios lucrativos. É cada vez mais essencial para os lucros das empresas de serviços online, e é por isso que muitas startups de tecnologia estão agora a contratar economistas.

Exemplo №3

Os chamados "modelos de gravidade" de uma troca comercial internacional, fazem um trabalho muito bom ao prever quantas trocas comerciais vão ocorrer entre dois países, dado o tamanho das suas economias, e a distância entre eles.

Por outras palavras, Rosenberg e Curtain estão simplesmente errados. A teoria económica é abundante em sucessos preditivos.

Porque é que Rosenberg e Curtain a interpretaram mal? Eles são em parte culpados, não se deram ao trabalho de fazer o trabalho de casa. Mas em parte a culpa também é dos economistas, que fizeram um mau trabalho ao não apregoar os seus sucessos preditivos para o mundo. Alguns economistas continuam a defender a ideia de que a teoria ecônomica não precisa de fazer previsões para se tornar útil, em vez disso precisa apenas de facultar estruturas ás pessoas para que elas possam pensar acerca do mundo. Este argumento não trouxe nada de novo ao público em geral. Sem suporte empírico, não se pode comprovar que esta teoria é uma boa estrutura para pensar sobre o mundo.

É provável que os economistas ao utilizarem más teorias possam fazer uma má política de recomendação, não importa como é o quadro mental desses economistas, nem se são organizados ou internamente consistentes.

Mas os críticos da economia tendem a ignorar o declínio da teoria-económica para teorias-causa. A teoria económica impressa atingiu o pico da percentagem em termos de literatura económica algures na década de 1980, neste momento está reduzida a menos de um quinto de todos os artigos publicados nos jornais mais importantes. Tal como o economista John Cochrane da Universidade de Chicago coloca:

"A economia empírica tornou-se muito orientada para a realidade nos últimos 20 anos – As estelas na casa dos trintas estão a raspar os dados da internet".

Portanto a caracterização que Rosemberg e Curtin fazem da economia parece uma caricatura. A ligação da teoria á realidade está a tornar-se cada vez mais importante na economia, o sucesso preditivo existe em muitas áreas.

A única excepção notável é claro, está na área da macroeconomia. Em termos de previsão dos altos e baixos. A economia continua em busca do seu primeiro grande sucesso. Mas se pensa que a única missão na vida de um economista, é prever as recessões, está na altura de pensar melhor.

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