Apesar das restrições do banco central da China, a maioria dos câmbios de bitcoin são feitos de ou para yuans chineses. Descubra porque é que a criptomoeda é tão popular na terra da grande muralha.
Num relatório de hoje da Godman Sachs sobre o futuro do dinheiro, o banco faz notar que 80% do volume de bitcoin é agora trocado de e para yuan chineses. A segunda moeda com números de câmbio mais altos é o dólar americano, seguido por denominações mais pequenas em yens e euros.
A revelação do domínio da China da troca de bitcoins parece desafiar a lógica de que restrições governamentais apertadas deviam diminuir a adoção de bitcoins na maior economia do mundo. A atividade de troca de bitcoins na China também aumentou, apesar da queda abismal do preço da bitcoin, dos mais de $1000 no ano passado, para menos de $300 hoje.
A onda da aderência chinesa à bitcoin vem num contexto de declínio da confiança na economia chinesa, à medida que o yuan enfraquece contra o fortalecimento do dólar e que a saída de capital – antigamente rara na China – aumenta para níveis recorde.
O banco central da China apertou o cerco contra a cripto-moeda, em Dezembro de 2013 quando proibiu transações de bitcoin em bancos, lojas, e empresas de pagamento, tais como a Alipay e a Tencent. Mas os dados mostram que o volume de bitcoin continuou a ser superior com os crentes da bitcoin a manter a compra, venda e “minério” da cripto-moeda.
O facto de que a China se tornou um importante centro de acumulação é um provável contribuinte para o seu volume elevado de transações de bitcoin, de acordo com um relatório da Comissão Económica e de Segurança dos EUA-China. O relatório também aponta que bitcoin atraiu comerciantes que procuram lucrar com a volatilidade da bitcoin, bem como investidores chineses mais jovens que podem não ter o dinheiro para investir em imóveis ou o conhecimento para investir no mercado de ações.
O advogado Roland Sun, especialista em bitcoin e cripto-moeda, explicou numa entrevista no site da indústria “Lets Talk Bitcoin” que não há um proibição expressa de compra, venda, ou de possuir bitcoins, desde que o banco central considere que é uma mercadoria, em vez de uma moeda. Ele disse que "a única restrição imposta aqui é bloquear as instituições financeiras e processadores de pagamentos a terceiros de ajudar as empresas de cripto-moeda (mas ainda existem muitas lacunas na realidade que permitem contornar ou mesmo penetrar essa restrição)."
Portanto, até o governo chinês oferecer mais clareza sobre a sua postura em relação à bitcoin, o comércio de bitcoin na China tem uma forte probabilidade de continuar.