Pessoas diferentes têm padrões de poupança bastante diferentes. Mas aparentemente ou principal motivo para isso não é a necessidade ou os hábitos financeiros, mas o código genético. Será que você tem genes económicos?
Há muito que os economistas têm tentado explicar a razão por que as pessoas poupam dinheiro. A teoria mais famosa, intitulada teoria do ciclo de vida e criada na década de 50 pelo Prémio Nobel da Economia Franco Modigliani, afirma que as pessoas poupam quando são jovens para financiarem as suas vidas quando são velhas. Parece razoável, e foi uma teoria muito importante durante décadas.
Mas estava errada.
“Tentativas exaustivas para explicar os padrões de poupança através da teoria do ciclo de vida de Modigliani foram completamente malsucedidas”, afirmou um estudo acerca da teoria da poupança ao longo da história económica, publicado pelo Banco da Reserva Federal de Minneapolis em 2003.
Na década de 70 emergiu um modelo diferente, por vezes conhecido como modelo de dinastia, que afirma que as poupanças não têm como apenas objetivo financiar o futuro de uma pessoa quando envelhece, mas também deixar uma herança para os filhos. Mais uma vez, esta teoria pode ser aplicada em alguns casos mas, tal como a teoria do ciclo de vida, não é totalmente adequada ao mundo real. Por exemplo, tem dificuldade em explicar os níveis de acumulação extrema verificados nas pessoas muito ricas.
Agora, emergiu uma nova tentativa de explicar a tendência humana para colocar de lado as suas poupanças, não através de ciência económica mas, em vez disso, vinda da biologia. Isto porque este comportamento poderá ser, em parte, devido a fatores genéticos. Um novo estudo, publicado pelo Jornal de Economia Política, relaciona os dados do Registo Sueco de Gémeos, um repositório de informação acerca de gémeos idênticos e fraternos, com os dados da riqueza sueca fornecidos pela agência de impostos daquele país.
Os investigadores Henrik Cronqvist e Stephan Siegel formaram uma métrica para as poupanças medindo as alterações na riqueza pessoal dos gémeos entre 2003 e o final de 2007. O estudo concluiu que os gémeos idênticos – que partilham exatamente os mesmos genes – têm um comportamento de poupança significativamente mais semelhante do que o comportamento registado pelos gémeos fraternais. Na verdade, os investigadores descobriram que as diferenças genéticas explicam cerca de 33% das variações nas taxas de poupança individual.
“Tanto nós como outros economistas de renome nunca sequer colocámos essa possibilidade”, afirma Stephen Siegel.
“Isto porque esta teoria está ligeiramente afastada da forma habitual como habitualmente se encara o comportamento humano em termos de finanças e economia”, conclui
Mas esta situação poderá estar prestes a mudar. Os economistas estão cada vez mais a começar a olhar para o campo da genética, como forma de complementarem os seus estudos. Por exemplo, uma investigação publicada no Jornal de Finanças em 2010 descobriu que a genética era responsável por cerca de 25% da variação individual da propensão para as pessoas tomarem riscos financeiros. E este novo campo da ciência tem até o seu próprio nome: genoeconomia.