A história demonstra que a valorização do dólar é um sinal de que um acontecimento financeiro colossal poderá estar prestes a acontecer.
O dólar está na direção da maior valorização trimestral desde 1992, de acordo com o Banco da América, um bom sinal de que vêm aí um aumento de taxas.
Quando os mercados esperam um aumento nas taxas de juros dos Estados Unidos, isso normalmente fortalece o dólar. Isto acontece porque as pessoas correm para trocar as suas moedas por dólares – assim conseguem fazer mais dinheiro nos investimentos cujo dólar é o denominador. Uma procura mais alta da moeda americana leva o seu valor a subir.
No passado, o dólar só teve ganhos significativos contra outras moedas durante períodos de extrema tensão financeira e geopolítica.
Os últimos quatro grandes choques do dólar, nos 45 anos passados, foram sempre sintomas de grandes eventos financeiros: o colapso de Lehman, a saída em pânico da Grã-Bretanha do Mecanismo Europeu de Taxas de Câmbio em 1992, a primeira guerra do Golfo, e o choque da subida de taxas de Paul Volcker nos anos 80.
A fartura de hoje já é consideravelmente maior do que a que rodeou o colapso de Lehman, apesar das condições económicas serem muito diferentes. Aqui está como esta se parece num contexto histórico:
Segue um fragmento dos investigadores do Banco Americano:
"No nosso ponto de vista, outra preocupação é que este movimento do dólar americano reflecte um deslocamento dentro do sistema financeiro. O voo de capitais para os Estados Unidos é um sintoma de risco sistémico nos mercados financeiros. É certo que os choques do dólar têm sido associados no passado com enormes eventos no mercado, como demonstrado com detalhe no gráfico 8 (1981 choque de Volcker, 1992 crise no METC, Lehman em 2008, etc). E no entanto, apesar da força do movimento do dólar, e além de alguns eventos de CDS (credit default swap), há poucos sinais dos componentes do nosso Índice de Stress Financeiro Global de que o risco sistémico está a afluir. A maioria dos componentes estão até em menos tensão que o costume.
Mais uma vez, o ingrediente que falta é um “choque de taxas”."
Agora mesmo, as condições dos mercados globais são uma anomalia histórica. As taxas têm sido cortadas 558 vezes desde o colapso Lehman, por todo o mundo, de acordo com o Banco Americano. Por isso mesmo uma pequena e estável série de subidas das taxas de juros pela Reserva Federal dos Estados Unidos é uma mudança colossal no sistema financeiro global – uma mudança que está a fazer o dólar disparar.