Marcas de moda e relojoeiras suíças abraçam o smartwatch
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Gucci e TAG Heuer são algumas das empresas de produtos de luxo que tentam entrar no novo mercado. Serão uma séria concorrência à Apple e companhia?

O primeiro aparelho inteligente possível de ser usado do músico will.i.am – a banda inteligente Puls – era irremediavelmente mau, mas isso não impediu a Gucci de se juntar ao músico que se tornou um visionário da tecnologia para uma nova linha de dispositivos portáteis. Ao descrever a colaboração com a Gucci como uma nova edição (jogo de palavras com "adição", presumivelmente?) à sua família, will.i.am promete uma banda inteligente que vai viver e trabalhar de forma completamente autónoma a partir do seu smartphone. Fazer chamadas, e-mail, mapas, música, acompanhamento de fitness, e até mesmo "um assistente pessoal sofisticado" estão entre as principais características do dispositivo ainda sem título.

Embora nem a Gucci nem will.i.am revelem ainda detalhes sobre o projeto, tudo que se sabe até agora sugere uma remarcação das bandas inteligentes Puls já existentes. E isso não são boas notícias para quem se tenha esforçado para fazer qualquer coisa com a primeira tentativa falhada da casa de design de will.i.am. Talvez com alguns meses de experiência e muitos comentários infelizes, as Puls possam ser dirigidas na direção certa.

O diretor executivo da Gucci, Marco Bizzarri, e will.i.am estavam ambos vestidos com protótipos durante o anúncio, relata a CNET, porém a aparência final da banda ainda não foi confirmada. Por enquanto, will.i.am deixa-nos com a promessa de "um dispositivo que é ao mesmo tempo elegante e tecnologicamente avançado... algo que é único no mercado." E, em relação a todo a concorrência do Android Wear e da Apple Watch, ele conclui simplesmente que o seu será "o mais fixe."

Enquanto isso, na Suíça

Hoje a indústria relojoeira suíça dá um grande salto para abraçar o smartwatch. À frente do Grupo LVMH Watch Jean-Claude Biver não é homem de ignorar a cultura pop e tudo o que é moderno, embora ele tenha feito o seu dinheiro gerindo empresas que vendem relógios mecânicos tradicionais. Hoje, como CEO da TAG Heuer, relojoeira suíça, ele junta-se a representantes da Intel e Google no anúncio do primeiro smartwatch suíço da Android Wear.

Até 2014 Jean-Claude Biver era um crítico ferrenho dos smartwatches e do que ele sentia que era uma proposta de pouco valor para os consumidores de relógios "tradicionais" cuja estratégia de marketing consiste em oferecer um produto que os consumidores podem usar durante muitos anos. Biver e alguns dos seus colegas foram extremamente rápidos a apontar que, na sua opinião, a grande falha dos smartwatches é que os consumidores são convidados a comprar algo potencialmente caro que se vão sentir inclinados a por de parte assim que sair algo melhor. Jean-Claude Biver é regularmente referido como uma das pessoas mais inteligentes e mais dinâmicos da indústria de relógios de luxo de hoje, e foi capaz de abrir toda a indústria a novas ideias.

Muito do sucesso de Biver necessitou da aprovação de novas ideias e de correr alguns riscos. A sua marca explorou o mundo do marketing de relógios de luxo e liderou um esforço para vender à indústria da música hip hop, bem como nos meios do basquete e futebol. Agora, este crítico da Apple Watch, está por trás de uma nova colaboração que visa incorporar o smartwatch como uma parte permanente da indústria relojoeira suíça.

Ao longo dos últimos meses, o tom de Jean-Claude Biver quanto à aceitabilidade dos smartwatches começou a mudar. Para Biver agora é como se os smartwatches não fossem um anátema para a indústria do relógio mecânico, mas sim o caminho para a diversificação que a indústria relojoeira suíça não deve ignorar. As empresas de tecnologia que lançaram smartwatches têm sido amplamente criticadas por (entre outras coisas) criarem produtos que não se parecem com os relógios que alguém quer usar realmente. Mas uma forma de sucesso para tornar o smartwatch relevante (e até emocionante) seria combinar os talentos da indústria relojoeira suíça e Silicon Valley. Isto parece ser exatamente o que TAG Heuer tem feito em parceria com o sistema operacional Android Wear da Intel e da Google.

Indiscutivelmente, um dos desafios mais sérios do Android Wear é a escassez de dispositivos smartwatch realmente atraentes e úteis. As empresas de tecnologia podem tentar imitar a aparência de um relógio tradicional, mas ninguém a não ser talvez a Apple esteve perto de igualar a qualidade, design, e detalhe de um relógio suíço. Existirá mercado para um produto smartwatch de desenho fino que possa competir no mesmo campo do que está atualmente a ser feito pelas principais marcas de relógios da Europa?

A TAG Heuer parece pensar que sim, e pode ser um parceiro pouco surpreendente para empresas como a Intel, que fez algumas tentativas no mundo dos aparelhos usáveis, mas ainda não contribuiu com nada de especial. Em 2008, quando a TAG Heuer estava, talvez, no auge da diversificação da sua marca, além de relógios a TAG Heuer foi realmente produzindo outros produtos, como óculos e smartphones de luxo. Isso mesmo: a certa altura tentaram vender o Meridiist, um telemóvel pomposo destinado a competir com os telefones móveis feitos pela Vertu.

A TAG Heuer já produziu mesmo um smartwatch - se assim o quiser chamar. Em 2013, a marca trabalhou com a equipa Oracle dos EUA durante a Taça da América para produzir uma pequena série de relógios electrónicos conetados entre si, conhecidos como os Aquaracer 72. Estes relógios digitais ajudaram os marinheiros a ver dados em tempo real sobre o seu navio enquanto concorriam.

Inserir um smartwatch no mercado destinado a um conjunto de consumidores normais é um desafio diferente de trabalhar para uma equipa bem financiada de algumas pessoas que se está a patrocinar (a equipa de vela da Taça da América de Larry Ellison) ou de produzir uma versão mais chique de um produto já estabelecido como o telemóvel. Por exemplo, ninguém alguma vez alegou que os smartphones de luxo são melhores que os telemóveis normais, em muitas situações eles são até muito piores. Era simplesmente um tipo de mercado diferente do que a ainda nova industria dos smartwatches de hoje.

Se o novo smartwatch da TAG Heuer vai ser "bom" ou “mau” é na verdade menos importante do que a rapidez com que os consumidores em geral estão a adotar os smartwatches. Quando estes novos dispositivos portáteis conectados atingirem o consumidor normal, haverá rapidamente uma separação entre aqueles que são para a maioria das pessoas, e os produzidos para a demografia da compra de luxo – e várias empresas têm a sua própria perspectiva sobre isso. Recentemente, a empresa suíça Frederique Constant fez uma parceria com a tecnologia Motion X da Fullpower para produzir a plataforma de smartwatch MMT Horological que pretende transformar um relógio com a aparência do tradicional analógico num monitor de atividade. Sem uma preferência clara dos consumidores, uma plataforma smartwatch de sucesso é algo que as empresas ainda estão a tentar encontrar. A TAG Heuer toma a abordagem mais comum para a solução do smartwatch, decidindo seguir diretamente com um ecrã digital combinado com a sua própria base de luxo e ideia de estilo moderno e arrojado. Esperemos que o consigam concretizar.

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