O recente acidente do voo da Germanwings lança o alerta para o facto de muitas vidas dependerem da estabilidade emocional de uma única pessoa. Como garantir a saúde mental dos pilotos?
A teoria dominante para explicar o acidente do voo 9525 da Germanwings em França é o suicídio do piloto de avião, Andreas Lubitz. Segundo o CEO da companhia aérea, Carsten Spohr, Lubitz ausentou-se durante alguns meses durante a sua formação.
Devido às rigorosas regras de segurança sanitária na Alemanha a companhia aérea não tem conhecimento da exata razão para a breve ausência do piloto.
O aparecimento desta teoria do acidente chamou imediatamente a atenção para a saúde mental dos pilotos de companhias aéreas comerciais do mundo inteiro.
Apesar de os novos pilotos de companhias aéreas serem alvo de exames psicológicos antes de serem contratados não recebem qualquer avaliação psicológica após a contratação.
De acordo com Patrick Smith, piloto e autor do livro “Cockpit Confidential”, os tripulantes são alvo de check-up médico anual ou bienal – que inclui critérios relativos à saúde mental.
Os pilotos podem ser afastados por tudo, desde doenças físicas a questões de saúde mental, como depressão e ansiedade.
Com isto, muitas vezes os pilotos não recebem o apoio de que necessitam. Numa entrevista a Business Insider Smith disse:
“Os pilotos são seres humanos sujeitos às mesmas fraquezas que qualquer outro profissional. Qualquer exame médico não irá excluir potenciais falhas ou atos maliciosos. Penso que a raridade de incidentes de sabotagem por parte da tripulação mostra quão bem o sistema funciona.”
É verdade que os casos de suicídio de pilotos são extremamente raros e que voar é bastante seguro. Com milhões de voos a descolar e aterrar sem incidentes, todos os anos, as viagens aéreas nunca foram mais seguras – e os suicídios de pilotos foram apenas responsáveis por uma minúscula percentagem de acidentes.
No entanto, muito mais pode ser feito para prevenir tais tragédias – apesar de raras – de ocorrerem.
“Os suicídios acontecem, mas as pessoas não falam sobre os mesmos.” Avançou ao Business Insider Karlene Petitt, pilota experiente e autora. “Os pilotos de avião trabalham numa atmosfera de ego-pesado pois a natureza do seu trabalho exige confiança em situações ameaçadoras.”
Como resultado, Petitt acredita que a indústria precisa de aumentar o nível de formação e educação para a saúde mental para que os pilotos se encontrem numa melhor posição para autodiagnosticarem qualquer problema por que possam passar e procurarem ajuda. Além disso, Petitt acredita que o setor aéreo precisa de criar um ambiente aberto onde os pilotos se encontrem confortáveis para admitir que têm um problema.
Os pilotos que conduzem os aviões onde andamos são apenas pessoas. Estão suscetíveis às mesmas doenças que nos afligem a todos. Mas isto não deverá mudar a nossa perceção sobre a segurança aérea.
Smith termina:
“Para os passageiros, a certa altura é preciso haver a presunção de que os homens e mulheres a controlar o avião são exatamente os profissionais altamente qualificados que você espera que eles sejam, e não assassinos em espera.”