Como a Noruega perdeu o controlo da sua base secreta no Ártico
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Durante a Guerra Fria a Noruega começou a construir uma base naval no valor de $500 milhões para fazer face à ameaça soviética. Mas acabou por vendê-la por 1% do seu custo e agora está a ser usada por navios russos.

Durante a Guerra Fria, a Noruega construiu uma base naval secreta, Olavsvern, que foi esculpida numa montanha nos arredores da cidade de Tromsø, no Círculo Ártico. A base – um hangar submarino feito de rocha, com acesso directo ao mar, cerca de 13935 m² de edifícios e quase o dobro disso em espaço interior à prova de bombas – demorou 30 anos a construir e custou à NATO cerca de $500 milhões para combater a ameaça da União Soviética.

A base só foi acabada em 1994.

Então porque é que a base agora está cheia de navios de investigação russos?

Em 2008, o parlamento norueguês decidiu fechar a base em meio de uma reestruturação da marinha do país. No entanto a forma como decidiram levar isso a cabo foi pouco usual. A Noruega colocou a base à venda em 2011 num site de leilões norueguês (link em norueguês), descrevendo o sítio – bastante honestamente – como "uma propriedade única em que ideias podem ser concretizadas."

O preço de venda foi de uns lamentáveis 105 milhões de coroas, ou 18 milhões de dólares na altura. Mas nem isso conseguiram e a base foi vendida a um grupo de empresas de perfuração de petróleo norueguesa por apenas $5 milhões, ou 1% dos seus custos de construção. Os novos proprietários, de seguida, alugaram o local a navios de investigação russos, incluindo o que AFP descreve como "navios de pesquisa sísmica supostamente ligados à gigante estatal de energia Gazprom."

A área à volta do Pólo Norte está sujeita a muitas declarações de apropriação adversárias – e alguns acham que pode ser a próxima Crimeia. Numa altura em que há um aumento de atividade militar russa – incluindo incursões marítimas suspeitas no território dos seus vizinhos escandinavos – todo este caso parece não estar a ser bem resolvido.

A base naval

Um ex-vice-almirante que estava no comando das forças do norte da Noruega, disse à AFP:

“Vendemos a única base digna desse nome que tínhamos lá em cima. É pura loucura. Nós somos o único país, em conjunto com a Rússia, a ter uma presença permanente no mar Barents, onde partilhamos uma fronteira comum... se os navios não estão lá onde são necessários, mais valia serem destruídos completamente.”

O atual governo de direita, disse à agência de notícias francesa que não tem planos para reverter o curso sobre a venda ou bloquear a entrada de navios russos. Ironicamente, foi o governo de esquerda de Jens Stoltenberg, que privatizou o base – Stoltenberg é agora o chefe da NATO, e tem vindo a alertar a Europa e os EUA de uma séria ameaça militar russa.

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