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O aumento de produção petrolífera por parte dos EUA, Rússia e Canadá, assim como o facto da procura de petróleo por parte da China aumentar menos do que o esperado tem feito com que a OPEP tenha dificuldades para manter o controlo do mercado. Que estratégia seguirá então o cartel face às adversidades?

Muito tem sido dito sobre a decisão da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) no outono passado de manter a sua produção constante quando o mercado estava sobrelotado com petróleo. Na altura a decisão foi vista como um ataque direto aos seus adversários no mercado petrolífero incluindo a Rússia, Irão, e os EUA. Evidentemente, abrandar estes adversários ao mexer nos preços do petróleo era um dos seus objetivos, porém, não era o único objetivo do cartel. Pois outro fator que inicialmente baixou os preços do petróleo foi o facto de a procura ter subido menos do que o esperado, particularmente da parte dos países asiáticos. A OPEP sabe que a solução para a pouca procura de petróleo é um preço muito mais baixo.

A redução da quota de mercado

O controlo da OPEP sobre o mercado petrolífero estava verdadeiramente a ser atacado em duas frentes. A primeira batalha da OPEP foi sobre o controlo de uma grande porção do mercado petrolífero. Durante anos foi capaz de utilizar este controlo nos preços do petróleo para conseguir preços com três dígitos, pois manteve o seu nível de produção na posição que manteve o mercado que desta forma estava equilibrado o suficiente para os preços não caírem abaixo dos $100. Contudo, esse preço alto do petróleo incentivou outros produtores não-OPEP a investir de modo a aumentar a sua própria produção de petróleo, que, como demonstra o seguinte gráfico, serviu para incentivar a produção de petróleo durante os últimos anos nos EUA, Rússia, e Canadá.

Como estas nações estavam a aumentar a sua produção de petróleo, deixaram a OPEP com uma maior concorrência para a venda de petróleo. Vemos um exemplo disto no gráfico seguinte onde o petróleo da OPEP estava a ser afastado do mercado petrolífero dos EUA enquanto o surgimento da produção, assim como um ênfase na eficiência do combustível, reduziu a necessidade do petróleo da OPEP na América.

Como vemos no gráfico, durante a última década a produção de petróleo da OPEP aumentou cerca de 3%. No entanto, as importações por parte dos EUA da OPEP diminuíram 50%. Isto deixou a OPEP à procura de compradores, tendo como principal destino, particularmente, a Ásia e a China, devido à sua rápida e crescente procura de petróleo, como vemos em baixo.

O problema que a OPEP enfrenta nos últimos anos é o facto de que a crescente procura de petróleo da China tem estado a abrandar. Isso requer um novo esforço para estimular a procura.

Estimular a Procura

De 2003 até 2012 a procura de petróleo por parte da China estava a aumentar cerca de meio milhão de barris por ano de acordo com a Agência de Informação de Energia dos EUA. Isso que dizer que quase dois em cada cinco barris da procura crescente que se fazia sentir eram da China. No entanto, devido à sua economia ter amadurecido e abrandado também abrandou a sua procura voraz por petróleo. Não só isso, mas os elevados e teimosos preços do petróleo com três dígitos ajudaram a limitar o aumento da procura do país. Por causa disto a EIA agora vê o seu aumento da procura a diminuir para metade do que era na década passada até ao final desta década. Os indícios do abrandamento do aumento da procura da China surgiram no outono passado, e levaram à diminuição inicial dos preços do petróleo.

A OPEP não quer que a procura da China diminua devido à sua importância no crescimento do mercado do petróleo em geral. Foi por isso que decidiu não diminuir a sua produção quando os preços do petróleo começaram a cair. Em vez disso, viu a situação como uma oportunidade para não só fornecer um golpe aos seus adversários mas também impulsionar o aumento da procura, não apenas na China mas em todo o mundo. Isso deve-se aos economistas estimarem que por cada declínio de $10 no preço do petróleo irá existir um aumento de 0,2% do PIB global, que se espera que leve a uma maior procura de petróleo. Na realidade, os economistas estimam que 300.000 barris por dia, da nova procura de petróleo, são criados por cada declínio de $10 nos preços do petróleo. O que isto sugere é que a OPEP está a criar um mercado para aumentar a procura em 1,5 milhões de barris de petróleo ao deixar simplesmente que os preços do petróleo caiam $50 por barril. É um plano que parece estar a funcionar pois a Agência Internacional de Energia aumentou recentemente a sua previsão de procura ao ver o crescimento da procura a acelerar de 700.000 barris no ano passado para 1,1 milhões de barris este ano.

O Afastamento dos Investidores

A OPEP viu duas grandes ameaças ao seu domínio do mercado petrolífero. Os seus adversários não estavam apenas a aumentar rapidamente a sua produção, mas a fazê-lo enquanto o aumento da procura estava a abrandar. O cartel decidiu que a melhor forma de resolver ambos os problemas seria deixar os preços do petróleo desabarem. Isso iria incentivar um aumento da procura do petróleo enquanto forçaria os outros rivais a deixar o mercado, deixando a OPEP com a oportunidade de faturar bastante quando as coisas se invertessem relativamente à oferta e procura nos próximos anos.

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