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Saiba quanto dinheiro têm, em que regiões vivem e como investem as pessoas com mais riqueza no mundo.

O novo “Relatório da Riqueza Mundial” para 2015 foi divulgado a semana passada pela Capgemini and RBC Wealth Management. O documento centra-se na população de “indivíduos com elevada riqueza” (ou HNWI, como se refere o relatório na sua versão original em inglês), sendo geralmente consideradas nesse patamar pessoas com mais de um milhão de dólares. O estudo, baseado num inquérito a mais de 5100 pessoas ricas em 23 dos maiores mercados, está repleto de dados fascinantes.

Provavelmente já estará familiarizado com algumas das descobertas e temas-chave:

  • Nos últimos cinco anos tem-se acumulado uma tremenda quantidade de riqueza.
  • Muita desta riqueza está concentrada em 1% da população, e uma grande parte dessa riqueza está concentrada em 1% desse 1%.
  • Os muitos ricos têm um impacto desproporcional na política, investimento e economia.
  • Não há grandes surpresas aqui, portanto. Contudo, alguns dados específicos revelam-se interessantes:
  • A população global de HNWI é de 14,65 milhões, com uma riqueza total de 56,4 biliões de dólares.
  • A população norte-americana de HNWI é de 4,68 milhões, com uma riqueza total de 16,23 biliões de dólares.
  • A América do Norte, enquanto região, está em primeiro na riqueza dos HNWI e em segundo no tamanho da população de HNWI, atrás da região Ásia-Pacífico.

Ásia em crescimento

A Ásia-Pacífico ultrapassou a América do Norte para se tornar a região com maior número de HNWI, com 4,69 milhões. As duas regiões já antes tinham trocado de posições, mas o relatório afirma que o crescimento da região Ásia-Pacífico é agora uma mudança mais estrutural que no passado. Isto significa que é mais provável que esta região venha a manter a sua liderança sobre os EUA, e é também expectável que, até ao final do ano, a Ásia-Pacífico ultrapasse a América do Norte no valor da riqueza total.

Em 2014, a riqueza dos HNWI da Ásia-Pacífico expandiu-se mais devagar que os da América do Norte (6,7% contra 7,2%). Estas foram as segundas taxas de crescimento mais lentas dos últimos cinco anos. Estas regiões foram as únicas que ultrapassaram a velocidade das taxas de crescimento anual a cinco anos (2009 a 2014) das fortunas dos mais ricos.

Curiosamente, a Índia foi o mercado que cresceu mais rapidamente em 2014, expandindo-se 26% e subindo cinco posições na classificação global, posicionando-se agora no 11º lugar do ranking.

Os Ultra-HNWI

O 1% dos 1% representa agora 35% da riqueza possuída pelas pessoas mais ricas. A riqueza cresceu de forma ainda mais concentrada que no ano anterior. Apenas duas nações, EUA e China, ajudaram a empurrar mais de metade do crescimento da população global de HNWI; os 10 mercados seguintes registaram uma expansão inferior à média global.

Possivelmente, o dado mais significativo relativo à riqueza global é a previsão para o futuro: a riqueza dos mais ricos irá aumentar 7,7% por ano até atingir os 70 biliões de dólares em 2017.

Investimentos

A notícia mais significativa é, possivelmente, a de que os ricos têm agora mais capital investido em ações do que em qualquer outra classe de bens. O relatório aponta que “as alocações de títulos ultrapassaram ligeiramente o dinheiro, enquanto bem dominante” nos portefólios dos mais ricos. Os ricos do Japão e da América do Sul foram aqueles que mais aumentaram as suas posses de ações. É de notar, contudo, que isto é baseado em inquéritos e não em dados concretos de portefólios.

É interessante considerar que apesar do forte aumento na quantidade de títulos – especialmente nos EUA desde 2009 e na China desde 2014 – o dinheiro “vivo” ainda era o bem dominante no ano passado. Resta saber se o aumento no número de participações resultou de uma maior alocação nas ações ou se através da sua valorização. Nós suspeitamos que tenha sido a segunda.

A quantidade desproporcional de dinheiro “vivo” é também intrigante. As duas explicações mais comuns para possuir tanto dinheiro, segundo os inquiridos, foram: como recurso em caso de volatilidade do mercado; ou devido às necessidades do estilo de vida. Isto sugere que apesar das cicatrizes da crise financeira ainda não terem desaparecido, a disposição dos ricos para gastar dinheiro em bens de luxos mantém-se.

Finalmente, o impacto desproporcional dos 1% é algo a ter em mente. Se quiser compreender melhor tudo o que se está a passar – desde políticas até ao investimento, passando pela economia – olhe para os investidores mais ricos. O que eles fazem pode dizer-nos muito acerca da direção para onde vamos.

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