Aprenda a aprender
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Saiba como James Altusher, famoso investidor, blogger e empresário, aborda a aprendizagem de qualquer nova habilidade.

Uma vez por semana, jogo ténis com a minha filha de treze anos, e esmago-a até que comece a chorar. Agora, sinto que me resta apenas mais um ou dois anos. Depois, ela vai destruir-me e rir-se de mim. Por isso deem-me esta oportunidade. Às vezes, bato a bola com a maior força possível, de forma a que ela não consiga lá chegar com as suas pernas minúsculas. Outras vezes, aponto diretamente para ela, para que a bola lhe acerte ou então ela se desvie do caminho. Às vezes ela grita “Odeio ténis!”, e depois começa a chorar. Não sei porquê, mas quando chega a esse ponto, eu fico feliz. Porque depois posso confortá-la. Às vezes as pessoas dizem-me “deixa a miúda ganhar de vez em quando.” Eu não gosto de fazer isso. Eu conseguia perceber quando o meu pai me fazia isso. E então atirava-lhe com a raquete. Ou então atirava com as peças de xadrez para fora do tabuleiro. Nessa altura tinha 21 anos. Existem duas formas de aprender: passivamente ou agressivamente. Passividade é quando estudamos os nossos erros, lemos a história do que estamos a aprender, travamos conhecimento com outras pessoas, encontramos a nossa “tribo”, encontramos um mentor, etc. Agressão é quando estamos mesmo no centro. Estamos enterrados e a bola vem direito a nós: o que fazemos? Passividade está na nossa cabeça; agressividade é reparar numa coisa e reagir. A nossa cabeça é importante. Mas é a ação que cria os heróis. Uma vez fui lançado para o meio de um projeto de software que valia vários milhões de dólares. Estávamos a programar uma experiência de “tv interativa” da Time Warner em Orlando. Hoje em dia, as pessoas apenas têm de ligar a sua Apple TV e começar o streaming. Imaginem que esta experiência foi a primeira versão dessa funcionalidade. Eu não fazia ideia do que estava a fazer, e tinha de aprender depressa ou era despedido. Do alto da minha arrogância, sugeri ao meu chefe que a Time Warner devia utilizar a internet para transmitir vídeo para as casas dos clientes. Estávamos em 1994. O meu chefe respondeu: “James! A internet é boa para os estudantes. Mas estes tipos do cabo sabem o que estão a fazer. Acredita que sabem melhor que tu.” Então tive que aprender todas estas técnicas de programação muito depressa (ou seria despedido), que se revelaram úteis durante muitos anos. Noutra vez, era eu presidente de uma empresa que estava prestes a falhar os seus pagamentos. Eu acordava a meio da noite a fazer contas para ver se conseguíamos. Se podíamos sobreviver. Se eu conseguia sobreviver. Eu nunca tinha vendido nada na vida. Tive de aprender muito depressa a ser um vendedor, caso contrário não conseguiríamos pagar aos nossos empregados. Não sei se fiz um bom trabalho. Mas tive de aprender muito depressa, de forma a que pelo menos não fosse muito mau. Ainda estou a aprender. Nos últimos 30 anos em que dei formação às pessoas, e enquanto também aprendia sob pressão, descobriu quatro técnicas agressivas para aprender algo muito depressa.

A técnica "Bruce Lee"

Bruce Lee afirmou: “Eu não tenho medo de um homem que praticou 10 mil pontapés. Eu tenho medo de um homem que praticou um pontapé 10 mil vezes.” A Mollie tinha dificuldades com a sua resposta de “backhand” ao serviço. Por isso comprei 200 bolas de ténis e pedi-lhe para se colocar no lado esquerdo do campo. E então servi 200 vezes para o seu lado esquerdo. Sem parar. Não jogávamos as bolas. Assim que ela respondia ao serviço, eu servia novamente. Talvez com um mais de força, e com mais efeito. Ela acertou uns 5%, e depois começou a chorar. “Eu sou horrível!”, dizia. “Não te preocupes”, respondi-lhe eu. “O teu cérebro aprendeu hoje, mas o teu corpo aprende enquanto estiveres a dormir.” Então ontem treinámos outra vez. Desta vez, ela acertou cerca de 60% das bolas. Passou o tempo a sorrir. “Já estou melhor!”, disse. “Não te preocupes”, respondi-lhe eu. Mas também lhe disse o seguinte:

“Também vais piorar. Não fiques triste quando falhares e contente quando acertares. Ambas as coisas vão acontecer frequentemente com a tua progressão.”

Se apenas tivéssemos jogado normalmente, ela nunca teria ganho experiência suficiente para responder ao serviço em “backhand”. Agora ela está a aprender o que precisa. Quando estava a aprender xadrez, o meu instrutor punha no tabuleiro dois peões e uma torre contra a sua torre, e eu tinha de o vencer. Depois colocava os dois peões noutra parte do tabuleiro. E depois noutra parte. Durante quatro horas, jogávamos apenas dois peões e uma torre contra uma torre. Será que aprendi a ganhar com uma torre e dois peões? Talvez. Mas também aprendi um pouco mais sobre as melhores técnicas para a torre. Ou que peões poderão ser mais importantes que os outros. Ou o poder do rei quando o tabuleiro tem poucas peças. Ou o poder do meu cérebro para calcular algumas jogadas de avanço quando o tabuleiro tem poucas peças. Os raios de sol não nos atingem apenas a nós. Quando abrimos a persiana, os raios de sol batem em toda a casa. Quando abrimos a janela da aprendizagem, não aprendemos apenas as coisas específicas que estamos a tentar ver. Começamos a ver tudo o que está agora iluminado. Agora que o sol está a entrar. Quando deixei a Mollie em casa, ela disse: “Diverti-me!” E depois disse, “Gosto muito de ti, pai”.

Muitas pessoas escrevem-me e dizem “não consigo lembrar-me de nada do que li num livro.” Isso é natural. Tem de o ler. E depois ensiná-lo a outra pessoa. E depois, no dia seguinte, ensiná-lo a outra pessoa. Essa é a única forma de aprender aquilo que está no livro. Após ter servido mais 200 vezes para a Mollie, ontem, não me interessa se ela aprendeu ou não. (“Gosto muito de ti, pai”). Só sei é que quando tínhamos terminado, eu tinha aprendido a servir melhor.

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