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A alteração da taxa de câmbio do yuan aliada ao abrandamento do crescimento da China estão a criar uma nova maré económica que é má para uns e boa para outros.

Os perdedores

1. Burberry

O grupo de moda de luxo britânico faz 40% das suas vendas junto dos consumidores chineses, incluindo os que se encontram a viajar pelo estrangeiro. As ações da Burberry caíram cerca de 8% em dois dias em antecipação ao aumento de preços para os clientes chineses que vai resultar num menos número de vendas.

2. Swatch

Um terço das vendas da fabricante de relógios suíça encontra-se na China continental. No entanto, embora os preços da marca tenham caído desde a depreciação da moeda chinesa que começou na terça-feira, a empresa suíça disse que até pode ser positivo para eles. “Vai estimular a economia chinesa, o que irá criar mais consumo”, contou a Swatch à Reuters.

3. BMW

A China é o maior mercado automóvel do mundo, por isso, todas as empresas que exportam para lá veem o seu número de vendas a baixar, pois o preço dos seus veículos naquele país aumenta. A BMW (XETRA: BMW) é uma delas. As vendas da fabricante de automóveis alemã já tinham tido resultados baixos em julho quando as vendas dos seus BMW, Mini e Rolls.Royce estavam todas em baixo.

4. Linhas aéreas chinesas

As ações da China Southern Airlines e da China Estern Airlines sofreram na terça-feira as suas maiores quedas desde a altura dos ataques terroristas do 11 de setembro – a queda foi de aproximadamente 18%. A Bloomberg citou o relatório anual da China Southern’s Airlines, que dizia que cada queda de 1% no valor do yuan significava uma queda de 767 mil yuans (€108 mil) nos lucros.

5. Coreia do Sul, Malásia e Taiwan

Segundo David Rees, economista de mercados sénior na Capital Economics, estes países exportam o equivalente a 8% ou mais do seu PIB para a China. O que os deixa completamente expostos a qualquer abrandamento que ocorra no seu enorme vizinho. Rees afirma que as suas moedas foram depreciadas para cerca de 2% em relação ao dólar e as bolsas de valores sofreram uma queda de um valor semelhante nos últimos dois dias.

Os vencedores

1. Compradores de casas britânicos e americanos

O Banco de Reserva Federal dos EUA e o Banco de Inglaterra têm estado em discussão sobre o aumento iminente das taxas de juro, contudo a decisão tomada pelas autoridades chinesas pode atrasar as suas decisões – o que para os compradores de casas com hipotecas são ótimas notícias. “A desinflação que emana da China pode incentivar o mercado a reconsiderar a rapidez com que os bancos centrais mundiais vão mudar as orientações políticas mais incertas”, responderam os analistas da UBS.

2. Consumidores fora da China

“Os investidores devem preparar-se para um maremoto de deflação na China”, disse Albert Edwards na Societe Generale. Estas podem ser boas notícias para os compradores fora da China. Tudo o que seja fabricado na China – sejam sapatos, roupas, equipamentos de informática ou brinquedos – podem ficar mais baratos.

3. Condutores de automóveis

Os preços do petróleo, tal como calculados pelo Petróleo bruto dos EUA, caíram até ao seu nível mais baixo desde há seis anos, entre expectativas de que os movimentos da moeda são resultado do abrandamento da economia chinesa que vai reduzir a procura de petróleo no país. A China é o segundo maior consumidor de petróleo do mundo a seguir aos EUA. Os condutores de automóveis é que poderão beneficiar com esta situação, caso as quedas do preço passem para as bombas.

4. Lenovo

A empresa fabricante de computadores chinesa vai beneficiar de um aumento de 5% dos rendimentos com cada depreciação de 2% da moeda chinesa, de acordo com os analistas do HSBC. Tal acontece porque os seus custos são maioritariamente na China. “A Lenovo localizou a sua cadeia de abastecimento na China”, dizem os analistas do HSBC.

5. Fabricantes de têxteis

“Os exportadores deverão beneficiar com a moeda chinesa mais enfraquecida”, disseram os analistas do HSBC. Um dos exemplos que dão é a Shenzhou, a empresa chinesa que produz artigos de malha para clientes internacionais como a Nike e a Adidas. Outro exemplo é a Pacific Textiles, que produz tecidos para uma vasta gama de empresas internacionais.

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