Rússia intervém na Síria
TASS/Yuri Smityuk
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O parlamento russo aprovou a atuação das forças armadas russas na Síria. Para já a ação planeada é o apoio exclusivamente aéreo às tropas de Bashar Al-Assad na luta contra o Estado Islâmico.

Aprovação unânime

Hoje, o Conselho da Federação Russa (câmara alta do parlamento russo) aprovou o uso das Forças Armadas russas no estrangeiro. A decisão foi tomada unanimamente durante uma sessão fechada.

O lugar exato para onde serão deslocadas as tropas não foi mencionado. O chefe da administração do Kremlin explicou que este lugar fica na Síria e salientou que a aprovação apenas diz respeito à força aérea.

Mais tarde, o secretário de imprensa do presidente russo Dmitriy Peskov disse que a Rússia será o primeiro país a participar legalmente na operação contra o Estado Islâmico. A realização de tais operações é possível de acordo com uma resolução do Conselho de Segurança da ONU ou seguindo os procedimentos legais internos, acrescentou ele.

Só a pedido de Assad

Na terça-feira, o chefe do Pentágono Ashton Carter ordenou a criação de um canal de troca de informações com a Rússia para abordar conjuntamente os ataques na Síria. Vladimir Putin e Barack Obama chegaram a acordo durante um encontro privado um dia antes, no âmbito da sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas.

Putin não excluia a possibilidade de a Rússia ajudar o presidente sírio Basha al-Assad, se ele assim pedisse. Depois, durante a sessão do Conselho da Federação, o chefe da administração russa Serguei Ivanov informou que Assad solicitou apoio militar.

Na entrevista à CBS e à PBS, na véspera da Assembleia Geral da ONU, Putin disse que os militares russos não iriam interferir no conflito sírio. Dois dias antes ele declarou:

“A Rússia não vai participar em operações militares no território da Síria ou em outros estados. Pelo menos, não estamos a planear nada disso no momento.”

Em meados de Setembro, o ministro dos negócios estrangeiros da Síria Walid Muallem disse que, se fosse necessário, Damasco poderia pedir a Moscovo para enviar os seus militares para participar na luta conjunta contra o terrorismo.

Em resposta Dmitriy Peskov disse que o Kremlin iria considerar a possibilidade de participação dos militares russos nas operações contra o Estado Islâmico na Síria, se recebesse um pedido.

De novo?

Não nos podemos esquecer que em março de 2014, o Conselho da Federação permitiu a Putin usar as Forças Armadas fora do país. A 1 de março, os senadores aprovaram o uso das forças armadas no território ucraniano. Depois foi declarado que os militares tinham sido necessários para garantir a segurança durante o referendo sobre a junção da Criméia à Rússia e também para proteger o povo da península da ameaça por parte da Ucrânia. Esta aprovação foi retirada em Junho de 2014. O gestor de carteiras da sociedade fiduciária April Capital Oleg Popov diz:

“Em março do ano passado, o mercado sofreu um choque, porque todos estavam com medo da reação da NATO e do conflito militar global. Hoje, temos uma situação comparável apenas do ponto de vista de que as Forças Armadas russas serão usadas fora do país. De resto tudo é previsível: obviamente, Putin discutiu a operação na Síria com Obama durante a reunião na ONU.”

E os Estados Unidos?

A Embaixada dos EUA na Rússia já reagiu à aprovação do Conselho da Federação do uso dos militares na Síria para combater o Estado Islâmico.

Os diplomatas falam sobre os interesses em comum da Rússia e dos EUA no combate a islamistas, mas consideram Assad um parceiro impróprio para esses fins.

O secretário de imprensa da embaixada William Stevens disse que o presidente da Rússia Vladimir Putin e o presidente dos Estados Unidos Barack Obama concordaram em criar um canal de troca de informações entre os militares, com o intuíto de evitar a incompreensão que pode surgir entre as subdivisões russas e a coligação.

Ao mesmo tempo, o responsável por assuntos russos do Pentágono Evelyn Farkas foi demitido, escreve a revista norte-americana “Politico”.

Por sua vez, o Financial Times afirma que as ações de Putin na Síria devolveram-lhe a fama de um participante importante na arena internacional, que foi perdida por causa da isolação da Rússia na sequência do conflito na Ucrânia:

“Não obstante a posição dos EUA em relação às intenções de Vladimir Putin, ele tornou-se uma figura que o Washington não pode ignorar.”

Objetivo claro

Uma fonte próxima do Kremlin informa que o principal objetivo militar da operação realizada pela Rússia é causar na infraestrutura militar do Estado Islâmico danos irreversíveis: “É preciso debilitar as forças terroristas”.

Para isso, os ataques não serão concentrados nos combatentes inimigos, mas antes em armazéns de armas, munições, petróleo, combustível e lubrificantes. A tarefa será considerada como realizada quando o poder militar do Estado Islâmico for debilitado significativamente.

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