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O autor Gustavo Tanaka deixa a sua visão sobre como características fundamentais da nossa sociedade estão a ser alteradas, dando lugar uma nova e emocionante realidade.

Há uns meses atrás, libertei-me da sociedade, de vínculos que tinha e do medo que me prendia ao sistema. E desde aí comecei a ver o mundo de uma perspetiva diferente. Adotei a perspetiva de que tudo está a mudar e que a maioria de nós nem repara.

Porque é que o mundo está a mudar? Neste artigo enuncio as razões que me levam a acreditar nisto.

1. Já ninguém suporta o modelo de emprego

Estão todos a chegar ao seu limite. As pessoas que trabalham em grandes empresas já não conseguem lidar com os seus postos de trabalho. A falta de objetivos começa a bater à porta de cada um como um grito desesperado vindo diretamente do coração.

As pessoas querem fugir. Querem deixar tudo para trás. Vejam a quantidade de pessoas a tentarem tornar-se empreendedoras, a meterem licenças sabáticas, depressivas nos seus trabalhos, ou com esgotamentos.

2. O modelo do empreendedorismo também está a mudar

Há uns anos atrás, quando se deu a explosão das startup, milhares de empreendedores correram para as suas garagens para criar as suas ideias de milhares de milhões de dólares. A glória era conseguir financiamento de um investidor. Ter o dinheiro dos investidores nas mãos era quase como ganhar o Campeonato do Mundo.

Mas o que acontece depois de se ser financiado?

Torna-se novamente num empregado. Fica com pessoas que não estão em sincronia com o seu sonho, que não dão um braço que seja a torcer pela sua causa e tudo se transforma em dinheiro. Os retornos financeiros começam a ser o principal condutor. Muitas pessoas estão a sofrer com isto. Startups que começaram como sendo uma ideia brilhante começam a cair porque o modelo de caça ao dinheiro nunca acaba.

Precisamos de um novo modelo de empreendedorismo. E já existem muitas boas pessoas a fazer isso mesmo.

3. A ascensão da colaboração

Muitas pessoas já se aperceberam que não faz sentido nenhum seguir sozinho. Muita gente acorda com esta mentalidade doida de “seguir o seu próprio caminho”.

Pare, volte atrás e pense. Não acha absurdo que nós, sendo 7 mil milhões de pessoas a habitar no mesmo planeta, sejamos assim tão separados uns dos outros? Que sentido é que faz você e os milhares (ou milhões) de pessoas a viver na mesma cidade virarem as costas uns aos outros? Sempre que me ponho a pensar nisso até fico um pouco depressivo.

Mas felizmente, as coisas estão a mudar. Todos os movimentos de partilha e de consumo colaborativo apontam para essa direção. A ascensão da colaboração, da partilha, do dar as mãos, da união.

4. Estamos finalmente a perceber o que é a Internet

A Internet é algo incrivelmente espetacular e só agora, ao fim de tantos anos, é que estamos a compreender o seu poder. Com a Internet, o mundo abre-se, as barreiras caiem, termina a separação, começa a união, a colaboração surge de todos os lados, a ajuda emerge. Algumas nações fizeram revoluções com a Internet, como foi exemplo a Primavera Árabe. No Brasil, estamos a começar a utilizar melhor esta magnífica ferramenta.

A Internet está a derrubar o controlo de massas. Acabou-se a televisão ou alguns jornais a passarem notícias que eles querem que fiquemos a saber. Pode ir atrás do que quiser. Pode relacionar-se com quem quiser. Pode explorar o que quiser, quando quiser.

Com a Internet, o pequenino começa a ganhar voz. O anónimo torna-se conhecido. O mundo fica mais unido. E o sistema começa a cair.

5. A queda do consumo exagerado

Durante vários anos, fomos manipulados, estimulados a consumir que nem maníacos. A comprar tudo o que surgia no mercado. A ter o carro mais recente, o último iPhone, as melhores marcas, montes de roupa, montes de sapatos, montes de montes, montes de tudo.

No entanto, muitas pessoas já começaram a entender que isso não faz sentido nenhum. Movimentos como o “lowsumerism” (trocadilho com o termo inglês “consumerism” que significa menos consumo), o “slow life” (ou seja, um estilo de vida mais calmo), o “slow food” (o contrário de “fast-food”), começaram a mostrar-nos que temos estado a organizar-nos da maneira mais absurda possível.

Há cada vez mais pessoas a utilizar carros, menos pessoas a comprarem demasiado, mais pessoas a trocarem peças de roupa, a doar, a comprar coisas velhas, a partilhar bens, a partilhar carros, apartamentos, escritórios.

Não precisamos de nada daquilo que nos têm dito desde sempre que precisávamos. E este tipo de consciência pode derrubar qualquer empresa que dependa do consumo exagerado.

6. Alimentação saudável e orgânica

Estávamos tão loucos que aceitávamos comer qualquer tipo de porcaria. Tudo o que era preciso era que soubesse bem. Estávamos tão desligados que os tipos começaram a pôr veneno nos nossos alimentos e nós não dizíamos nada. Mas um dia, alguém começou a acordar para a vida e a dar força a movimentos de alimentação saudável e de consumo orgânico. E isto é algo que vai dar pano para mangas.

Mas o que é que isso tem a ver com a economia e o trabalho? Tem tudo! A produção de alimentos é a base da nossa sociedade. A indústria alimentar é uma das mais importantes do mundo. Se a mentalidade mudar, então os nossos hábitos alimentares vão mudar, e os consumos mudam, e por fim as grandes empresas serão forçadas a seguir estas mudanças.

7. O despertar da espiritualidade

Quantos amigos seus praticam ioga? E meditação? Quantos deles é que o faziam há 10 anos atrás?

Durante muitos anos a espiritualidade era algo exclusivo das pessoas ligadas ao exoterismo. Àquelas pessoas estranhas do misticismo.

Mas felizmente, este tipo de mentalidade também está a mudar. Chegámos ao limite da nossa racionalidade. Conseguimos finalmente perceber que não podemos compreender totalmente tudo o que nos rodeia só com a racionalidade. Há muito mais a acontecer e eu sei que deseja compreendê-las. Deseja compreender como as coisas funcionam aqui. Como a vida funciona, o que acontece depois da morte, o que é esta coisa da energia que as pessoas tanto falam, o que é a física quântica, como é que os pensamentos se podem tornar coisas e criar a nossa realidade, o que são coincidências e sincronizações, porque é que a meditação funciona, como é que é possível curar-se com as mãos e essas terapias alternativas que a medicina não aprova, mas que funcionam?

8. Movimentos de “Desescolarização”

Quem é que criou este modelo de ensino? Quem é que escolheu as aulas que temos de ter? Quem é que escolheu as lições que aprendemos nas aulas de História? Porque é que eles não ensinam a verdade sobre outras civilizações antigas? Porque é que as crianças devem obedecer a regras? Porque é que devem observar tudo em silêncio? Porque é que devem usar uniforme? Porque é que é preciso fazer-se um teste para se provar que se aprendeu o que foi dado?

Criámos um modelo de seguidores do sistema. Que preparam as pessoas para serem seres humanos comuns. Felizmente que muitas pessoas estão a trabalhar para mudar isso. Movimentos tais como o “Unschooling” ou “Desescolarização”, o “Hackschooling” ou o “Homeschooling” (aulas em casa).

Talvez nunca tenha pensado nisto e fique chocado com os pontos que vou enumerar aqui. Mas todas estas coisas estão a acontecer. Aos poucos, as pessoas estão a acordar e a aperceber-se da loucura que é viver nesta sociedade.

Olhe para todos estes movimentos e tente pensar que tudo é normal. Eu não acho que seja. Há alguma coisa de extraordinário a acontecer.

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