Porquê o Mali
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Conheça as circunstâncias específicas do país de modo a perceber o que fez com que se tornasse vítima de mais um ataque terrorista.

Dados gerais

Com uma área de 1.240.000 km², o Mali é o sétimo maior país de África. Sem saída para o mar, faz fronteira a norte com a Argélia, a leste com o Níger, a oeste com a Mauritânia e o Senegal e a sul com a Costa do Marfim, Guiné e Burquina Faso. Tem uma população de cerca de 12 milhões de habitantes e a capital é Bamako.

Situação económica

É importante recordar que este país africano foi uma colónia francesa desde os finais do século XIX até 1960, ano em que conquistou a sua independência. Este facto faz com que o francês seja ainda a língua oficial do país. A população, que conta com quase 17 milhões de pessoas, é maioritariamente composta por muçulmanos: segundo dados de 2009, 94.8% das pessoas pertenciam a esta religião seguidos por 2.4% de cristãos. Com uma economia dependente quase exclusivamente das minas de ouro e de exportações agrícolas, o Mali está entre os 25 países mais pobres do mundo.

Situação política nos últimos anos

Desde 2012, depois da rebelião do grupo tuaregue contra o governo do Mali, a instabilidade tomou conta do país. Tal como aconteceu em vários países do Norte de África e do Médio Oriente, essa instabilidade abriu espaço à entrada e estabelecimento de grupos terroristas e de rebeldes que controlam partes do território do país africano.

Estes grupos armados, alguns presumivelmente ligados à al-Qaeda, aproveitaram o rescaldo do golpe de estado dos tuareges e o norte do Mali passou a partir daí a ser um centro de conflitos e atentados.

Os próprios tuaregues, num primeiro momento, juntaram-se aos grupos apoiados pela al-Qaeda do Magrebe Islâmico, como o Ansar Dine, o Mujao (braço da al-Qaeda em África) ou os nigerianos do Boko Haram (aliados do autodenominado Estado Islâmico).

No entanto, em 2012, esta aliança terminou e estalou um outro conflito, entre os tuaregues e os outros grupos. Os islamitas consolidaram o controlo e expulsaram os responsáveis do golpe de estado, deixando a região nas mãos das organizações terroristas.

História de ataques terroristas

Infelizmente, os ataques terroristas neste país ocorrem regularmente, e o ataque de hoje não é uma exceção: os terroristas já recorreram a este tipo de atentado, atacando um restaurante de luxo e um hotel numa cidade no norte do país.

À luz dos recentes acontecimentos, é importante notar que nas operações de contraterrorismo no Mali participam as Forças Armadas da França.

  • Em janeiro de 2013, a França lançou uma intervenção militar no país legitimada pelo Conselho de Segurança da ONU com o objetivo de travar o avanço da ameaça à estabilidade e soberania do país. A intenção era libertar o norte. O ministro da defesa francês chegou a afirmar, mais tarde, que a operação estava terminada e a missão cumprida. Foi até assinado um acordo de paz entre tuaregues e o governo nesse mesmo ano de 2013 mediado pela ONU. Mas a paz nunca chegou. A França reorganizou as forças e permaneceu no território. Os atentados terroristas passaram a fazer parte do quotidiano do país. E as respostas francesas também.
  • O grupo islâmico do Norte da África "Al-Murabitun" reivindicou o ataque no restaurante na capital do Mali na noite de 7 de março de 2015. O grupo afirmou que o atentado foi realizado como represália da publicação das caricaturas do profeta Maomé pelo jornal Charlie Hebdo. As vítimas foram cinco pessoas, nomeadamente três malaios e dois europeus da Bélgica e da França.
  • Em agosto deste ano os combatentes atacaram um hotel numa pequena cidade malaia de Sevara onde muitas vezes ficavam estrangeiros. As vítimas do ataque foram 13 pessoas, incluindo funcionários da ONU.
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