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A crescente ameaça do Estado Islâmico no país está a suscitar reações muito comedidas por parte das potências europeias.

Os governos europeus manifestaram pouca disposição para abrir uma nova frente na guerra contra o Estado Islâmico depois de um ataque terrorista ter abalado a Líbia, trazendo o avanço extremista mais próximo das costas europeias.

A França e o Reino Unido, os líderes da campanha da NATO que depuseram Muammar Qaddafi na Líbia em 2011 e estão atualmente a bombardear redutos do Estado Islâmico na Síria e no Iraque, disseram que a prioridade é conseguir um governo eficaz na Líbia.

Os líderes europeus estão a planear a enviar provisoriamente tropas de manutenção da paz para apoiar um futuro governo, o fruto de um acordo de partilha do poder em dezembro entre dois delegados de regimes rivais em lados opostos do Estado rico em petróleo. O tratado foi criado para funcionar dentro de uma ou duas semanas.

Arturo Varvelli, um analista no Instituto da Política Internacional com base em Milão, disse:

"O cenário mais provável é que será um governo líbio que vai intervir com apoio de uma coligação estrangeira. Ninguém quer pôr seus pés no terreno, então qualquer coligação será limitada a pequenas unidades de treino e algumas forças especiais, pois há lá demasiada anarquia."

A guerra aérea da Organização do Tratado do Atlântico Norte tirou uma lição naquilo que pode dar errado. A operação da NATO revelou limitações militares e políticas da Europa - exceto a Alemanha - e fez com que a Líbia passasse de um estado ditatorial para um estado sem governo.

Patrulhas marítimas

As marinhas europeias estão a patrulhar o centro do Mar Mediterrâneo para interceptar traficantes de pessoas que operam a partir da Líbia, mas podem não estar dispostos a interferir no solo líbio nas condições da ausência de um governo viável.

A urgência de implementar o acordo do mês passado foi destacada pela explosão nesta quinta-feira que ocorreu no centro de formação da polícia na cidade ocidental de Zliten que matou pelo menos 50 recrutas, o ataque mais mortífero de sempre no país. Apesar de ninguém ter assumido a responsabilidade, a especulação focou-se na área líbia do Estado Islâmico que bombardeou o maior porto petrolífero do país no início desta semana.

As autoridades europeias renovaram apelos para uma administração conjunta, com o Ministro das Relações Exteriores da Alemanha Frank-Walter Steinmeier a dizer "como é importante e urgente para todos os líbios juntar forças contra o cancro de terror."

Negociações na Tunísia

O apoio europeu para o governo nascente está na agenda desta sexta-feira durante a reunião da chefe da polícia externa da UE Federica Mogherini e membros do Conselho de Presidência da Líbia na Tunísia. A França que tentou reunir uma aliança militar depois dos ataques terroristas em novembro naquilo ao que o Presidente François Hollande chamou uma "guerra" contra o Estado Islâmico, enviou o porta-aviões nuclear Charles de Gaulle para o leste do Mar Mediterrânio como plataforma de lançamento de ataques às sedes do grupo na Síria. A caminho para lá, a partir do porta-aviões foram realizados voos de reconhecimento sobre a Líbia.

A França também enfatizou que "todas as partes líbias deveriam formar rapidamente um governo de unidade nacional que seria o parceiro da comunidade internacional contra o terrorismo," disse Romain Nadal, o porta-voz do Ministro dos Negócios Estrangeiros.

Potência colonial italiana

O facto de a Itália ficar perto da Líbia, juntamento com o seu estatuto como a antiga potência colonial da Líbia, coloca o governo do primeiro-ministro Matteo Renzi na linha de frente da resposta da Europa ao desenvolvimento a apenas algumas centenas de quilómetros através do Mediterrâneo. A produtora de petróleo italiana Eni SpA é o maior investidor na Líbia.

No mês passado, Renzi disse que seria "crucial que a Líbia fosse considerada o pivô da política no Mediterrâneo, e se um país onde a Itália vai desempenhar um papel significativo, só pode ser a Líbia."

Em relação à hipótese de a Itália a liderar uma coligação militar, o Ministro dos Negócios Estrangeiros Paolo Geniloni disse que a primeira resposta à ameaça terrorista deve ser a unidade política na Líbia.

"Por isso, é urgente que o acordo recém-assinado seja implementado," declarou ele, permitindo ao novo governo "concentrar-se na luta comum contra o terrorismo e na reconstrução e pacificação do país."

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