Ataques em Colónia provocam protestos contra Merkel
REUTERS/Wolfgang Rattay
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Os ataques de cariz sexual em Colónia estão a fazer com que a política de portas abertas da chanceler alemã cause descontentamento na Alemanha e no estrangeiro.

Os assaltos e ofensas sexuais alegadamente realizados por migrantes na noite de Ano Novo na Alemanha criaram o maior desafio para a chanceler Angela Merkel desde que ela abriu as fronteiras do seu país aos refugiados no verão passado.

No domingo, as autoridades alemãs revelaram que um homem que, segundo as autoridades francesas, é um dos participantes do ataque a um edifício público em Paris inspirado pelo Estado Islâmico, está a morar num abrigo de refugiados na Alemanha. Este facto provocou mais uma explosão de debates sobre a eventual ameaça à segurança relacionada com a chegada de mais de um milhão de requerentes de asilo durante o ano passado.

Entretanto, um número crescente de pessoas, na sua maioria mulheres, relataram terem sido roubadas e sexualmente agredidas na noite do Ano Novo por uma multidão de pessoas de origem norte-africana ou árabe.

Em Colónia, onde a maioria dos assaltos foi relatada, a polícia diz que 516 queixas foram entregues até ao domingo - 40% de ofensas sexuais, incluindo pelo menos duas alegações de estupro - e que muitos dos atacantes suspeitos eram migrantes.

Os assaltos e novas evidências de outros riscos de segurança relacionados com migrantes traz novas dificuldades para os esforços de Merkel de manter a sua política de portas abertas e fazer com que outros países da União Europeia deem uma resposta comum à crise dos migrantes. A chanceler - o líder político mais influente da Europa Ocidental - avisou que sem uma estratégia unida, o famoso princípio da UE das fronteiras internas abertas irá terminar.

Na Alemanha e no estrangeiro, os políticos céticos face à política de resposta aos migrantes de Merkel apontam para os assaltos como um ponto de viragem, dizendo que estes acontecimentos confirmam as suas preocupações de um choque cultural violento que resulta da migração em massa.

A chanceler alemã reagiu à indignação pública sobre os assaltos com aquilo que se tornou na sua estratégia marcante ao longo de 10 anos no poder: ela tentou influenciar o humor das pessoas sem mudar o curso.

Ela usou uma linguagem dura após uma reunião de altos funcionários no sábado, comprometendo-se a deportar migrantes condenados pelo crimes. Mas ela não deu nenhum sinal de que iria se afastar da sua recusa de limitar o número de refugiados que a Alemanha recebe ou da sua insistência de que a Europa deva chegar a uma solução unida para a crise.

Merkel descreveu os assaltos da véspera de Ano Novo como "ofensas repugnantes, criminosas" que requerem uma resposta decisiva. "Quando se cometem crimes, as pessoas infringem as leis, deve haver consequências para os pedidos de asilo," disse ela.

Não é certo se a resposta será suficiente para acabar com as preocupações das pessoas. Segundo uma sondagem divulgada no domingo pelo tablóide Bild, 49% dos alemães têm medo de uma repetição dos acontecimentos em Colónia nas suas cidades natais. Assaltos semelhantes aos da noite de Ano Novo foram relatados numa escala menor nas cidades de Hamburgo e Estugarda.

As autoridades, que descreveram a violência em Colónia como não tendo precedentes no país, também afirmaram que muitos dos suspeitos potenciais pediram asilo na Alemanha ou estavam no país ilegalmente. O chefe da polícia de Colónia foi forçado a sair na sexta-feira por entre críticas de que a polícia não tenha prevenido os ataques e a sua hesitação visível de reconhecer que os atacantes poderiam ser requerentes de asilo. O chefe da polícia, Wolfgang Albers, recusou ter tentado cobrir a origem dos atacantes.

Do outro lado do estação ferroviária, no sábado, uma manifestação efetuada pelo movimento alemão anti-migratório Pegida atraiu cerca de 1.700 pessoas, de acordo com os dados da polícia da cidade. Pelo visto, muitos deles eram homens. Uma bandeira grande tinha um jogo de palavras com a expressão inglesa "Refugees Welcome" ("Refugiados são bem-vindos") que se tornou popular na Alemanha nos últimos meses: "Rapefugees Not Welcome" (Refugiados violadores não são bem-vindos).

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