9 perguntas temíveis de entrevistas de emprego
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Pedimos a 10 CEO que partilhassem connosco a pergunta mais difícil que costumam colocar em entrevistas a potenciais novos colaboradores.

Onde é que se vê em cinco anos? Conte-me uma situação em que tenha mostrado capacidade de liderança. Qual a sua maior fraqueza?

Estas são as perguntas padrão que os candidatos a emprego encaram durante as entrevistas. Entretanto, naturalmente, já toda a gente conhece as respostas padrão (“A minha maior fraqueza? Trabalho bastante”).

Assim que sobe degraus mais altos na escada corporativa é improvável que venha a encarar essas perguntas banais. Para posições de liderança são as competências sociais que importam. A Quartz falou com 10 CEO e outros executivos sénior quanto às suas técnicas em entrevistas e à pergunta mais difícil que gostam de colocar a candidatos a emprego. As suas abordagens variam mas são todas concebidas para testar a mentalidade do indivíduo.

Um currículo impecável não irá ajudá-lo. Considere-se avisado.

1. “Prefere ser respeitado ou temido?”

Michael Gregoire, CEO da CA Technologies, uma empresa de software de gestão para serviços de TI, admite que a sua pergunta favorita numa entrevista é um pouco maquiavélica. Nunca deixa de apanhar as pessoas desprevenidas e “revela realmente o que pensam sobre o seu estilo de liderança.”

Em teoria não existe uma resposta certa mas na prática o cargo para que estão a entrevistar determina para que lado o CEO se inclina. Num ambiente colaborativo é melhor ser respeitado do que temido; numa unidade de negócios a passar por tempos difíceis a vara pode ser mais útil do que a cenoura.

2. “Porque é que está aqui hoje?”

É uma pergunta incrivelmente aberta mas quando a coloca numa entrevista Gordon Wilson, CEO da Travelport – empresa de software listada no Nasdaq e sediada em Londres – procura uma resposta muito específica.

“Surpreende-me o número de vezes em que as pessoas falam sobre o benefício do trabalho do seu ponto de vista versus o benefício que irão oferecer à empresa.” – Afirma Wilson. Tal permite-lhe avaliar se o candidato se vai juntar à equipa ou se é “tudo sobre mim”.

Presumivelmente procura um empate entre os benefícios para a empresa e para o indivíduo? “Pelo menos!” – Afirma. “Eu quero 75-25: se você beneficiar a empresa a parte pessoal virá.”

3. “Qual o seu maior sonho?”

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Frame China/Shutterstock.com

O trabalho de casa pode ser longo antes de uma entrevista de trabalho. Isso aplica-se quando se enfrenta Zhang Xin, cofundadora e CEO da SOHO China, uma construtora.

Quando coloca a sua questão preferida numa entrevista os candidatos devem saber – dado o seu background – que nenhuma resposta é demasiado ambiciosa. Afinal, a multimilionária construiu o seu império a partir do zero, poupando dinheiro do trabalho numa sinistra fábrica de roupas em Hong Kong para pagar os estudos no Reino Unido – o que a levou a começar aquilo que rapidamente se tornou na maior construtora de escritórios da China.

Escusado será dizer que quando Zhang afirma que se sente atraída por pessoas com “espírito livre” está a ser sincera.

4. “Pergunto como é que foram tratados.”

Não os candidatos – mas as pessoas que terão encontrado os candidatos a caminho de uma entrevista com Rick Goings, CEO da Tupperware, pioneira em vendas diretas.

“Falo com o motorista que os levou ao aeroporto, com a minha assistente, com o rececionista que os acolheu. Pergunto como foram tratados. Assim você percebe como é que esta pessoa age.” – Afirma Goings.

Goings procura perceber as “habilidades não-cognitivas” de que os bons líderes precisam para gerir e inspirar equipas. Para este fim irá encontrar-se com candidatos a emprego para lhes colocar questões, claro, mas considera que surge informação igualmente valiosa a partir de outras fontes – que lidaram com os candidatos noutras interações.

5. “Qual a sua propriedade favorita no Monopólio e porquê?”

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yampi/Shutterstock.com

Ken Moelis, fundador e CEO do Moelis & Co, um banco de investimento, gosta de arremessar esta pergunta inesperada aos recém-chegados, com um MBA, para cargos de nível médio.

É uma “excelente forma de perceber como é que as pessoas encaram o risco e os benefícios.” – Afirma.

6. “Conte-me sobre uma situação em que tenha falhado.”

Dissecar falhas do passado é uma obsessão dos CEO que se focam nesse aspeto para procurar resiliência, criatividade e humildade nos candidatos. Uma pessoa que seja capaz de falar abertamente, honestamente e especificamente sobre as suas falhas pessoais é atraente – mas apenas se também conseguir explicar como é “uma melhor pessoa, parceiro, líder e gestor como resultado.” – afirma Roger Crandall, CEO da MassMutual, grupo americano de seguros.

Uma variação sobre este assunto surge com Davide Serra, fundador e CEO da Algebris, um hedge fund sediado em Londres. Assume uma abordagem pessoal semelhante quando pergunta aos candidatos “Qual o maior erro que fez e o que aprendeu com isso?”

Para as empresas de finanças, em particular, o perigo espreita em cada esquina. Nesse sentido os chefes das empresas procuram gestores que não entrarão em pânico quando as coisas correrem mal e que sejam auto-conscientes o suficiente para reconhecer se as suas próprias ações poderão ser a fonte do problema. Respostas vagas, em que os candidatos apenas se descrevem como espetadores de falhas impingidas por forças externas não constroem confiança.

7. “Fale-me de quando tinha sete ou oito ano. O que queria ser?”

Barbara Byrne, vice-presidente do banco de investimento no Barclays, admite não ser uma “entrevistadora técnica”. A partir do momento em que um candidato chega a ter uma entrevista consigo Barbara assume que é um indivíduo inteligente. Mas conseguirão passar o seu “teste do avião”? Ou seja: “Poderia sentar-me ao seu lado num voo de Nova Iorque para Los Angeles e não acabar entediada?”. Os sonhos da infância, segundo Byrne, são um bom início de conversa para um período longo. “Há algumas pessoas que se sintonizam rapidamente.” – Avança Byrne. “Você liga-se à pessoa real”.

8. O teste da lista de vinhos

Passa-se uma história semelhante com Charles Phillips, CEO da Infor, uma empresa de software baseada em Nova Iorque.

“Qualquer um pode fingir durante 45 minutos.” – Afirma.

Em vez de conduzir uma entrevista tradicional para cargos sénior na sua empresa o CEO leva o candidato a jantar com uma mão cheia de outros executivos seniores. “Gosto de ver como é que lidam num ambiente desestruturado.” – Afirma.

Um dos testes chave surge logo no início do jantar: “Dou-lhes a lista de vinhos.”

A pessoa tem de convencer o grupo que sabe muito sobre vinhos, fingir que sabe, escolher a garrafa mais cara ou pedir ajuda. Como escolhem e o quão bem sucedidos são a explicá-lo é uma parte do teste. Além disso:

“Você tem oportunidade de ver como tratam o empregado.” – Nota Phillips. “Adoro isso.”

Outro teste surge no final: “Surpreendemo-los sempre pedindo ‘Conta-me uma anedota’” Tal revela se alguém tem sentido de humor, claro, mas também se consegue pensar numa situação estranha e desconhecida.

9. Das palavras à ação

Falando de descontração: um tenso não se sairá bem à frente de Atul Kunwar, presidente e CTO da Tech Mahindra, uma empresa de outsourcing. Não tem uma pergunta definida para entrevista mas permite que as professas paixões do candidato orientem a conversa.

Os hobbies e interesses do candidato não são forragem para conversa fiada. Quando um candidato a emprego mencionou que era um cantor afinado “Pedi-lhe que cantasse para nós, um painel de executivos sénior.” Relembra Kunwar. A sua avaliação: ele teve o bom senso de o fazer e cantou muito bem. Para mim significou que era apaixonado e capaz de desenvolver habilidades por conta própria. E quando o tempo de crise chegou não nos deixou pendurados. Precisamos de pessoas com esse tipo de crença e paixão.”

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