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O ataque na Turquia pode agravar o conflito na Síria e as relações com os Estados Unidos.

Os líderes da Turquia prometeram retaliar depois de uma bomba que foi detonada num autocarro militar na capital do país ter morto pelo menos 28 pessoas, aumentando o risco de que o país intensifique a sua intervenção na guerra da Síria para atacar grupos culpados do ataque.

Por enquanto ninguém reivindicou o ataque em Ancara que matou tanto soldados quanto civis, e não há sinais de suspeitos, disse o representante do primeiro-ministro Numan Kurtulmus durante uma conferência de imprensa na quarta-feira.

Os recentes ataques na Turquia, incluindo as explosões que mataram 102 pessoas na capital turca em outubro, foram atribuídos ao Estado Islâmico que visou destruir o pessoal do exército.

A Turquia vai "responder de múltiplas formas aos ataques dentro e fora das fronteiras," direcionando os seus esforços contra os agressores "e aquelas forças que os apoiam," disse o Presidente Recep Tayyip Erdogan numa declaração.

Cihan / Barcroft Media

Um risco imediato é que a Turquia possa ser arrastada ainda mais para a guerra na vizinha Síria, e ou mesmo entrar num conflito direto com a Rússia. Erdogan apoia grupos rebeldes que estão a combater para defender Alepo, enquanto o exército do Presidente Bashar al-Assad avança na direção da cidade com o apoio aérea da Rússia.

Pretexto para atacar os curdos

Nos últimos dias, a Turquia bombardeou as forças do grupo sírio curdo PYD, cujas conquistas perto da fronteira turca estão a ajudar o movimento de Assad e da Rússia a cercar rebeldes em Alepo. Os líderes turcos dizem que o grupo é a asa síria do PKK, que a Turquia e os seus aliados, Estados Unidos e União Europeia, consideram uma organização terrorista. Mas os EUA discordam com a Turquia em relação aos curdos sírios, vendo-os como aliados confiáveis contra o Estado Islâmico.

Depois do ataque de quarta-feira, "a Turquia vai entrar na batalha contra o PKK por dentro do país e contra o PYD na Síria," disse Soner Cagaptay, diretor do programa de pesquisa turco no Instituto de Washington.

"Isto vai complicar as relações com Washington ainda mais e empurrar o PYD para se tornar um cliente da Rússia."

No princípio deste mês, depois de um enviado especial dos EUA ter visitado e elogiado os combatentes curdos sírios, Erdogan apelou à administração do Presidente Barack Obama para fazer uma escolha.

Ele perguntou, referindo-se à cidade síria onde as forças curdas impediram um avanço do Estado Islâmico e garantiram ao grupo jihadista uma das suas maiores derrotas:

"Os seus parceiros somos nós ou aqueles terroristas em Kobani?"

"Unir-se contra o terror"

A guerra turca de três décadas com os militantes curdos reacendeu-se novamente no ano passado, depois do processo de paz ter falhado.

Os ganhos recentes dos curdos sírios representam uma ameaça dupla a Erdogan: eles poderiam cortar rotas de abastecimento para os rebeldes apoiados pela Turquia em Alepo, e poderiam também cimentar a auto-administração curda através da fronteira na Síria, e assim estimular aspirações similares entre a minoria curda na Turquia.

O Departamento de Estado dos EUA condenou o recente ataque em Ancara, mas mais cedo na quarta-feira, o representante do primeiro-ministro Numan Kurtulmus disse que estas declarações não são mais suficientes para a Turquia.

"A partir de agora não é mais um assunto que possa ser comentado com expressões simples de condenação," disse ele. "Convidamos toda a comunidade internacional para ficar ao nosso lado em cooperação contra o terror."

O ataque em Ancara ocorreu às cerca 18:30 hora local perto das sedes militares e poderia ser ouvido do parlamento. As fotos da cena mostraram o autocarro deturpado e todas as janelas quebradas. O veículo foi atacado quando parou no sinal vermelho, disseram os militares. Pelo menos 61 pessoas ficaram feridas, disse o Ministro da Saúde Mehmet Muezzinoglu.

O primeiro-ministro Ahmet Davutoglu adiou uma viagem para Bruxelas para levar negociações com a União Europeia sobre os refugiados, e Erdogan cancelou uma visita ao Azerbaijão e convocou uma reunião de segurança de emergência.

Atualização: O primeiro-ministro turco Ahmet Davutoglu informou que um cidadão sírio com vínculos às Unidades de Proteção Popular (YPG) foi identificado como o agressor do ataque em Ancara. O atacante recebeu ajuda dos militantes do proibido Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) na Turquia, disse o primeiro-ministro.

Um cidadão sírio identificado como Salih Necer nascido em 1992, está alegadamente por trás do atentado bombista em Ancara de ontem (17 de fevereiro). Necer nasceu na província síria de Amuda em 1992 e teve ligações com o YPG.

Informa-se também que a personalidade do suspeito foi confirmada pelas impressões digitais. Necer veio para Turquia juntamente com o fluxo dos refugiados. Ele deixou as suas impressões digitais para os controlos fronteiriços, o que permitiu reconhecer o suspeito, cujo corpo foi encontrado no local da explosão.

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