O Estado Islâmico perdeu 22% do seu território na Síria e no Iraque desde o início de 2015 - e também não ficou imune à queda do preço do petróleo a nível global.
O Estado Islâmico perdeu território numa série de derrotas militares na Síria e no Iraque ao longo dos últimos meses – e, de acordo com funcionários dos EUA e de outros países ocidentais, encontra-se sob pressão financeira.
Mas mesmo após os reveses no campo de batalha e a luta para manter os salários e regalias dos seus combatentes, o Estado Islâmico reivindicou os ataques terroristas desta semana em Bruxelas, sugerindo que ainda consegue inspirar, mobilizar e coordenar operações complexas no estrangeiro.
Os militantes perderam alguns pontos de acesso ao longo da fronteira entre a Síria e a Turquia – através dos quais passavam novos recrutas, combatentes estrangeiros e bens para o território do Estado Islâmico. No entanto, uma crítica faixa de cerca de 100 km ao longo dessa fronteira permanece sob o seu controle.
“A maré da guerra está a voltar-se contra o Estado Islâmico.” – Escreveu Columb Strack, analista sénior na IHS, quando a empresa estimou que o grupo extremista tinha perdido 22% do seu território na Síria e Iraque desde o início de 2015.
As últimas grandes vitórias do Estado Islâmico no campo de batalha foram travadas em maio de 2015, quando ocupou Ramadi, a capital da província de Anbar no Iraque, e Palmira, a antiga cidade síria.
Sete meses depois as forças iraquianas voltaram a tomar Ramadi, no final de dezembro. Em novembro, as forças curdas iraquianas retomaram a cidade de Sinjar, uma vitória simbólica tanto para o Iraque como para a coligação de nações – liderada pelos EUA – a combater o Estado Islâmico.
O alcance dos extremistas através das montanhas de Sinjar no final de 2014 e a morte ou detenção de iraquianos da minoria Yazidi, expuseram as táticas brutais do grupo e trouxeram os militares dos EUA de volta ao Iraque.
Nas últimas semanas, com a ajuda de ataques aéreos da Rússia, as forças do governo sírio aproximaram-se de Palmira na Síria ocidental – no entanto o Estado Islâmico apresenta um contra-ataque forte na cidade.
Os combatentes estão sob pressão noutros locais da Síria, a enfrentar o avanço das forças curdas apoiadas pelos EUA e dos rebeldes sírios no nordeste, a seguir para sul em direção a Raqqa, a capital de facto do Estado Islâmico na Síria.
Essas forças capturaram a cidade de al-Shadadi em fevereiro, cortando a linha de abastecimento entre Raqqa e outro importante reduto urbano do grupo, a cidade de Mosul no Iraque.
Enquanto preparam as forças locais para retomar Mosul, uma joia da coroa das operações militares contra o Estado Islâmico e repleta de rivalidades e sensibilidades, as forças dos EUA – diretamente ou através de parceiros locais – apontam para a liderança sénior do Estado Islâmico. O esforço visa desgastar a alta liderança e, finalmente, desvendar a estrutura organizacional do grupo – embora os especialistas notem a sua resiliência em relação aos ataques à liderança até agora.
Tanto na Síria como no Iraque, os moradores locais a viver sob ordem do Estado Islâmico reportam sinais de tensão financeira, incluindo salários reduzidos para os combatentes e controles mais apertados sobre a população – cuja subsistência ajuda a sustentar a vasta economia do grupo extremista. Um residente de Mosul avançou – nomeadamente através da manipulação da taxa de câmbio entre o dinar iraquiano e o dólar norte-americano, que muitas pessoas e empresas utilizam para transações diárias no Iraque:
“No final do ano passado começaram a mostrar sinais de pânico e tornaram-se mais criativos quanto a formas para ganharem dinheiro.”
Os ataques aéreos da coligação atingiram a infraestrutura de petróleo do Estado Islâmico, uma grande fonte de receitas para o grupo – que também sofreu com a queda do preço do petróleo a nível global.
Ainda assim, a coligação global anti-Estado Islâmico enfrenta grandes desafios para a paralisação do grupo extremista no Iraque e na Síria – território central a que Brett McGurk, enviado especial dos EUA para a coligação, chamou de “hub para a projeção de um ‘califado’ e centro de operações para o terror em todo o mundo.”
"Recentes êxitos militares estão a ajudar a despojar o Estado Islâmico dos seus vastos recursos e, fundamentalmente, da sua reivindicação de um Movimento histórico... Com inevitável vitória e conquista.” – Afirmou McGurk.
No entanto o grupo “mantém uma força formidável, incluindo milhares de combatentes estrangeiros de mais de 100 países.” – Afirmou, acrescentando mais tarde: “A rede de combatentes estrangeiros, em particular, continua a ser uma preocupação crítica.”