O seu crescimento está anos-luz à frente da maioria dos países do mundo
Quando se diz “Panamá” nos dias de hoje a palavra “papers” (papéis) vem rapidamente à mente. É pena. O Panamá é, na realidade, um enorme caso de sucesso económico – com uma significativa taxa média de crescimento anual. O seu crescimento está anos-luz à frente da maioria dos países do mundo: no ano passado ficou um pouco abaixo de 6% mas deverá encontrar-se um pouco acima de 6% este ano.
Ao contrário do avançado pelas manchetes globais, o Panamá não é um desprezível antro de lavagem de dinheiro. Muito pelo contrário. A Cidade do Panamá está a tornar-se o centro financeiro da América Latina, com dezenas de instituições financeiras a marcar presença na capital. O país fez um considerável progresso em termos de transparência. O Financial Action Task Force focado no branqueamento de capitais retirou o Panamá da sua lista cinzenta este ano – e em 2012 foi retirado da lista negra de paraísos fiscais da OCDE. O Panamá tem implementado diversas reformas e espera encontrar-se em conformidade com os padrões de transparência da OCDE em 2018.
O Panamá tornou-se o cruzamento das economias das Américas – e o país assumiu o controlo do seu canal em 1999. O número de contentores que se deslocavam através desde histórico atalho era de 267.000 em 1993 – e hoje são bem mais de 6 milhões. Com a abertura de um terceiro conjunto de eclusas em junho esse número deverá aumentar para mais de 12 milhões. Este crescimento em termos de tráfego tem sido benéfico para o país – e o governo tem reinvestido somas consideráveis no canal. O crescente volume de comércio também tem contribuído para o aumento das receitas do estado.
Há quase uma década atrás o Panamá promulgou a Lei 41, que oferecia incentivos consideráveis a qualquer grande empresa que tornasse o Panamá a sua sede regional na América Latina. Mais de 100 multinacionais, como a Procter & Gamble, fizeram-no. Entre os atrativos encontrava-se o facto dos seus colaboradores não terem de pagar impostos sobre o rendimento. Tal como com o canal, a criação destas sedes gerou infraestruturas de apoio – como escolas.
Com exceção de Nova Iorque e Chicago, a Cidade do Panamá tem mais arranha-céus nos dias de hoje do que qualquer outra cidade no Hemisfério Ocidental – e 16 dos 25 mais altos edifícios da América Latina encontram-se na Cidade do Panamá. É incrível quando se pensa em mega-metrópoles como São Paulo, Cidade do México e Buenos Aires.
O Panamá tem estado atento à construção das necessárias infraestruturas para apoiar toda a sua expansão. Um exemplo é a construção de um novo centro de convenções para lidar com o “turismo de negócios” – para conferências e exposições.
Outra fonte de crescimento com enorme potencial é o turismo médico. A Johns Hopkins, por exemplo, tem grandes instalações no Panamá. Com os cuidados de saúde cada vez menos disponíveis nos sistemas praticamente falidos de muitos países ocidentais, especialmente na Europa, a procura pelo que o Panamá oferece – excelente atendimento a custo acessível – é quase ilimitada.
Uma das principais vantagens do Panamá é a sua moeda, o dólar norte-americano, que o país tem usado desde que se separou da Colômbia e o canal foi construído, há mais de um século atrás. As moedas locais, cronicamente instáveis, têm sido a ruína da América Latina. A recente desvalorização da moeda na Colômbia, em 35%, relembrou os empresários das vantagens do dólar.
O Panamá está aberto a que mais estrangeiros se mudem para lá, contando que estão dispostos a trabalhar. A Cidade do Panamá tem vindo a tornar-se cada vez mais cosmopolita, com inúmeras nacionalidades a viver lado a lado.
O investimento direto estrangeiro também é bem-vindo. Embora a obtenção de licenças possa exigir paciência – o Panamá tem a sua parcela de ambientalistas – os empresários acreditam que vale a pena o esforço.
O sistema fiscal também é benigno. O IVA geral é de apenas 7% e não existem impostos sobre a herança.
Contudo, o Panamá pode fazer mais para se promover a si mesmo de forma consistente como destino turístico.
Quer tornar-se a próxima Singapura – mas são necessárias reformas para tornar isso uma realidade. O sistema escolar precisa de ser atualizado e é necessário fazer mais para treinar as pessoas para o mundo profissional.
A corrupção também pode ser um desafio. Para seu crédito, muitos dos seus antigos funcionários corruptos foram processados com sucesso. Os cidadãos acreditam que à medida que a classe média se expande, a tolerância para as irregularidades irá continuar a encolher. A democracia está firmemente integrada desde há quase um quarto de século.
Alguns aspetos estão além do controlo desta pequena nação, tal como a desaceleração económica a nível global e o seu efeito sobre o comércio, o crescente caos na política monetária global ou as forças protecionistas a crescerem nos EUA e noutros locais. No entanto, o Panamá precisa de fazer um melhor trabalho a divulgar o seu extraordinário sucesso num mundo que tem visto – e ouvido – muito pouco sobre o mesmo.