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Estudantes protestam contra os cortes na educação no Rio de Janeiro – enquanto o político que ajudou a levar os Jogos Olímpicos à cidade se debate com alegações de que terá aceite milhões em subornos

Quando o novo líder do Brasil, Michel Temer, tomou as rédeas da nação este mês – um marco na luta cáustica para derrubar a presidente Dilma Rousseff, que enfrenta um processo de impeachment – prometeu um novo dia de “salvação nacional”. No entanto, os críticos lamentam que o partido que criou tanta confusão no Rio esteja agora a liderar o país.

De acordo com Marcelo Portugal, economista brasileiro:

“O Rio está a tornar-se uma mini-Venezuela com os seus líderes a encontrarem novas formas de desperdiçar o petróleo.”

Os líderes do Rio de Janeiro tinham assegurado que os Jogos Olímpicos iriam mostrar os triunfos do Brasil. Contudo, em vez disso, enquanto Temer procura colocar a economia brasileira numa posição mais sólida o Rio está a emergir como conto preventivo do que o governo, gerido pelo seu Partido do Movimento Democrático Brasileiro, poderá significar para o resto da nação.

Alguns dos principais líderes do partido de Temer – incluído o presidente do Senado e o antigo presidente da Câmara dos Deputados no Congresso, forçado a demitir-se este mês por enfrentar acusações de corrupção – foram acusados de terem aceite subornos.

O partido, PMDB, está também a ser acusado de má gestão e corrupção no que respeita os Jogos Olímpicos.

Engenheiros testemunharam em como Sérgio Cabral, antigo governador (do partido) com considerável influência, exigiu milhões em subornos. Avançaram que os pagamentos corresponderam a 5% do custo da remodelação do estádio do Maracanã e de outros projetos de obras públicas. Cabral está também a ser acusado de utilizar helicópteros do estado para utilização pessoal e familiar.

Em comunicado, o mesmo avançou nunca ter aceite subornos – alegando que os seus assessores de segurança terão sugerido o recurso a helicópteros públicos para evitar potenciais ataques de gangs de drogas.

Sob a liderança de Cabral o Rio realizou uma campanha pela “pacificação”, policiando a cidade de forma agressiva – tendo em vista o fim da sua reputação como cidade perigosa.

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No entanto, também essa questão se encontra sob tensão – tem-se verificado uma onda de crimes marcada por assaltos por toda a cidade, aumento da taxa de homicídios e terrível onda de mortes infantis por balas perdidas.

Rio de Janeiro: crise financeira

E depois há a crise financeira do Rio de Janeiro – que se está a verificar apesar da receita do petróleo nas águas profundas da sua costa. A riqueza submarina ajudou a impulsionar a economia regional há alguns anos atrás – graças à legislação que concedeu ao estado e governos locais acesso a um tesouro de royalties.

No entanto, agora a indústria do petróleo do Brasil está em crise com a Petrobras – empresa nacional de petróleo – envolvida em escândalos de subornos e baixos preços do petróleo.

A Petrobras despediu dezenas de milhares de funcionários ao longo dos últimos dois anos e a parcela de royalties do Rio caiu para cerca de mil milhões de dólares este ano, de 3,5 mil milhões em 2014.

Os líderes do Rio afirmam que a crise os obrigou a atrasar os pagamentos de pensões a colaboradores reformados – e o orçamento para a educação foi cortado, conduzindo os professores a greves e os alunos do ensino secundário a ocupar mais de uma dúzia de escolas em protesto contra as condições deploráveis.

Alguns dos factos por detrás da crise no Rio estão fora do controlo do estado, como os preços globais do petróleo e a fraca economia nacional. No entanto, algumas alas da administração pública mantiveram os seus privilégios.

Os juízes locais venceram recentemente uma decisão que obriga o estado a pagar os seus honorários antes de honrar outras obrigações. Em simultâneo, no outro extremo do espectro social: um programa criado há cinco anos para fornecer subsídios de cerca de 22 dólares por mês aos 200.000 residentes mais pobres do estado ficou sem fundos este mês.

Paulo Melo, funcionário do estado e responsável pelos programas anti-pobreza, avançou aos jornalistas:

“Sinto-me enganado como membro do governo e revoltado como cidadão.”

Os líderes do PMDB tinham-se comprometido a reverter o declínio que tinha caracterizado o Rio depois da capital nacional ter sido transferida para Brasília. Cabral assumiu o governo do estado do Rio de Janeiro em 2007 – que no total tem 16,5 milhões de habitantes, quase a dimensão do Chile – e em 2009 o PMDB assumiu o controlo da cidade do Rio, que tem cerca de 6,3 milhões de habitantes. O presidente da câmara, Paes, embarcou numa reforma frenética para destacar o Rio no cenário mundial.

Paes enfatiza que as finanças da cidade estão em melhor estado que as do governo. Ainda assim, a sua administração encara acusações de inépcia quanto a projetos dos Jogos Olímpicos – e os protestantes no Rio, tal como no resto do Brasil, queixam-se do facto dos seus líderes priorizarem mega eventos – como os Jogos Olímpicos – em detrimento de necessidades básicas como hospitais e escolas.

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E agora as pessoas desconfiam da capacidade do Rio para resolver os seus problemas.

Os líderes do PMDB – auto-descritos como pró-negócios – estão a adotar medidas comummente encontradas em países liderados pela esquerda. Para gerarem fundos estão a aprovar impostos de quase 20% sobre a produção de petróleo offshore em águas do Rio. Os seus oponentes avançam que numa altura de baixos preços do petróleo a medida poderá destruir a indústria de petróleo do Rio.

“O imposto torna a maior parte dos projetos no Rio inviáveis.” – Afirmou António Guimarães, diretor da Associação Brasileira de Produtores de Petróleo.

Apesar das avaliações sombrias há quem desenhe a história de resiliência da cidade. Ruy Castro, autor, avançou que o Rio tem “uma capacidade inigualável para frustrar os que se viram contra a cidade.”

E terminou, acrescentando uma pitada de ceticismo:

“Somos bons em festas – não em legados.”

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