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Relatório avança que as crianças refugiadas têm sido submetidas a violência sexual – e uma carta aberta insta o Reino Unido a agir mais rapidamente

De acordo com um relatório da Unicef os jovens em campos de refugiados em Calais e Dunquerque (França) estão a ser explorados sexualmente e forçados a cometer crimes (por parte de traficantes).

O documento, que se baseia em seis meses de entrevistas e será publicado esta quinta-feira, pinta um quadro preocupante quanto ao abuso de menores desacompanhados em campos no norte de França. O mesmo avança que as crianças estão a ser submetidas a violência sexual por traficantes que prometem passagem para o Reino Unido.

As crianças nos campos também disseram aos investigadores que foram forçadas a trabalhar e a cometer crimes. As entrevistas revelam o trauma que as mesmas sofreram para chegar à Europa, as suas experiências nos campos e os riscos que estão a tomar para reencontrar membros da família – apesar de muitas terem uma rota segura e legal disponível.

A ministra do Interior do Reino Unido, Theresa May, deverá encarar perguntas esta segunda-feira, por parte de deputados, quanto ao progresso realizado no seguimento da promessa do governo de transferir crianças refugiadas, não acompanhadas, da Europa para o país.

Yannis Kolesidis/ANA-MPA via AP

No mês passado, perante uma rebelião, David Cameron fez uma inversão de marcha quanto à sua oposição relativamente à receção de crianças refugiadas “encalhadas” na Europa: comprometeu-se a deixar entrar um número não especificado, em consulta com as autoridades locais, e prometeu acelerar o reagrupamento familiar – no entanto, o governo avançou que o país poderá levar até sete meses a receber as primeiras crianças.

Cerca de 150 crianças refugiadas em Calais têm o direito de entrar no Reino Unido pois têm família no país – de acordo com a Citizens UK, organização que apoia os refugiados. A mesma estima que ao ritmo atual será necessário um ano para que as 150 crianças se reúnam com as suas famílias.

Um número de crianças sírias – que encontraram refúgio no Reino Unido através da política de reagrupamento familiar – escreveu uma carta aberta à ministra do Interior. Na mesma pedem que “tire os nossos amigos do perigo”.

Na carta, apoiada pela Unicef, as crianças descrevem-se como sortudas. Avançaram que nunca esquecerão os “meses horríveis” passados no norte de França ou os amigos que deixaram para trás.

A carta exorta May a empregar mais funcionários para que as 150 crianças sejam levadas para o Reino Unido a tempo de começarem a escola depois do verão.

Um número de líderes religiosos, incluindo o arcebispo de Canterbury, pediu ao governo que permita a entrada de 300 das mais vulneráveis crianças a tempo de começaram a escola em setembro. As crianças desacompanhadas que se encontram em Calais não têm frequentado a escola – numa média de três anos – de acordo com a Citizens UK.

A vice-diretora executiva da Unicef no Reino Unido, Lily Caprani, avançou:

“O governo afirmou que as crianças desacompanhadas devem ser trazidas para o Reino Unido se tiverem família cá, no entanto os casos dessas crianças estão a avançar muito lentamente. É altura do governo transformar a sua promessa em realidade e levar estas crianças às suas famílias.”

Continuou:

“As crianças em Calais são os casos mais próximos e mais visíveis de crianças que fogem do conflito e fazem viagens perigosas em busca de segurança – e têm o direito legal de viver em segurança com a suas famílias no Reino Unido.”

AP Photo/Vadim Ghirda

Caprani concluiu:

“Conheci algumas das crianças desacompanhadas em Calais e vi as condições terríveis em que vivem. Ao tomar medidas imediatas com estas crianças o governo irá tomar um primeiro passo fundamental para mostrar que está comprometido para com as crianças refugiadas.”

No mês passado, mais de 100.000 pessoas apoiaram uma campanha da Unicef para acelerar o processo de reunificação de crianças desacompanhadas com as suas famílias no Reino Unido e para que sejam alargadas as leis da imigração –para permitir que as crianças se juntem a outros membros da família, que poderão cuidar das mesmas.

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