George Soros: o Brexit “desencadeou uma crise” tão má como a de 2008
Jonathan Ernst/Reuters
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George Soros em discurso no Parlamento Europeu esta quinta-feira

A lenda George Soros considera que a votação pela saída do Reino Unido da União Europeia está a trazer calamidades para os mercados financeiros de todo o mundo.

“Infelizmente, o Brexit não criou apenas uma oportunidade para reinventar a União Europeia – também agravou dois perigos iminentes.” – Avançou Soros esta quinta-feira num discurso no Parlamento Europeu.

Continuou:

“Em primeiro lugar, desencadeou uma crise nos mercados financeiros, comparável em severidade a 2007/8. Tem sido desencadeada em câmara lenta, mas o Brexit irá acelerá-la. É provável que reforce as tendências de deflação que já prevaleciam.”

Soros, que é conhecido pela sua aposta contra a libra esterlina em 1992, já tinha avançado – antes do Reino Unido ter votado pela saída da UE – que um Brexit causaria sérios problemas. Agora, disse, esses problemas estão a cumprir-se.

Avançou que todas as consequências que temia que se sucedessem ao Brexit – um colapso da libra, a possibilidade da Escócia sair do Reino unido e preocupações económicas – têm conduzido a “remorsos” por parte dos eleitores britânicos.

Soros também referiu que as tribulações económicas que se abateram sobre o Reino Unido no seguimento do referendo poderão, na realidade, conduzir a uma UE mais unificada – e não ao respetivo fim, como advertido por muitos:

“O referendo veio destacar o que os cidadãos britânicos irão perder ao deixar a UE.” – Afirmou.

Continuou:

“Se este sentimento se espalhar pelo resto da Europa, o que parecia a inevitável desintegração da UE poderá criar impulso positivo para uma Europa melhor e mais forte.”

Soros também defendeu estímulo fiscal mais expansivo por parte dos governos dos países membros da UE, evitando “a ortodoxia dos políticos alemães” que apelam à austeridade sobre os gastos. Aconselhou a UE a apoiar a emissão de dívida para colocar a economia do continente a funcionar novamente.

Também criticou a resposta da UE à crise dos refugiados, avançando que se tratava de um exemplo de fracasso económico e político da organização. Depois de elogiar a disposição da chanceler alemã Angela Merkel para abrir as portas do seu país aos refugiados, Soros manteve ser necessária a emissão de dívida para apoiar o acordo quanto à crise dos refugiados.

“Em suma, a crise dos refugiados representa uma ameaça existencial para a Europa.” – Afirmou.

E continuou:

“Como disse anteriormente, é o cúmulo da irresponsabilidade permitir que a UE se desintegre sem utilizar todos os seus recursos. Ao longo da história, os governos emitiram títulos em resposta a emergências nacionais. Quando é que o A-triplo de crédito da UE deverá ser utilizado se não num momento em que a mesma enfrenta perigo mortal?”

O discurso completo de George Soros pode ser lido aqui (em Inglês).

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