O resultado das eleições gregas no passado domingo trouxeram esperança a um país que nos últimos anos tem estado sujeito a rígida austeridade e vergado pelo peso da dívida resultante do empréstimo do FMI e das Instituições Europeias. Mas para Coeuré, membro da Comissão Executiva do BCE o desfecho é claro – a Grécia terá que pagar.
O novo Governo Grego terá de pagar a dívida do país, que é em ultima análise devida aos contribuintes na Zona Euro, embora sejam possíveis conversas sobre uma extensão ao seu prazo, disse na segunda feira Benoît Coeuré, membro da Comissão Executiva do Banco Central Europeu.
O novo Governo a ser formado na Grécia nos próximos dias vai ter de respeitar os seus compromissos, e continuar a pagar as suas dívidas quando as conversas sobre a extensão do prazo começarem, disse Coeuré numa entrevista para a estação de rádio Francesa, Europe1.
O líder partidário de Syriza prometeu pôr um fim à austeridade que colocou o país num colapso financeiro, mas sem causar uma ‘rutura desastrosa’ com a Europa.
Os seus comentários vieram depois dos votantes Gregos, no domingo, entregarem a vitória ao Partido de Esquerda Radical Syriza, liderado por Alexis Tsipras, numa revolta popular contra o amargo remédio económico que a Grécia engoliu durante cinco anos, e como uma chamada de atenção aos companheiros Europeus que o prescreveram.
Coeuré disse:
“O sr. Tsipras tem de pagar, são essas as regras do jogo, não há margem para comportamentos unilaterais na Europa, o que não exclui uma reestruturação da dívida. Se ele não pagar, é um incumprimento e uma violação às regras Europeias”.
As Instituições da União Europeia estão ansiosas por falar e cooperar com a Grécia, acrescentou.
Tsipras apostou a sua campanha na oposição às medidas de austeridade que incluíssem cortes orçamentais e aumentos de impostos, exigidos em retorno do resgate de €240 mil milhões ($269 mil milhões).
Visto que a Grécia deve a maior parte da sua dívida a países da Zona Euro – e em última instancia aos contribuintes de cada país – qualquer decisão sobre uma reestruturação da dívida tem de ser feita pelos ministros das Finanças dos países membros.
A Grécia deve cerca de €40 mil milhões á França e €60 mil milhões á Alemanha, disse Coeuré.
“A dívida é devida aos contribuintes, não a especuladores ou mercados financeiros, ignorar essa dívida seria uma prenda de €40 mil milhões á Grécia,” disse ele.
O banqueiro Francês disse que é pouco provável que a situação Grega venha a afetar outros países na periferia da UE, tais como Portugal ou Irlanda.
“Os mercados financeiros percebem que a situação é diferente,” afirmou.