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A Venezuela seguiu um caminho diferente dos outros estados produtores de petróleo ao tentar utilizar os seus recursos naturais para construir o “socialismo bolivariano”. Porém os resultados do plano venezuelano são ambivalentes. Conheça a realidade do país.

A Venezuela tem mais petróleo que a Arábia Saudita e mais pobreza que o Brasil. Sendo o único estado petrolífero que segue uma política marcadamente de esquerda, a Venezuela espera iluminar um caminho revolucionário para os mais pobres da américa latina. No entanto o país é uma confusão económica e social com a inflação a chegar aos 60%, a taxa mais alta do mundo, e a maior taxa de homicídios, apenas atrás das Honduras. Com o preço do petróleo a cair para metade na segunda metade de 2014, o legado do falecido Presidente Hugo Chávez está em risco, pois o seu sucessor, escolhido a dedo, Nicolas Maduro, luta para continuar a fornecer petróleo barato e outros derivados para comprar influências no estrangeiro e o apoio dos populares em casa. Os cidadãos têm de esperar em grandes filas para encontrar objetos escassos desde o desodorizante a papel higiénico. As eleições do Congresso esperadas para o fim deste ano serão o maior teste até agora do governo de Maduro.

A situação hoje

Com as receitas do petróleo a contar 95% dos ganhos em moeda estrangeira do país, e uma economia que produz pouco mais, a nação das Caraíbas de 30 milhões de pessoas viu-se com 60% menos dinheiro das suas exportações no início de 2015 que o que tinha recebido há apenas seis meses atrás. Isso está a fazer com que seja difícil o país importar os produtos de que necessita.

Desde que foi eleito, em 2013, com a menor margem em 45 anos, Maduro – um Ex condutor de autocarros, líder do sindicato, ministro dos negócios estrangeiros, e vice-presidente – já prometeu, e falhou, reformas nos controlos rígidos que o país tem na moeda. Ele também lançou ataques aos média estrangeiros e aprisionou oponentes políticos, acusando-os de incitar protestos anti governo o ano passado. Pelo menos 43 venezuelanos morreram. Enquanto isso, os bónus de dólares americanos do país passaram de ser uns dos que se deram melhor, para os piores, devido a receios de falta de pagamento. A moeda, o bolivar, caiu quase 90% no mercado negro desde a eleição de Maduro.

Revolução Bolivariana

Um antigo soldado pára-quedista esteve preso dois anos depois de ter liderado um golpe falhado em 1992. Chavez revolucionou a política da Venezuela depois de ter sido eleito Presidente em 1998 com uma retórica anti EUA. Ele nacionalizou milhares de companhias ou os seus bens, reduzindo a capacidade da economia para produzir algo que não fosse petróleo. Ele canalizou as receitas para os pobres e espalhou a influência da Venezuela na região ao dar de mão beijada $8 mil milhões em petróleo barato por ano. Ele usou o seu bem difundido apoio eleitoral para transformar uma democracia pluralista num sistema altamente autoritarista. A pobreza extrema decresceu e os seus amigos e aliados ficaram mais ricos. Depois de um golpe ter removido Chavez do poder durante 48 horas, em 2002, ele radicalizou o que ele chamou a sua “revolução bolivariana”, nomeada segundo o libertador da Venezuela no século XIX, Simon Bolivar.

O rígido controlo da moeda que sobrevaloriza o bolivar e providencia dólares baratos para importações aprovadas pelo governo, começou em 2003.

Chavez manteve uma conexão chegada com os seus apoiantes, ficando muitas vezes acima dos 50% nas sondagens e ganhando as suas reeleições três vezes. Maduro tem dificuldades no campo da popularidade. A sua taxa de aprovação caiu para 22% no início de 2015, e a inflação está a empurrar milhões de volta para a pobreza. À medida que as receitas do petróleo caiem, ele tem estado relutante em cortar subsídios em casa e no estrangeiro, e em vez disso tem viajado pelo mundo em busca de empréstimos.

Maduro já estava a lidar com inflação elevada, corrupção, e falta de produtos básicos, antes da queda do preço do petróleo em Junho de 2014, já para não falar no crime violento que está bem disseminado. Ele terá pouco tempo para decidir entre cortar subsídios, não pagar a divida soberana, ou esperar que as dificuldades passem com empréstimos da China. O que fica por saber é se as pessoas serão pacientes. Com os políticos da oposição a pedir a sua demissão, e os venezuelanos a lutar para alimentar as suas famílias, a margem de erro é tão fina quanto uma lâmina.

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