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O Banco Central Europeu e o Banco do Japão têm utilizado o quantitative easing como ferramenta para estimular o crescimento económico. A China poderá vir a ser o próximo país a recorrer a semelhante medida. Funcionará?

No fim-de-semana, pela segunda vez em três meses as taxas de juro chinesas moveram-se. Esta situação colocou em evidência a preocupação dos líderes em Pequim em relação ao deslizamento do crescimento. No sábado o BPC (Banco Popular da China, Banco Central) comunicou que as taxas diretivas de juros a 12 meses seriam cortadas em 25 pontos base e isto será provavelmente apenas o início. Com os dados sobre fabrico próprio e preços do consumidor a atravessar uma dramática reviravolta frente à recessão, são várias as razões que levam a crer que a taxa de juro dos financiamentos e depósitos a um ano, agora a 2,5% e 5,35%, possa caminhar em direção aos zero, tal como no país vizinho Japão. Posto isto e dadas as características da China, pode o programa "quantitative easing" ficar afastado?

O economista Louis Kuijs do Royal Bank da Escócia em Hong Kong diz:

"QE será uma alternativa."

Tal como Kaijs refere, o BPC já "adotou algumas medidas, em pequena escala do tipo QE, no ano passado na forma de empréstimo direto". O uso de financiamentos a curto prazo facilita o acompanhamento do desenvolvimento dos bancos chineses, para que o chamado super banco nacional, possa suportar os governos locais e as suas inumeráveis infraestruturas de veículos. Até agora, resistente, o BPC tem feito mais "qualitative easing"do que o programa QE. Esta frase, amplamente atribuída a Willem Buiter, economista chefe do Citigroup, quando refere que o BPC está mais preocupado com a composição do balanço patrimonial do que com o tamanho.

Talvez seja altura para focar mais no último. Com a revisão em baixa a aumentar, os governos nacionais e regionais estão sob pressão, para saltarem por cima dos esforços estimulados. Isso irá agravar as bombas relógio que são as dívidas dos governos locais. Enquanto os bons números estão notoriamente difíceis de chegar, os empréstimos das autoridades locais, já alcançaram os 4 bilhões de dólares americanos, maior do que a economia Germânica, revela Mizuho (grupo bancário de financiamento).

Os esquemas de financiamentos Regionais estão a aumentar a opacidade do já tenebroso perfil de endividamento chinês e com resultados diminutos. Graças à sobreposição de níveis de capacidade excedentária, novos empréstimos só irão colocar uma tábua por baixo das coisas, e não alimentar uma aceleração considerável do PIB. Como o Governador do Banco do Japão Haruhiko Kuroda mostrou, para sustentar o crescimento num endividamento excessivo da economia é melhor deixar a política monetária.

Zhou Xiaochuan

Devido ao aumento radical da liquidez interna da China, o diretor do BPC Zhou Xiaochuan, irá estabilizar o ambiente dos preços na China sem acrescentar a dívida nacional. Com o consumo e os preços de produção a cair para um mínimo de cinco anos em Janeiro, o ambiente dos empréstimos na China está a tornar-se mais restritivo, disse a economista Wang Tao da UBS em Hong Kong. Apesar do corte do BPC em Novembro, segundo a mesma, as classificações reais moveram-se para cima dos 100 pontos básicos deste o último trimestre. Isto foi o que Wang disse, "significa apertar as condições monetárias, as quais se mantêm num contraste afiado com o amolecimento da atividade real". Ao disparar a sua própria bazuca monetária, o Banco Central pode suportar o crescimento e a pressão dos empréstimos, números incontáveis que podem estar próximos do incumprimento.

Zhou pode também querer considerar outras das inovações implícitas de Kuroda; a nacionalização furtiva da divida. Isto pode parecer uma sugestão estranha: o BOJ (Banco do Japão) é um banco central independente que supervisiona a economia de uma democracia, enquanto o BPC é a arma do Partido Comunista Chinês. Mas Kuroda turvou as linhas consideravelmente, com ele a comprar mais e mais dividas, e faz o quê com esses vínculos? Só o seu círculo interno sabe.

Zhou pode vir a considerar a implantação de medidas drásticas na China, ao assumir diretamente que o rápido crescimento da China potencializa os problemas da dívida. Porque não começar a puxar os grandes blocos de ativos problemáticos para dentro do Balanço Patrimonial? Pode começar pelos governos locais mais fragilizados e pela facilidade de financiamento fora do balanço patrimonial. Uma das razões principais para a relutância do Presidente Xi Jinping em deixar cair o crescimento abaixo dos 7%, é o medo do incumprimento das dívidas municipais, que poderá dar origem a uma reação em cadeia nos mercados. Zhou pode combater esta ameaça ao assumir a dívida, deste modo daria a Pequim uma maior confiança para tolerar o abrandamento do crescimento e para reorganizar a economia.

O governo deverá aumentar o processo, criando ao estilo dos EUA uma Resolução Trust Corporation (RTC) para manusear os empréstimos maus. Mas o PBC pode dar início ao resgate agora, enquanto também ataca a deflação. Há vários riscos, inclusive a corrida para o yuan (moeda chinesa) e a hipótese do aumento da liquidez dar origem a novas bolhas de ativos. Ainda assim, nada do que Zhou possa vir a dar a Xi, como espaço de manobra para retirar umas das mais arriscadas reestruturações da história, vai deixar a economia global em melhor forma.

Os líderes Chineses normalmente revelam pouco interesse nos concelhos vindos do Japão, em particular no que diz respeito à economia. Porém neste caso em concreto, tal vez não fosse má ideia seguir a linha de Kuroda.

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