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O dólar americano é a moeda mais utilizada nas trocas internacionais. Porém há movimentos concertados dos BRICS para reduzir a importância dessa moeda.

Apesar de o dólar americano (USD) estar no valor mais altos dos últimos 11 anos, o seu futuro avizinha-se tempestuoso, com as nações emergentes a afastarem-se progressivamente da moeda americana em função da abertura do novo banco dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). A pergunta mais evidente a se colocar relativamente à possibilidade de um acordo cambial entre a Rússia e a Índia é “quando” e não “se”.

Segundo relatou o vice-ministro das finanças russo Sergei Storchak ao site de notícias TASS no dia 27 de fevereiro (em russo), o acordo entre a Rússia e a Índia poderá acontecer no início de 2016.

“Vamos testemunhar a transição para as moedas nacionais sob contratos particulares já no início do próximo ano” referiu o ministro, segundo a TASS. “Numa transição em larga-escala, pelo menos deverá aumentar em primeiro lugar o volume de comércio bilateral. Quanto mais transações se fizerem, mais moedas nacionais serão utilizadas”, segundo a agência de notícias.

O primeiro encontro entre os grupos de trabalho da Rússia e da Índia teve lugar no início de dezembro, durante a transição para as moedas nacionais de acordo com regulamentos comerciais mútuos.

Também em dezembro, a China e a Rússia mudaram para a moeda nacional, recorrendo a essas ferramentas financeiras de trocas e seguimentos.

Numa declaração conjunta do primeiro-ministro indiano Modi e o presidente russo Putin no dia 11 de dezembro:

“As partes devem encorajar a utilização de moedas nacionais com regulamentos mútuos num comércio bilateral.”

Segundo um relatório elaborado pela TASS, a Federação das Organizações de Exportações Indianas (FIEO) apresentou um plano que delineou a alteração dos pagamentos com a Rússia de dólares para rupias em janeiro deste ano. No mês passado, o vice-diretor geral do Fundo Monetário Internacional Naoyuki Shinohara fez um apelo às economias asiáticas para apoiar ativamente a desdolarização.

“Em alguns casos, a elevada dolarização pode facilitar o comércio. No entanto, também tem as suas desvantagens, tais como a limitação da flexibilidade da taxa de câmbio para atenuar choques externos e restringir a capacidade do banco central de ser credor de última instância. Nestas circunstâncias, deve ser dada consideração à promoção ativa da desdolarização,” referiu ele.

Nos últimos meses – face às sanções ocidentais – a Rússia limpou a sua imagem de “vilã” e tem arranjado uma grande variedade de aliados numa tentativa de aumentar os esforços para a desdolarização.

  • Em janeiro, o embaixador do Irão na Rússia anunciou que as duas nações planeavam criar um banco conjunto para transações nas suas moedas nacionais.
  • No início de fevereiro, a Rússia e o Egito anunciaram os seus planos para utilizar as moedas nacionais para comércios bilaterais.
  • Nos últimos meses, a Índia tem manifestado vivamente a sua vontade em definir uma zona de comércio livre com a União Económica Euroasiática (EEU) – com as nações russa, bielorrussa, cazaquistanesa e arménia.

As nações BRICS estão a tornar-se cada vez mais unidas e a reduzir a sua dependência do dólar americano.

À medida que os E.U.A. e as nações ocidentais continuam a sancionar a Rússia, a China está a cooperar cada vez mais com as nações BRICS como parte da sua estratégia “Um cinto e uma estrada”, que começa a ganhar forma.

Apesar do poderio do dólar americano ir de vento em popa, a altura pode não ser a mais propícia, pois cada vez mais as nações dos mercados emergentes e fronteiriços estão a unir forças e a descontinuar progressivamente a utilização da outrora poderosa moeda americana.

Pode não ser para já, pode não ser já para amanhã – mas a altura está a chegar: cuidado com os BRICS.

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