As novas regras de contabilização do PIB que incorporam atividades ilícitas para efeitos estatísticos dão um peso surpreendentemente grande a essas atividades na economia italiana.
No outono passado, a União Europeia atribuiu um novo sentido à expressão “estimular os gastos” quando começou a pedir aos estados membros para incorporar atividades ilícitas – incluindo o tráfico de drogas, prostituição, e a venda ilegal de álcool e cigarros – no cálculo do tamanho das suas economias. O objetivo era tornar mais fácil a comparação de dados estatísticos como o produto interno bruto além-fronteiras. Os Países Baixos, por exemplo, já contam com os ganhos gerados pelas vendas legais de marijuana nas suas contas nacionais. A Alemanha, onde a prostituição é legal, regista o dinheiro do trabalho sexual. Por isso os oficiais europeus decidiram que os outros países podiam reclamar crédito por esse tipo de atividades, mesmo que, tecnicamente, estas não aconteçam às claras.
Por tanto, qual foi o PIB de que país que levou a maior sacudidela? Talvez não deva ser chocante, dado que o seu antigo primeiro-ministro foi indiciado por alegadamente ter tido relações com uma prostituta menor, mas a resposta parece ser a Itália. Como os pensadores da Bruegel, baseada em Bruxelas, escrevem, existe informação limitada sobre a forma como as recentes mudanças contabilísticas afetaram as estatísticas das diferentes nações. Contudo, este mês a Organização para a Cooperação Económica e Desenvolvimento publicou um resumo mostrando o quanto a adição de atividades ilícitas mexeu com os números do PIB em 2010. A Itália parece ter tido o maior impulso, com a sua economia a crescer um ponto percentual. A Espanha seguiu-se em segundo, adicionando um extra de nove décimos de um ponto. Estes números não são necessariamente absolutos, uma vez que perceber a dimensão de um mercado negro com precisão é quase impossível, mas eles são parte do registro oficial.
Como contextualizar esse crescimento? Bem, as novas regras não envolvem apenas sexo e drogas. Elas também reclassificaram os gastos na investigação e desenvolvimento de uma forma que aumenta o PIB. A Bruegel destaca que a Itália apenas recebe um impulso um pouco maior do ajuste dos gastos na investigação e desenvolvimento, do que de adicionar todas as indústrias preferidas da máfia nas suas contas. Não é um sinal de uma economia saudável, mas é certamente sinal de uma economia divertida.