A Avago compra a Broadcom, a Intel adquire a Altera, e provavelmente assistiremos a mais fusões em breve. Porque estará a indústria a efetuar tamanha consolidação?
A onda de fusões no setor da tecnologia, amplamente esperada, pode ter finalmente começado. No entanto, não começou como previsto no software, mas no hardware. Na semana passada a Avago Technologies (NASDAQ: AVGO), um fabricante de chips que já devastou uma série de rivais nos últimos anos, disse que iria comprar a Broadcom (NASDAQ: BRCM) por uns estonteantes $37 mil milhões – o maior negócio de tecnologia desde a bolha dotcom no final da década de 90. E acabamos também de observar a Intel (NASDAQ: INTC), o maior fabricante de chips do mundo, a adquirir a Altera (NASDAQ: ALTR) por $17 mil mihões.
Razões financeiras
As empresas de chip estão sob pressão para cortar custos; e ampliar a sua atividade é uma forma de fazer isso. A Avago espera economizar $750 milhões por ano como resultado da aquisição da Broadcom. A união vai dar às empresas uma melhor posição para negociar com os seus clientes, particularmente com a Apple (NASDAQ: AAPL) e a Samsung, que são os que dominam o mercado de smartphones. O financiamento para os negócios é fácil de encontrar; a Avago vai emitir dívida no valor de $9 mil milhões. E os mercados de ações estão em níveis recorde, fornecendo compradores que emitem novas ações para financiar os negócios e permitindo aos interessados obter um bom preço.
Razões tecnológicas
Mas existem também outras razões tecnológicas para que os fabricantes de chips queiram combinar forças. Uma destas razões é o surgimento de uma tecnologia chamada "sistema num chip", quando diferentes tipos de semicondutores são combinados num único chip. O acordo entre a Avago e a Broadcom reunirá as duas empresas especializadas em circuitos de comunicação e sem fios para criar esses chips.
O interesse da Intel na Avago serve um propósito diferente. A procura de semicondutores especializados está a aumentar por parte dos fornecedores de serviços de computação em nuvem que procuram reduzir o consumo de energia dos seus centros de dados; comprar a Altera, que produz chips programáveis, vai ajudar a Intel a fornecer estes componentes. Além disso, a indústria de semicondutores está a preparar-se para o que se espera ser uma grande fonte de procura – a "internet das coisas", os nerds falam de um mundo em que tudo está interligado.
Então espere mais fusões na indústria de chips. Mas será que os outros setores de tecnologia irão seguir o exemplo e fazer manchetes com importantes negócios? Em 12 de maio a Verizon (NYSE: VZ), um operador de telecomunicações americano, anunciou que tinha concordado em comprar a AOL, uma empresa de banda larga, por $4,4 mil milhões. E ainda há mais por vir: embora a exuberância sobre as perspetivas de crescimento do setor da internet ter levantado as ações de muitas empresas, as dúvidas sobre a capacidade de alguns continuarem com as suas impressionantes séries de vitórias estão a aumentar. Recentemente o Twitter (NYSE: TWTR) e o LinkedIn, que são duas redes sociais, perderam nas previsões de lucros, levando à queda das suas ações. O mau desempenho sustentado poderá fazer com que os preços das empresas públicas baixem e com que alguns se tornem em alvos mais fáceis. A Yelp, uma empresa que acolhe comentários online e ganha dinheiro com anúncios locais, já está à venda.
No entanto, o próximo grande negócio é provavelmente a aquisição de HERE, a divisão do mapa-digital da Nokia (NYSE: NOK), um fabricante finlandês de equipamento de telecomunicações. Os potenciais compradores estão atualmente a considerar até quanto devem oferecer. Os mapas da HERE são considerados entre os mais detalhados da indústria – e mapas de alta qualidade serão uma peça vital num mundo com carros autodirigidos. Sabe-se que meia dúzia de empresas, grupos e fundos de investimento estão interessados, incluindo um consórcio de fabricantes de automóveis alemães de alta qualidade e um liderado pela Uber, que se diz estar disposto a pagar $3 mil milhões pela empresa.
E depois existe a discussão em aberto sobre a aquisição da Salesforce (NYSE: CRM), uma pioneira de computação em nuvem no valor de quase $50 mil milhões. Apesar de várias negações, o pretendente mais provável continua a ser Oracle (NASDAQ: ORCL), a segunda maior vendedora de software do mundo. A Salesforce foi feita com o mesmo material da Oracle: o maior chefe da Salesorce Marc Benioff não é só um antigo executivo da Oracle, mas a sua firma também foi construída com base na tecnologia da Oracle. Para além disso, não só a Oracle tem a carga financeira para tal movimento, mas também precisa de fortalecer os seus negócios de nuvem e tem um problema de sucessão. A Salesforce poderia ser a resposta para ambos. E se existir um acordo, poderia desencadear muitos mais acordos.