O banco mais valioso do mundo
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Saiba qual a instituição bancária com mais alto valor de mercado.

A instituição situada em São Francisco Wells Fargo & Co. (NYSE: WFC) ultrapassou recentemente a Industrial & Commercial Bank of China Ltd como a empresa credora com o maior valor de mercado do mundo. Neste momento, a capitalização de mercado do Wells Fargo está quase a chegar aos $300 mil milhões, a primeira vez para um banco dos E.U.A. – e cerca de $42 mil milhões e $120 mil milhões a mais do que o J.P. Morgan Chase & Co. (NYSE: JPM) e o Citigroup (NYSE: C) respetivamente.

As ações foram negociadas a preços mais baixos na terça-feira, posicionando o Wells Fargo a uns $1,3 mil milhões mais abaixo do critério. Após um rendimento de 13,5% nos últimos 12 meses, o Wells Fargo é atualmente a sétima maior ação no índice de S&P 500.

O tamanho do banco realça a respetiva força da economia dos E.U.A., enquanto a China é torturada pelas girações da bolsa de valores e a mão-de-obra da Europa mais as suas questões existenciais sobre a zona euro.

Mesmo depois de terem pago dezenas de milhares de milhões de dólares em compensações regulamentares resultantes da crise, os bancos norte-americanos tiveram uma boa recuperação. O índice do Banco KBW, uma medida aplicada às ações de bancos de grandes dimensões dos E.U.A., está a negociar a um nível pós-crise quase elevado. E o J.P. Morgan, o maior banco dos E.U.A. em termos de ativos e o segundo maior depois do Wells Fargo em termos de valor de mercado, bateu o seu próprio record de bolsa de valores de $69,75 por ação no dia 23 de junho.

O valor de mercado do Wells Fargo ultrapassa os dos seus colegas graças maioritariamente ao seu modelo de negócio relativamente simples, independente de muitos derivativos complexos ou negociações arriscadas realizadas com dinheiro emprestado. As ações do Wells Fargo são comercializadas por 1,78 vezes o valor contabilístico da empresa, enquanto as do J.P. Morgan são por 1,18 vezes e as do ICBC por 1,02, que tem sofrido ultimamente com os receios relativos à economia chinesa.

“Não há dúvida de que a indústria está muito mais forte do que estava há seis, sete, ou oito anos atrás”, disse John Stumpf, o presidente e diretor executivo do banco, numa entrevista. “A economia norte-americana está a ir muito bem, especialmente em relação ao resto do mundo… [Também] tem havido um grande aumento de capital e liquidez” por parte dos bancos.

O Wells Fargo tem as suas vulnerabilidades. Alguns analistas apontam para os custos de controlo e para uma carteira de créditos com exposição a quedas nos preços da energia. Outros salientam que as suas ações estão sobrevalorizadas em relação ao seu valor contabilístico, e que frequentemente os bancos não têm mantido o título de capitalização bolsista há já algum tempo.

No entanto, o Wells Fargo não é como muitos dos seus concorrentes. É o principal interveniente nas hipotecas dos E.U.A. mas com relativamente pouca participação na comercialização, um negócio que tem atraído um forte controlo regulamentar de requisitos de fundos próprios. O banco de empresas e de investimentos do J.P. Morgan, que inclui comercializações, constituiu 36% do rendimento da empresa no segundo trimestre, enquanto numa divisão semelhante do Wells Fargo em que o volume de comercialização é bem menor, foi de 29% de rendimento.

Na segunda-feira, o Banco de Reserva Federal revelou a oito dos maiores bancos do país quanto capital extra iriam precisar poupar para se protegerem de perdas. Dos seis maiores bancos, o Wells Fargo, o quarto maior em termos de ativos, é o que tem a sobretaxa mais pequena – 2% - comparativamente aos 4,5% do J.P. Morgan e aos 3% do Bank of America Corp. (NYSE: BAC) e do Goldman Sachs Group Inc. (NYSE: GS).

Porque é que o Wells Fargo é valorizado desta maneira?

Principalmente porque as características que há uma geração atrás eram consideradas uma fraqueza são atualmente vistas como uma força. O banco tem evitado fortemente a atividade de banco de investimentos e os lucros de exploração, o que tem cativado os seus reguladores. O que significa que o banco tem poucas necessidades de capital, que por sua vez diminui os seus custos de empréstimos e aumenta a sua capacidade para pagar dividendos e comprar ações.

Uma prática em particular que colocou o Wells Fargo nas boas graças dos seus reguladores é a sua escassa utilização de derivativos, que são contratos que os bancos usam para cobrir ou especular nos vários movimentos dos preços, muitas das vezes com dinheiro proveniente de empréstimos. Segundo um estudo recente elaborado pelo Office of the Comptroller of the Currency (Gabinete de Controlador da Moeda), o Wells Fargo tinha $5,8 biliões em valor nocional dos derivativos nos seus registos, enquanto o Bank of America Corp. tinha $47,2 biliões, o J.P. Morgan $56,2 biliões e o Citigroup $56,6 biliões.

Muitos investidores também estão a apostar mais no Wells Fargo como forma de tirar partido caso as taxas de juros aumentem. É muito frequente a rentabilidade dos serviços bancários destinados a particulares tal como o do Wells Fargo aumentar quando a economia aquece e o rendimento das obrigações disparam.

“Muitos fundos gravitaram para o Wells Fargo porque aparenta ter uma história mais imaculada”, disse David Konrad, diretor do órgão de investigação bancária na Macquarie Group Ltd.

Apesar de ser o maior credor hipotecário dos E.U.A., o Wells Fargo ainda não sofreu assim tantas multas legais como muitas instituições na indústria. No entanto, ainda tem de pagar uma multa significativa ao Departamento de Justiça por motivos de títulos garantidos por créditos hipotecários para a habitação, enquanto o Bank of America desembolsou $16,65 mil milhões, o J.P. Morgan $13 mil milhões e o Citigroup $7 mil milhões nos últimos 18 meses.

Quanto à avaliação global, já há muitos anos que o Wells Fargo disputa o lugar cimeiro com o ICBC. Primeiro destronou o credor chinês do lugar da instituição bancária mais valiosa em 2013. O Citigroup, que era o banco mais valioso dos E.U.A. antes da crise financeira, hoje em dia situa-se no quarto lugar.

O desempenho do banco chinês tem acompanhado a economia lenta do país. Os bancos geridos pelo estado conseguiram originar um crescimento de dois dígitos durante muitos anos. Contudo, as insolvências e uma economia lenta estão a levar a melhor. O presidente do ICBC Jiang Jianqing disse numa conferência de imprensa em março que “já não é mais possível manter esses níveis de crescimento elevados”. De acordo com a FactSect, as ações do ICBC caíram cerca de 19% nos últimos três meses.

“Nesta situação, começamos a ver as ações das empresas a ganhar impacto nos resultados finais”, disse David Ellison, um gestor de carteiras na Hennessy Funds que possui ações tanto no J.P. Morgan como no Wells Fargo. “Seja em termos de iniciativas de custo, reposição do balanço (…) estamos a presenciar os benefícios de um bom sistema bancário.”

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