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O petróleo continua a descer - e isso está a assustar o mercado de ações. Quais serão as consequências reais da descida de petróleo para as bolsas de valores?

O petróleo bruto caiu 4%, resvalando abaixo dos $41 por barril na quarta-feira pela primeira vez desde 2009. O contínuo colapso do petróleo levou as ações de energia a baixar.

O Dow fechou o dia abaixo dos 160 pontos resultando no seu fecho mais baixo desde Janeiro — liderado pelas rápidas vendas da Chevron (NYSE: CVX) e ExxonMobil (NYSE: XOM). O S&P 500 e o Nasdaq também deslizaram quase 1% cada. No início do dia, o Dow estava a perder cerca de 228 pontos.

Embora a queda dos preços do petróleo seja boa para os consumidores americanos, às vezes eles inquietam os investidores que vêm os preços como um alerta sobre o seu efeito na economia global.

“Se o petróleo quebra abaixo dos $40 muitos dos nossos clientes irão vê-lo como um momento crítico. Começa a dar sinal de recessão económica, talvez não aqui, mas em geral,” diz Nicholas Colas, chefe de estratégia de mercado na ConvergEX.

Nas recentes semanas, os preços do petróleo têm estado sob novas pressões porque o excesso de oferta continua a piorar justamente quando a procura global continua lenta.

Novas provas do problema da excessiva oferta foram reveladas na quarta-feira. O governo disse que as reservas de petróleo incrementaram em 2,6 milhões de barris na semana passada. Isso é imenso considerando que os analistas tinham antecipado uma forte descida de mais de 1 milhão de barris.

Não é de admirar que o petróleo tenha afundado 4% chegando a atingir os $40,46 após o relatório.

Os preços em queda desencadearam a venda de ações de energia. Elas foram as maiores perdedoras no S&P 500 no dia, com Marathon Oil (NYSE: MRO), Chesapeake Energy (NYSE: CHK) e Apache (NYSE: APA) a caírem entre 4% e 7% a unidade.

Economias da América Latina e Ásia em risco

O deslize do mercado vai, no entanto, para além dos poços de petróleo. Os investidores estiveram mais uma a expressar a sua preocupação sobre os mercados emergentes, principalmente na China.

As ondas de choque vindas da surpreendente desvalorização da moeda chinesa na semana passada continua a ser sentida por todo o mundo.

“A venda nos mercados emergentes tem continuado todo o verão. Agora está a alastrar-se para os mercados em desenvolvimento” disse Aknur Patel, chefe de investimento da R-squared Macro Management.

Muitos países na América latina e noutros lugares, como Brasil e Chile, que dependem das exportações de matérias-primas como o petróleo, ouro e cobre foram afetados pelos preços em queda.

As moedas asiáticas, também estão em queda, trazendo à memória as crises financeiras que atingiram o continente no final da década de 1990.

O ringgit malaio perdeu quase um quarto do seu valor face ao dólar no ano passado, enquanto a rupia indonésia caiu 15%. Ambas as moedas estão agora a níveis nunca antes vistos desde essa crise.

Então porque é que isso interessa aos investidores americanos? O mundo está muito mais interligado do que há duas décadas atrás. O que acontece num mercado pode criar agitação no outro lado do globo.

“Todos estes países estão em risco de contração de crédito e liquidez” disse Michael Block, chefe de estratégia de mercado na Rhino Trading Partners. “Alguém vai ter que limpar isso”.

Os mercados emergentes também estão a sentir a pressão por parte da Reserva Federal Americana (conhecida em inglês como Fed). Um aumento das taxas de juro podem vir do Fed já no próximo mês, levando os investidores a tirar fundos dos mercados emergentes a favor de moedas mais fortes como o dólar americano.

Pode a subida da taxa desencadear a tão esperada “correção”?

Se o Fed de facto aumentar as taxas de juro em Setembro, os mercados podem esperar mais volatilidade. Patel da R-Squared disse que o seu estudo dos mercados de ações globais mostra que as ações tipicamente recuam antes de um aumento de taxa.

“Uma descida de 10% não é anormal. Diria que é, na verdade, expectável”, disse Patel.

Se acontecesse um declínio dessa magnitude, daria ao mercado de ações americano a sua primeira “correção” desde Outubro de 2011. Correções podem ser assustadoras para os investidores, mas também podem ser saudáveis a longo prazo ao consolidar ganhos prévios e ao permitir a oportunidade de entrada de novos participantes.

“Não esperamos que a retração dure muito tempo. Pode-se ver os mercados a recuperarem facilmente essas perdas nos próximos seis meses,” disse Patel.

O petroléo dará que falar ainda mais

Mas um perito em petróleo diz que a situação se deverá inverter mais uma vez e o petróleo Brent vai subir para $71 o barril até ao final do ano. Jan Stuart, economista de energia da Credit Suisse falou ontem à Bloomberg TV, dando as razões por detrás da sua grande meta.

Admito, a minha meta parece muito ambiciosa. O pensamento detrás da mesma é que a produção já está em andamento. Sabemos que é mais alta do que pensávamos que iria ser por esta altura, mas está em curso. A questão vai ser o quão rápida e até quando. Achamos que a produção de petróleo bruto acabe a 9 milhões de barris por dia, abaixo do pique 9.6…Em segundo lugar, a procura está a aumentar…A procura nos mercados emergentes não é a melhor, mas também não é má. Ainda está a crescer, especialmente o consumidor na China. Em terceiro, a Europa não é um problema. E depois, o próximo evento a acontecer que ainda não aconteceu, é que precisamos de ver o declínio das taxas fora da América a entrar em vigor. Se a indústria gasta menos e você sabe que o subjacente declínio da taxa em toda a parte é cerca de quatro porcento anualmente precisamos de adicionar, de algum modo, quatro milhões de barris por dia fora da América, fora da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) só para pararmos. Isso não continuará a acontecer com estes preços.

Ele continuou a falar sobre como os preços precisam de subir para a indústria se autossustentar, particularmente para o montante, ou exploração e porção de produção. Importante também na sua previsão é que a procura nos mercados emergentes continue positiva, mesmo que seja a baixos níveis históricos. Em termos da maior preocupação da sua meta, os ventos de feição resultantes de um abrandamento da China e a recessão nos mercados emergentes são os mais relevantes.

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