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Saiba que medidas pode a Arábia Saudita tomar para que a sua economia sobreviva aos baixos preços do petróleo.

O preço do petróleo esteve perto do seu valor mais baixo da década, as reservas de dinheiro estavam a esgotar-se, os mercados emergentes estavam numa agitação e a Arábia Saudita estava a começar a entrar em pânico.

“Foi um momento muito assustador” disse Khalid Alsweilem, antigo chefe de investimento da Agencia Monetária da Arábia Saudita, o banco central do país. “E felizmente, naquele momento, os preços do petróleo começaram a subir. Não de forma premeditada, mas por sorte.”

Isto foi em 1998, e agora as fortunas da Arábia Saudita ameaçam virar outra vez. Desta vez, sorte pode não ser suficiente com o governo a tentar proteger a riqueza de uma nação onde a economia aumentou por cinco vezes desde então. O bastão do conservadorismo do islão sunita também está a pagar por um maior papel nos conflitos regionais face ao ressurgente Irão e aos extremistas do Estado Islâmico que bombardearam mesquitas sauditas.

Os economistas prevêem um défice no orçamento de 20% do produto interno bruto e o Fundo Monetário International (FMI) prevê o primeiro défice em mais de uma década na conta corrente saudita. As reservas do banco central caíram 10% desde o ano passado, para mais de $70 mil milhões.

Como resultado, estão a surgir apostas na desvalorização do Rial. O Índice Tadawul All Share perdeu 18% no decorrer dos últimos três meses e arrastou para baixo as ações da região do Golfo. As movimentações nas médias dos pontos de referências passaram um chamado “cruzamento da morte” a 18 de Agosto, para alguns investidores foi um sinal que mais perdas se antecipam.

Sauditas Pacientes

Os sauditas têm jogado um “jogo da espera” disse, a partir de Londres, Robert Burgess, chefe economista para os mercados emergentes na Europa, Médio Oriente e África do Deutsche Bank AG. “O orçamento para o próximo ano vai ser um marco muito importante no qual os mercados se vão focar com muito intento”.

Com os preços do petróleo em baixa em mais de metade dos passados 12 meses atingindo os baixos $50, a Arábia Saudita enfrenta muitos dos mesmos problemas que teve em 1998.

“Há uma grande lista de coisas que os oficiais sauditas podem fazer antes de tocarem no sustento do saudita comum”.

A diferença está no custo absoluto em manter o Estado como uma máquina empregadora e fiador dos ricos que os sauditas se acostumaram desde o último aperto. Gasolina subsidiada custa 16 cêntimos por litro e apesar de existir um imposto religioso chamado zakat, não há nenhum imposto sob o rendimento pessoal numa nação de 30 milhões de pessoas.

“O governo saudita não pode continuar a ser o empregador de primeiro recurso, não pode continuar a guiar o crescimento económico através de projetos de grandes infraestruturas e não pode continuar a esbanjar subsídios e gastos sociais” disse Farouk Soussa, chefe economista para o Médio Oriente da Citigroup Inc em Londres.

Agir

Isso não quer sugerir que a Arábia Saudita está a caminhar para o tipo de cortes em custos e aumento de impostos mais familiar aos países europeus atingidos pela austeridade. O governo, por exemplo, pode primeiro congelar a expansão de duas mesquitas em Meca ou taxar proprietários abastados, disse Jamal Khashoggi, antigo assessor de imprensa do Príncipe saudita Turki al-Faisal, por telefone a partir de Riade.

“Há uma grande lista de coisas que os oficiais sauditas podem fazer antes de tocarem no sustento do saudita comum” disse Khashoggi. “Sim, é um período difícil e talvez pudesse ser melhor se tivéssemos feito o que estamos a fazer hoje há um par de anos atrás quando o preço do petróleo estava nos $100”.

Sozinhos os subsídios de combustível custarão à Arábia Saudita 195 mil milhões de rials ($52 mil milhões) este ano, ou 8% do PIB.

Durante esses bons tempos, o rei Abdullah, que governou desde 2005 até à sua morte em Janeiro, aumentou os gastos sociais enquanto as revoltas da “Primavera Árabe” derrubavam líderes noutros lugares.

Também não quer dizer que a Arábia Saudita não tem controlo sobre o seu destino. O petróleo recuperou depois de 1998 - o preço do petróleo bruto aumentou em 11 dos seguintes 16 anos desde então - nomeadamente porque os sauditas usaram a sua influência como o líder de facto da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, ou OPEP.

Que crise?

O país recusou reduzir a produção e aumentar os preços durante o ano passado para ganhar cota no mercado do xisto nos E.U.A. e outros produtores com gastos mais altos, mesmo que isso seja atingido às custas das suas finanças. A Arábia Saudita ainda tem $664 mil milhões de ativos líquidos estrangeiros, igual a quase 90% da economia, e pouca dívida.

“Eu não diria que há qualquer tipo de crise ou até uma crise num horizonte próximo.” disse David Butter, membro associado da Chatham House em Londres. “Eles estão no negócio do petróleo. Eles tiveram um bom longo período e isso não é típico.”

Mesmo assim, o FMI recomenda que a Arábia Saudita controle a sua crescente conta de pagamentos, faça mudanças nos subsídios governamentais para o combustível e electricidade e traga mais receita, não derivada do petróleo, através de impostos. O ponto de empate do preço do petróleo do país - o ponto em que pode balançar o seu orçamento - é cerca de $100, disse Soussa da Citigroup.

Sozinhos os subsídios de combustível custarão à Arábia Saudita um máximo de 195 mil milhões de Rial ($52 mil milhões) este ano, ou 8% do PIB, disse Samba Financial Group de Riade num relatório datado de 18 de Agosto. O governador do Banco Central Fahad al-Mubarak já pediu uma revisão dos preços dos subsídios.

Um novo concelho económico encabeçado pelo Delegado da Coroa, o Príncipe Mohammed bin Salman, pode ajudar a fazer mudanças se se mexer rápido, disse Alsweilem o antigo chefe de investimento que agora é membro do Centro Belver da Universidade de Harvard.

Apesar de menos riqueza relativa per capita do que nos Estados mais pequenos do Golfo ricos em energia, Qatar e os Emirados Estados Unidos, a da Arábia Saudita significa que o governo necessitará de caminhar com cuidado. Qualquer ajustamento será “chocante”, disse Soussa.

“Há coisas que são absolutamente politicamente explosivas” referiu, “Acostumou-se a um certo estilo de vida e esse estilo de vida é distance em excesso no que toca ao luxo que era predominante em 1998”.

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