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Mercados emergentes estão sob pressão sobre a decisão do Fed em relação às taxas de juro.

Por todo o mundo, e especialmente nos mercados emergentes, o debate “fazem ou não fazem” sobre a tendência da Reserva Federam Americana (Fed) em aumentar as taxas de juros não é só um discussão intelectual.

Uma subida da taxa pelo banco central dos Estados Unidos provavelmente fortaleceria o dólar, e atrairia investidores mundiais a deixarem mais do seu dinheiro nos Estados Unidos invés de nos mercados emergentes. Isso poderia, em última instância, afetar as moedas, exportações e até os níveis de emprego das nações em desenvolvimento.

A recente agitação nos mercados mundiais, impulsionada - talvez - pela fragilidade na China, levou muitos a acreditar que o Fed não vai aumentar as taxas de juro no próximo mês. A maioria dos economistas empresariais referenciados numa recente sondagem acreditam que o Fed anunciará um aumento da taxa este ano, mas só 37% pensam que isso acontecerá em setembro.

Mas ainda pode acontecer. A presidente do Fed, Janet Yellen, ao falar do aumento das taxas de juro, normalmente foca-se no mercado de trabalho doméstico invés de no destino das economias distantes como um fator influenciador. Se um relatório americano sobre o emprego, no dia 4 de setembro, mostrar um forte crescimento do emprego, o Fed pode muito bem aumentar as taxas apesar da recente volatilidade do mercado.

Economistas e dirigentes de todo o mundo têm razão em se preocuparem

Indonésia

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Na Indonésia, por exemplo, um economista alertou recentemente que se a moeda enfraquecer para os 16.000 contra o dólar americano, faria uma companhia de seguros falir e ameaçaria o colapso de três bancos, tendo em conta testes de simulação de stress.

A rupia está atualmente um pouco mais acima dos 14.000 comparando com os 13.500 no dia 10 de Agosto, o dia antes da desvalorização do yuan por parte da China para impulsionar a economia em deslize e tornar as suas exportações mais baratas. Isso arrastou muitas moedas para baixo, especialmente nas economias emergentes, incluindo a da Indonésia.

A questão que agora se põe é se a Indonésia enfrentará um terceiro golpe: uma China mais fraca a comprar menos das suas matérias-primas, um yuan mais baixo que faz com que seja difícil competir com as exportações chinesas e uma taxa de juro americana mais alta que torna o dólar mais forte (e a rupia por comparação mais fraca).

O Ministro das Finanças da Indonésia, Bambang Brodjonegoro, previu que as atuais flutuações económicas mundiais continuarão até os Estados Unidos tomarem uma decisão. “O que realmente está a causar a agitação é a indecisão,” disse Bambang numa entrevista ao Wall Street Journal (paywall).

“É melhor para os Estados Unidos tomarem uma decisão, porque o que faz os mercados financeiros voláteis é a indecisão.” Até lá, Bambang disse “podemos gerir a economia de modo a manter esperançosamente uma estabilidade económica.

China

Na China, um dirigente do banco central disse que a confusão do mercado de ações deve-se ao possível aumento das taxas de juro pelo Fed, não pela desvalorização do yuan.

“A reforma chinesa da taxa de câmbio não teve nada a ver com a volatilidade do mercado global de ações, deveu-se principalmente à iminente mudança de política monetária da Reserva Federal,” disse à Reuters o Presidente Yao Yudong do Instituto de Pesquisa Financeiro e Bancário. Ele continuou a dizer: “Por isso esperamos que a Reserva Federal possa adiar o aumento da sua taxa de juro, dando aos mercados emergentes tempo suficiente para prepararem-se. O Fed não deve apenas considerar a economia americana, mas também considerar a economia global, que está bastante frágil.”

Pelo menos um dirigente do Fed deu a entender que o abrandamento da China pode impactar o desfecho da reunião do Fed no final de setembro.

“Os desenvolvimentos internacionais e os desenvolvimentos do mercado financeiro têm relevância, porque podem colidir e afetar o panorama económico” disse William Dudley, um membro votante do Comité de Mercado Aberto do Fed - o que toma decisões fundamentais sobre taxas de juro.

Turquia

Os investidores estrangeiros encaram uma saída da Turquia. Dúvida sobre a liderança política é uma razão, mas outra é o possível aumento da taxa por parte do Fed. Não interessa, o benefício para a Turquia dos preços baixos do petróleo.

Se as próximas eleições antecipadas não produzirem resultados diferentes que as eleições de junho, os investidores estrangeiros sairão, alertaram vários economistas num recente relatório da Al-Monitor.

“Num período em que o modelo de crescimento da Turquia é baseado em finanças de empréstimo por estrangeiros, tanto o aumento das taxas do Fed bem como as incertezas políticas podem criar um efeito terrível, ” disse Sebnem Kalemli-Ozcan um professor de economia na Universidade de Maryland.

A moeda turca, que tinha um valor médio de 1.90 ao dólar em 2013, está agora nos 2.92 com tendência para baixar ainda mais, passando o limiar das três libras brevemente. “Esqueçam os três, até pode ser quatro face ao dólar” referiu Mert Yildiz um importante economista na Roubini Global Economics, à Al-Monitor.

Índia

Como outros mercados emergentes, a Índia tem de acumular reservas como uma almofada contra quaisquer potenciais consequências do estreitamento dos estímulos do Fed. Mas ao fazê-lo, os mercados emergentes estão efectivamente a diminuir a sua procura de bens dos Estados Unidos e de outros lugares.

Raghuram Rajan, governador do Banco de Reserva da Índia, sugeriu numa entrevista à revista Time há um ano atrás, que esses efeitos argumentam uma maior coordenação do Fed com outros bancos centrais pelo mundo.

“Há espaço para um maior diálogo em como estas políticas devem ser elaboradas, não só para se ser simpático, mas porque a médio prazo é do próprio interesse americano”, disse à Time. “Se não se tiver cuidado com a volatilidade que se está a criar, os outros terão de responder e todos ficarão pior”.

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