Chico Sanchez/Reuters
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Perceba porque é que as economias da América Latina, em que se incluíam alguns dos países mais prósperos do mundo no século XIX, cresceram muito mais lentamente que as da Europa e da Ásia.

Se você nunca assistiu a nenhuma das animações de Hans Rosling no Gapminder relativas ao aumento dos padrões de vida por todo o mundo desde 1800 – deveria assistir. Se você preferir a versão com Rosling – um sueco, médico e perito em saúde pública – a atuar como narrador desequilibrado poderá assistir ao seu famoso TED talk de 2006, que já teve 9,9 milhões de visualizações, ou a um dos restantes nove TED talks que já deu desde então.

Mesmo que já tenha visto Rosling falar várias vezes e tenha perdido horas no Gapminder.org, tal como eu, vale a pena voltar atrás e dar uma olhadela novamente. Foi assim que passei metade da minha manhã de hoje.

Provavelmente você não tem tempo agora por isso apresento-lhe uma versão resumida: as coisas têm vindo a melhorar. Com interrupções ocasionais – para guerras, revoluções e epidemias – a população da grande maioria dos países do mundo tem-se tornado mais rica e saudável.

Também evidente nas animações de Rosling é o grande salto que os EUA, Canadá, Europa Ocidental, Austrália e Nova Zelândia deram, para padrões de vida mais elevados, em 1800 – seguidos pela Ásia desde meados do século XX. Alguns países africanos começaram a fazer grandes avanços também – embora a África Subsariana continue a ser a região mais pobre do mundo, de longe.

Depois há ainda a América Latina e o Caribe, cuja parte nesta história intriga-me e entristece-me sempre. No século XIX alguns dos países e colónias a sul dos EUA encontravam-se entre as mais ricas do mundo. No século XX a maioria das mesmas tornou-se muito mais rica em sentido absoluto (o Haiti é a exceção trágica). Perderam, no entanto, terreno relativo (especialmente durante a última metade do século passado) com os países ricos a ficarem mais ricos e as nações asiáticas a tornarem-se mais ricas também.

Ao trabalhar na minha coluna relativamente à confusa economia da Venezuela, na semana passada, passei algum tempo a observar as trajetórias de crescimento das demais grandes economias da América Latina. Depois disso, é claro, não resisti a preparar alguns gráficos. A métrica aqui é o PIB per capita, em dólares norte-americanos a preços constantes de 2005. Procurando tentar manter os gráficos legíveis separei os países nos quatro maiores, em termos populacionais, e nos quatro seguintes. Segue-se a situação em relação aos Big Four:

A Argentina teve o tempo mais movimentado de todos – e não no bom sentido. Começou como o país mais rico, dos quatro, e terminou em segundo lugar (tendo passado por tempos realmente difíceis devido à guerra com o Reino Unido e repetidas crises financeiras). Os dois países mais populosos da região, Brasil e México, cresceram mais firmes mas certamente não de forma espetacular. A Colômbia parece ter virado a esquina na década passada – no entanto, o seu principal produto de exportação é o petróleo logo os bons ventos poderão não durar.

Seguem-se os quatro países seguintes, onde há um vencedor dramático e um perdedor dramático:

A Venezuela já se encontrava em dificuldades muito antes de Hugo Chavez se ter tornado presidente em 1999 – embora este tenha deixado o país tão vulnerável à recente queda dos preços do petróleo que imagino que neste ano o país acabe por perder muito terreno. O Chile é a grande história de sucesso económico da América do Sul – um grande exportador de commodities (cobre, principalmente) que escapou à maldição dos recursos que tantas vezes atormenta esses países.

O Peru teve uns terríveis anos 80 e 90 mas as coisas parecem estar melhores ultimamente. O Equador também tem observado algum crescimento, depois de um quarto de século de estagnação – no entanto, tal como a Colômbia e a Venezuela, está fortemente dependente do petróleo.

Assim, entre os maiores países da América Latina há um grande sucesso – Chile – e um grande fracasso – Venezuela – e um conjunto de países que se têm tornado, lentamente, mais ricos. Você poderá vê-lo mais claramente quando comparar com alguns países de fora da América Latina e Caribe.

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