Petróleo: a história das quedas
AP Photo/Richard Drew
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Na terça-feira, 8 de dezembro, o preço do petróleo Brent caiu para $40 pela primeira vez desde fevereiro de 2009. Não é a primeira, e talvez nem a última, grande queda do ouro negro no século XXI, embora seja uma das mais contínuas. Desde o ano 2000 o mercado passou por quinze ciclos baixistas, e sempre recuperou. Eis algumas das maiores quedas do preço do petróleo desde o início do século.

1. Bolha da internet e 11 de setembro, 2001

  • Preço máximo: 19 de janeiro de 2001; $32,2
  • Preço mínimo: 15 de novembro de 2001; $17,5
  • Período da queda: 10 meses
  • Nível da queda: -45,8%

Em primeiro lugar, a queda do petróleo foi provocada pela bolha das empresas “dot.com”, que estourou. Desde 1995, as ações das empresas tecnológicas ficavam constantemente mais caras, e parecia que tal pudesse durar para sempre. Porém, a 10 de março de 2000 o índice de vocação tecnológica NASDAQ atingiu o seu nível máximo histórico e caiu no mesmo dia. O petróleo começou a ficar mais barato a 7 de março com alguns intervalos, e tal continuou até dezembro.

Em janeiro de 2001 as cotações do ouro negro passaram a cair abruptamente, com a ameaça da recessão nos EUA. Ao ver o enfraquecimento da procura, a OPEP tomou a decisão de cortar a cota de extração do petróleo em 1,5 milhões de barris. Em março o cartel reduziu as entregas em mais um milhão de barris.

A 11 de setembro de 2001, os mercados de ações mundiais passaram por outro choque: o ataque terrorista nos Estados Unidos. Dois meses mais tarde, os preços tocaram no fundo, mas até a primavera de 2002 voltaram ao nível pré-crise.

2. A Segunda Guerra do Líbano, 2006

  • Preço máximo: 14 de julho de 2006; $77
  • Preço mínimo: 18 de janeiro de 2007; $50,5
  • Período da queda: 6 meses
  • Nível da queda: -34,5%

O início da Segunda Guerra do Líbano foi catalisador da queda. Depois do ataque do Hezbollah à patrulha fronteiriça de Israel a 12 de julho, Tel Aviv lançou uma grande operação militar. A 14 de julho o preço de um barril WTI atingiu o máximo de muitos anos, mas logo a seguir percipitou-se a queda — nem Israel nem o Líbano tinham grandes reservas de petróleo, mas o facto de mais um conflito no Médio Oriente ter aparecido deixou os investidores preocupados.

Além disso, em julho de 2006 foram realizados testes de mísseis balísticos na Coreia do Norte e foi tomada a primeira resolução da ONU contra o programa nuclear do Irão. A tensão global aumentada foi acrescentada à oferta em demasia do petróleo.

No outono de 2006, a decisão da OPEP de diminuir temporariamente a extração fez com que os preços fossem compensados um pouco; a recuperação completa começou em janeiro.

3. Crise económica, verão de 2008

  • Preço máximo: 3 de julho de 2008; $145,3
  • Preço mínimo: 16 de setembro de 2008; $91,2
  • Período da queda: 2,5 meses
  • Nível da queda: -37,2%

Depois da estagnação de 2005, o preço de um barril passou a crescer rapidamente. Na primavera de 2008, o mercado altista foi provocado pela ameaça de guerra entre o Irão e Israel e por ataques dos rebeldes nigerianos à empresa petrolífera Royal Dutch Shell.

Durante o primeiro semestre de 2008, o petróleo ficou mais caro mais de 50%. Assim que a 3 de julho os preços por um barril Brent e WTI atingiram os valores recordes, as cotações estavam a oscilar por duas semanas no nível de $140-145, embora os fatores fundamentais favorecessem a sua redução. Em 2008, o volume médio diário das negociações ultrapassava umas 15 vezes a extração diária do petróleo no mundo.

Uma queda séria começou a 13 de julho, e dois dias mais tarde o presidente dos Estados Unidos George Bush agravou a situação ao anunciar o cancelamente da proibição da perfuração offshore. As bolsas de valores de crude passaram pela venda dos ativos que depois se transformou no colapso, com a guerra na Geórgia e a crise financeira. Até o início de setembro, o valor de um barril caiu abaixo dos $100.

4. Falência do Lehman Brothers, outono de 2008

  • Preço máximo: 22 de setembro de 2008; $120,9
  • Preço mínimo: 19 de dezembro de 2008; $33,9
  • Período da queda: 3 meses
  • Nível da queda: -71,9%

A queda dos preços parou em setembro, e em alguns dias as cotações recuperaram cerca de metade do colapso. A 19 de setembro, o governo dos Estados Unidos anunciou o plano de resgate económico para salvar o sistema financeiro de Wall Street. O documento pressuponha a compra pela Reserva Federal de cerca de 700 mil milhões de dólares dos ativos problemáticos. Na segunda-feira, 22 de setembro o valor de um barril do petróleo aumentou mais de $25, o que até hoje permanece o nível recorde.

Mas a queda da procura do combustível na Europa, o dólar caro e o procedimento de falência do banco Lehman Brothers que começou no mesmo dia e deixou o mercado em pânico, afetaram significativamente o petróleo. Desde 28 de setembro, as cotações começaram a baixar, e tal continuava até ao fim do ano. Depois, durante um mês, o petróleo custava cerca de $30-35 por barril. Em janeiro, o preço cresceu um pouco, com o conflito na Faixa de Gaza. Assim começou a recuperação do petróleo depois do auge da crise.

5. Segunda onda da crise, 2011

  • Preço máximo: 29 de abril de 2011; $113,93
  • Preço mínimo: 4 de outubro de 2011; $75,67
  • Período da queda: 5 meses
  • Nível da queda: -33,58%

O colapso do petróleo em 2011 foi causado por várias razões. Em primeiro lugar, pela ameaça da "segunda onda" da recessão global que deixou a procura do petróleo significativamente mais fraca. As condições económicas instáveis na Europa e previsões negativas do PIB agravaram a sitação. O dólar estava a crescer de uma maneira estável em relação a outras moedas de reserva, o que também afetava as cotações.

Além disso, os mercados estavam à espera de restabelecimento das entregas do petróleo da Líbia de 1,5 milhões de barris por dia, que foram "congeladas" devido ao continuar da guerra civil no país.

As empresas petrolíferas mundiais transportaram os funcionários do país, e a extração praticamente foi parada.

6. Revolução do xisto e a OPEP, 2014

  • Preço máximo: 1 de julho de 2014; $112,36
  • Preço mínimo: 8 de dezembro de 2015; $40,72;
  • Período da queda: 18 meses no momento de publicação deste artigo
  • Nível da queda: -45%

A principal razão para mais uma queda do petróleo é simples: a oferta mundial ultrapassa a procura. Em particular, a culpa é do aumento brusco da extração do petróleo nos Estados Unidos. Graças aos jazigos de xisto, os EUA aumentaram bastante a oferta.

Outro fator é o abrandamento do crescimento económico na Ásia e Europa, o que levou à redução do consumo do ouro negro. A procura de petróleo na China diminuiu na sequência dos problemas económicas. Além disso, no início de 2014, a Arábia Saudita reduziu os preços do petróleo para os EUA, o que afetou muito o mercado.

Os contratos de futuros de petróleo foram consideravelmente afetados pela decisão tomada no outono de 2014 pela OPEP (que controla um terço da extração do petróleo mundial) de não tomar algumas medidas para resolver o problema da oferta em demasia. Com este dumping, o cartel pretende tornar a extração menos lucrativa para outras produtoras de petróleo e baixar a oferta, embora tal esteja a tornar-se uma razão de confrontos internos.

Nota do redator: até 2011, o petróleo de referência era WTI, a depois foi substituido pelos contratos de futuros Brent. Por isso, nos primeiro cinco pontos está indicado o valor de um barril WTI.

Fonte: agência de notícias russa RBC

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