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A formula flexível da Alemanha para o sucesso económico ainda funciona.

Os exportadores do país estão a aumentar as remessas para os Estados Unidos e zona euro, aproveitando recuperação acelerante em economias avançadas enquanto o crescimento nos países emergentes da Ásia abranda. Juntamente com a procura interna robusta beneficiada pelo nível mínimo da taxa de desemprego e a política monetária de flexibilização quantitativa, a economia alemã pretende fortalecer o bloco da moeda de 19 nações e ultrapassar novamente a França e a Itália em termos de velocidade de crescimento.

O pilar da força alemã é um setor manufatureiro versátil que guiou a maior economia da Europa durante a crise ao mudar a sua atenção para mercados orientais com crescimento mais rápido. A orientação do país está agora virada para o Ocidente, com o euro mais fraco a ser um benefício para vendas ao estrangeiro. O resultado previsto é mais um recorde das exportações.

Holger Schmieding, o economista-chefe do banco Berenberg em Londres, disse:

"Os exportadores alemães têm uma longa tradição de flexibilidade. Até agora, o aumento da procura por parte dos parceiros tradicionais na Europa e nos Estados Unidos compensou a queda nos mercados emergentes, e as exportações para a Ásia vão também melhorar nos próximos dois anos."

Enquanto a procura interna tem contribuido bastante para o crescimento económico nos três dos últimos quatro trimestres cujos dados estão disponíveis, e as exportações têm continuado a crescer, as importações aumentaram até mais rapidamente. O comércio líquido caiu 0,4 pontos percentuais no período de julho até outubro depois de adicionar 0,6% nos últimos três meses.

A Federação de Grossistas, Comércio Exterior e Serviços da Alemanha (BGA) avalia que as exportações ganharam 6% no ano passado, com as importações a aumentar cerca de 4%. A entidade prevê que os dois indicadores irão atingir valores máximos recorde em 2016.

As remessas para os Estados Unidos aumentaram mais de 20% em 10 meses desde outubro do ano anterior, enquanto as vendas na China deslizaram 4,2%, segundo os dados do gabinete de estatísticas. Os dados para novembro serão divulgados na sexta-feira, juntamente com o último relatório de produção industrial.

Eis o que disse presidente do BGA Anton Boerner numa declaração a 28 de dezembro:

"A Alemanha está novamente a cumprir o seu papel do motor de crescimento da Europa. Mas nem todo este brilho é ouro. O euro fraco, em particular, aumentou muito a sua força económica nos mercados globais."

A moeda única caiu quase 10% face ao dólar em 2015 na sequência da compra de ativos em grande escala pelo Banco Central Europeu. Andreas Scheuerle, economista do Dekabank em Frankfurt, avalia que a desvalorização é responsável por mais de dois pontos percentuais no aumento das vendas alemãs ao estrangeiro no ano passado.

Nos próximos dois anos, o impacto do euro fraco deverá desaparecer, com as exportações a beneficiarem bastante de uma recuperação do comércio mundial, informou o Bundesbank no seu relatório mensal em dezembro.

A Comissão Europeia prevê que o Produto Interno Bruto na Alemanha cresça 1,9% este ano, ultrapassando os 1,4% esperados da França e 1,5% da Itália. A economia da zona euro pode crescer 1,8%.

O setor manufatureiro está mais otimista quanto ao comércio exterior. As expectativas de exportação, segundo os dados do Instituo Ifo de Munique, saltaram para o nível máximo em nove meses em dezembro depois de os Estados Unidos terem ultrapassado a China como a fonte principal de procura das máquinas produzidas na Alemanha.

Em reação ao crescente comércio, a Hapa-Lloyd AG, uma das maiores linhas marítimas de transporte por contentor na Alemanha, aumentou o serviço semanal entre a Europa do Norte e a costa leste dos Estados Unidos no ano passado. As exportações europeias de contentores para a maior economia mundial cresceram cerca de 10% no setor em geral em 2015, de acordo com o porta-voz Rainer Horn.

Isto não quer dizer que um abrandamento nos mercados emergentes não afete a economia alemã.

A ThyssenKrupp AG já está a ver um impacto de um crescimento mais lento na China. Andreas Schierenbeck, que dirige o negócio de elevadores da empresa, avisou que "é impossível compensar totalmente" se houver uma "aterragem" forçada de uma economia que é responsável por cerca de dois terços das novas instalações na indústria.

Mesmo se a China e os seus vizinhos crescerem nos próximos meses, é provável que a sua expansão económica dependa mais da procura interna e menos dos investimentos do que no passado, de acordo com Scheuerle do Dekabank.

"Tal será um desafio, pois as empresas alemãs estão menos fortes quanto a bens de consumo," disse. "Ao mesmo tempo, será também uma oportunidade para as empresas para reorganizar o seu portefólio de produtos."

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