O euro é resiliente, e isso é um problema
REUTERS/Francois Lenoir
Página principal Economia, Bancos Centrais

Se o euro continuar a subir tendo por base o comércio a pressão sobre o BCE só irá aumentar.

Olhe com atenção e poderá encontrar algumas subidas, em termos de valor, este ano. 15 membros da Stoxx Europe 600 aumentaram e quatro ações no S&P 500 aumentaram mais de 5%. Infelizmente para o Banco Central Europeu o euro também está na lista dos vencedores até à data.

É verdade, o movimento é pequeno: em relação ao dólar o euro encontra-se 0,5% acima. E por volta de 1,09 dólares está ainda bem abaixo do seu nível inicial para 2015 e abaixo da faixa 1,10 – 1,15 dólares em que passou a maior parte do ano passado. Mas contra as moedas de 19 parceiros comerciais o euro está 1,4% acima este ano, segundo dados do BCE; em relação a novembro aumentou 4,1% nesta base.

O presidente do BCE, Mario Draghi, não vai querer ver o euro a ganhar força: será mais um vento contrário à inflação que regressa à zona euro, que no ano passado esteve perto de zero e se tenta que apresente valores “abaixo, mas perto de” 2%. A esperança de que os efeitos do preço do petróleo conduzissem a inflação global superior em 2016 foram atingidas pelo renovado alvoroço no mercado de matérias-primas. Enquanto o banco central não se focar na moeda um euro mais fraco será potencialmente uma forma de apoiar a recuperação da zona euro e afastar a inflação.

É claro que o BCE é apenas um fator na equação. Surgiu divergência, em termos de política monetária, em dezembro quando a Reserva Federal dos EUA elevou as taxas de juros pela primeira vez desde a crise financeira global. Para os investidores a apostar num euro mais fraco o Fed permanece um fator chave: se oferece mais aumentos de taxas do que os mercados terão fixado tal poderá elevar o dólar e baixar o euro. Mas a turbulência nos mercados está a levantar um desafio a essa teoria. O fosso entre os rendimentos de títulos, de dois anos, do governo alemão e dos EUA diminuiu 0,2 pontos percentuais em relação ao pico de dezembro.

O BCE agitou os mercados em dezembro quando facilitou a política mas não conseguiu corresponder às altíssimas expetativas. Já alguns economistas esperam mais medidas por parte do BCE, embora mais para o final do ano. No entanto, o relato da reunião do BCE em dezembro, publicado na semana passada, sugere barreiras a um alívio ainda mais dramático; existe, claramente, um grupo de decisores políticos que considera a flexibilização quantitativa na zona euro problemática.

É pouco provável que a reunião do BCE desta semana termine com fogo de artificio. No entanto, se o euro continuar a subir tendo por base o comércio a pressão sobre o BCE irá aumentar.

Leia também:
Por favor, descreva o erro
Fechar