A ascensão e queda do ouro
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O Rei Midas desejava-o. Os Incas veneravam-no. Os seus flocos luminosos fizeram com que durante o séc. XIX, milhares rumassem até à Califórnia, ou mesmo que capitães de navios o procurassem sem cessar pelo fundo do mar.

Apesar do ouro ter despertado paixões durante séculos, parece que para os investidores de hoje, este metal tem vindo a perder o seu encanto. Depois de um aumento de sete vezes mais durante uma tendência altista de 12 anos – uma rodada compatível com apenas um punhado de ativos, incluindo tesourarias e selos americanos – os investidores venderam-no descontroladamente em 2013, provocando a primeira queda anual em 13 anos. Será que esta ascensão e queda épica do ouro outro ciclo do mercado ou será uma mudança nos “apetites humanos”?

A situação

A atração consagrada pelo tempo ao ouro como abrigo das tempestades financeiras colocou-o a um preço recorde de US$ 1,921.17 por cada 28,350 gramas em 2011. À medida que os governos expandiram a massa monetária através da compra de ligações para estimular o surgimento de economias fragilizadas, os investidores tentaram de imediato proteger-se da ameaça da rápida inflação e do enfraquecimento da moeda. Com o regresso do crescimento económico, as bolsas de valores recuperaram e o valor do metal começou a cair. O preço desabou 28% em 2013, só mesmo o milho e a prata foram os produtos com os piores valores. A derrota afetou os acionistas, tais como o bilionário John Paulson, produtores como Barrick Gold e os maiores proprietários de ouro, os bancos centrais.

Os investidores venderam em 2013 tanto a partir de fundos de índices (ETFs) em barras de ouro como tinham comprado nos três anos anteriores combinados.

O infrequente interesse renovado no ouro em 2014 como preocupação pelo lento crescimento económico global, um mercado emergente de liquidações e a agitação na Ucrânia e no Médio Oriente acumulou a busca pela proteção da riqueza. Mesmo assim, o preço, que em março de 2014 atingiu valores elevados, ainda permanece quase ao valor que estava no final de 2013. O ouro permanece baixo cerca de um terço relativamente ao seu pico, suscitando o debate sobre as lições da espetacular queda do metal.

O pano de fundo

Descartado da hipótese de ser utilizado como sistema monetário depois da ligação do dólar ao ouro ter terminado nos anos 70, o ouro chegou aos $850 em 1980. Nas duas décadas seguintes, os preços caíram, o que incentivou os bancos centrais de todo o mundo a diminuir as suas reservas. Quando a crise financeira elevou o preço do metal em 2008, os bancos centrais começaram a comprá-lo de novo, algo que ainda hoje fazem, apesar de forma mais comedida. Assim que o primeiro valor foi apresentado em 2003, os investidores afluíram aos ETFs de ouro. Os investidores confiaram num ativo que os governos não podem produzir de sua livre vontade. São citados argumentos semelhantes relativamente ao aumento da popularidade do bitcoin, uma moeda virtual de abastecimento limitado.

O argumento

Talvez mais do que qualquer outro investimento, este metal precioso é como uma câmara de ressonância para as ansiedades sentidas em relação ao crescimento económico, os medos dos conflitos geopolíticos e suposições sobre no que estão a pensar os banqueiros dos bancos centrais mundiais. Warren Buffet expressou um famoso desdém relativamente ao ouro por não ser produtivo como, por exemplo, as empresas ou as terras de cultivo. Em 2011, escreveu que os investidores do metal são motivados pela sua “convicção de que as posições dos destemidos irão subir”. Os baixistas dizem que existem cada vez menos motivos para possuir ouro agora, uma vez que os bancos centrais projetaram uma recuperação económica sem uma luz ao fundo do túnel bem visível. A Reserva Federal dos Estados Unidos está a terminar o seu programa de compra de títulos e um crescimento económico mais rápido dos EUA irá impulsionar o dólar, outro dos refúgios favoritos.

Goldman Sachs prevê que o deslize do ouro vai-se estender ainda mais e atingir os %1,050 por 28,350 gramas. Durante muitos períodos históricos, contudo, o ouro provou o seu valor entre os vários tipos de investimento. Os altistas afirmam que os lucros nos preços dos consumidores ressurgirão outra vez e que esse fornecimento poderá ser restringido por custos de exploração mais elevados. A busca pelo ouro é também apoiada pelos rendimentos crescentes provenientes da Ásia, onde os agricultores compram o metal por dotes e existem poucas reservas seguras de riqueza.

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