Há muitos indicadores das tendências dos mercados, uns mais outros menos fiáveis. Mas um dos indicadores mais invulgares baseia-se nos temas de capa das revistas. Perceba como funciona.
Um dos mais chocantes e incompreendidos sinais de mercado é o indicador de capa de revista. Criado por Paul Macrae Montgomery, este indicador de contrariedade diz essencialmente quando alguma área de investimento ou novidade alcançou um crescendo. O pensamento segue a noção de que quando os editores da Time descobrem algo sobre alguma tendência do momento onde investir, já todos sabem sobre o que se trata.
Como Montgomery descreveu, existem três regras base para o clássico indicador de capa de revista:
- Deve ser uma publicação- não sobre negócios – mainstream que coloca um objeto específico na capa.
- Estamos à procura de um conceito bem compreendido que está prestes a alcançar o seu clímax.
- Devem ter existido lucros significativos com os ativos que deram origem à capa.
Como exemplo, considerem os últimos 30 anos de capas da revista Time no que respeita ao mercado de ações. Quando a Time nomeou o presidente da amazon.com Jeff Bezos como a pessoa do ano em 1999, tal marcou quase o ponto mais alto do efeito bolha dot-com. Tal título honorário não deu a Mark Zuckerberg – ou aos acionistas do facebook – nenhumas vantagens em 2010. Em 2005, a Times deu o lugar ao sector imobiliário. Todos sabemos o que aconteceu a seguir.
E não é só a Time magazine, qualquer publicação não ligada a negócios. A ideia é que quando os editores das publicações gerais de notícias notam que um ativo se tornou procurado, já restam poucos ingénuos para ajudar a elevar ainda mais o preço. Tenham em conta, a capa da New York Times Magazine sobre ouro em 2011 como outro exemplo.
Antes de começar a vender ações que acabam na capa de revistas, devem saber que este indicador não se aplica, totalmente a companhias individuais, a Apple pode confirmar isso. Bezos e Zuckerberg foram emblemáticos nos seus sectores – dotcom e redes sociais – não tanto pelas suas companhias.
Quando um tópico de investimento se tornou tão público que até chegou ao comité editorial do Times ou da Newsweek, normalmente é quando atinge o seu fim, não o seu início.
Já vimos variações desta tendência em termos de consumo de bebidas e memes políticos.
O que me traz até à recente capa da revista Economist é um papagaio morto, uma referência ao hilariante sketch do papagaio morto dos Monty Python.
Nesse clássico pedaço de loucura pythonesca, um pássaro obviamente morto "não é mais. Parou de ser. Ele expirou e foi encontrar-se com o criador… Isto é um ex-papagaio.”
A referência é feita à política de erro que agora se manifesta na Europa, em especial na Alemanhã onde o medo da inflação, quando a deflação é a ameaça mais iminente e urgente, é o pássaro morto. Na capa vemos a chancellor Angela Merkel, a fazer uma observação sobre a economia da região, que tal como o papagaio morto,“está só a descansar”.
Aparentemente, a inflação na Europa também esta só a descansar, dai a oposição alemã a mais estímulos.
Algumas pessoas tomaram isto como um sinal para voltar às ações Europeias. Eu estou cético quanto ao valor das capas de revista em prova do contrário. Independentemente das opiniões que tenha sobre a Europa - temos exposição para o continente através de vários fundos de investimento cotados - a capa da Economist não deve ser a sua razão. Embora reflita tanto uma tendência que já correu um grande percurso e é muito conhecida, também é verdade que está na capa de uma revista de negócios - portanto desqualifica-se a si mesma das regras de Montgomery.
Talvez o mesmo possa ter sido dito pela mais infame das capas de revistas de todas: A “ Morte Das Ações” em 13 Agosto de 1979, a capa da BusinessWeek.
Este não é um exemplo perfeito, pois é também uma capa de revista de negócios. Para além do mais, podemos argumentar, tal como fez Justin Lahart do Wall Street Journal:
“A história da capa da Business Week de agosto de 1979 não estava tão errada como as pessoas se recordam. Quando saiu a Dow Jones Industrial Average estava em 867. Três anos depois, estava a 779. Ajustando isso pela inflação, a Dow caiu 32%.”
Ainda que, se tivesse investido no mercado de ações nessa altura os ganhos três décadas depois seriam impressionantes. Talvez quando olharmos para trás veremos neste momento uma oportunidade semelhante de voltar às ações Europeias. Tal como a capa da BusinessWeek, pode também ser um pouco cedo.
Uma coisa que ambas as capas conseguiram foi lembrar-nos que todas as coisas chegam ao fim, até mesmo a mais forte das crenças sociais.