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Mais de metade dos países do mundo tem o valor da sua moeda indexado a outra moeda, normalmente ao euro ou ao dólar americano. Essa é a forma que muitos países encontram de criar um clima financeiro estável e previsível. Mas às vezes os resultados são diferentes dos esperados.

Na ascensão e queda das potências mundiais, o mercado cambial continua a somar pontos. O dinheiro de um país valoriza-se quando é como um íman para os investidores mundiais; em tempos turbulentos enfraquece. A volatilidade pode provocar o caos para as empresas que compram e vendem nos mercados mundiais. De forma a manter as coisas em ordem, mais de metade dos países têm um valor do seu dinheiro indexado a outra moeda – mais frequentemente ao dólar americano ou ao euro. Estão indexados por uma paridade. Essas “amarras” podem proporcionar estabilidade e comércio, tal como o tem feito a ligação de Hong Kong com o dólar desde 1983. Até ao dia em que não o façam. Para manter a maioria das paridades fixas, o banco central tem de recorrer a reservas estrangeiras para comprar ou vender nos mercados cambiais, travando batalhas com comerciantes para manter a taxa de câmbio estável. Se a pressão aumentar, os responsáveis políticos serão forçados a desistir e a paridade quebra-se – e por vezes, com consequências desastrosas.

A Suíça chocou os mercados cambiais no dia 15 de janeiro ao acabar com a taxa de nivelamento que tinha com o euro. Tinha fixado anteriormente um limite de três anos, depois da estabilidade do país ter atraído os investidores para a crise da dívida da Europa. Com o franco a fortalecer-se, as exportações suíças começaram a ficar cada vez mais caras e as importações mais baratas, o que provocou uma queda nos preços no consumidor. Essa ação fez com que o franco se tornasse mais leve, e assim gerasse lucros ou perdas avultadas para os comerciantes.

A atenção voltou-se então para a Dinamarca e a sua paridade com o euro. O Banco Central Dinamarquês cortou nas taxas de juros para manter a coroa dinamarquesa a um nível de 2,25 por cento do seu alvo.

Com o preço do petróleo a submergir, a Rússia passou os últimos meses de 2014 a lutar para impedir o maior deslize do rubro desde há 17 anos atrás. Em novembro, desistiram de gerir a paridade flexível ou rastejante do rubro com um cabaz de moedas, depois de gastarem mais de $88 mil milhões. Enquanto as moedas da maioria dos países grandes e dos 19 países do euro flutuam livremente, a tendência está a voltar-se para o outro lado: 34 por cento dos países geridos pelo Fundo Monetário Internacional deram ao mercado rédea solta em 2014, uma descida dos 40 por cento de 2008.

O contexto

Existem vários sistemas para se gerir as taxas de câmbio, e algumas são mais estáveis que outras.

  • O Panamá e o Zimbabué simplesmente utilizam o dólar americano como moeda corrente.
  • São afixadas taxas em países como da Bulgária à Arábia Saudita e à Venezuela.
  • A Singapura e a China aplicaram tipos diferentes de ligações às moedas dos parceiros comerciais por meio de bandas cambiais que podem subir ou descer. A China utilizou o acordo para limitar a apreciação, apesar de agora estar a permitir que o yuan flutue mais.
  • A paridade da moeda de Hong Kong é considerada virtualmente inexpugnável porque a quantidade total da moeda local emitida é apoiada pelo dólar americano em reserva, um acordo conhecido como comité monetário.

A História está cheia de agitações. O “choque de Nixon” de 1971 surgiu quando o Presidente Richard Nixon acabou bruscamente com a convertibilidade do dólar para ouro. Essa medida levou ao fim do sistema Bretton Woods do pós- Segunda Guerra Mundial, que indexava as moedas dos países industrializados aos E.U.A. O Reino Unido atravessou uma tempestade em 1992, quando vários investidores, incluindo George Soros apostaram que o país não iria conseguir manter a sua libra esterlina num sistema de taxa interligadas pré-euro. Acabaram por desistir a 16 de setembro, o que permitiu que a libra flutuasse, ficando esse dia conhecido como a Quarta-feira Negra.

Nem tudo é tão simples

As paridades cambiais podem colocar um banco central à mercê de uma política monetária e fiscal de outro país, por isso, deve copiar as ações nas taxas de juro. Existe menos liberdade para responder a objetivos nacionais, tais como criar mais emprego ou conter os preços. Em Hong Kong, por exemplo, as políticas do dinheiro fácil nos E.U.A provocaram um aumento da inflação nos preços nacionais.

O potencial para ganho? Mais previsibilidade para as empresas e investidores. “Atar as mãos” dos responsáveis políticos também pode levar a uma despesa governamental mais disciplinada.

Para que uma paridade se mantenha, a taxa de câmbio deve ser definida judiciosamente e mantida em ordem. Uma vez que não existe num reequilíbrio automático dos fluxos de intercâmbios comerciais, é muito fácil para uma paridade tornar-se instável. Se isso acontecer, pode perder a sua credibilidade e ser alvo de ataques. Alguns países – como a China, o Egito e a Venezuela – mantêm os especuladores no seu lugar com controlos que limitam a quantidade de moedas que podem ser convertidas ou regras que exigem que os bancos façam comércio tendo em conta taxas oficiais.

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