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Assustados com as fortes oscilações no mercado de câmbio, os investidores americanos estão a dedicar-se a a ETFs (Exchage Trade Funds, cotas de fundos de investimento negociadas em bolsa) que tiram o dólar americano do seu portefólios de acções internacionais, tornando-os um dos mais procurados produtos financeiros em 2015.

Com a queda do dólar de mais de 19% desde o início de 2014, os investidores estão a ver os seus ganhos nos mercados de ações estrangeiros a serem esmagados por enormes perdas contra o dólar.

Luciano Siracusano, chefe estratega de investimento da WisdomTree Investments, em Nova Iorque, comentou:

“As pessoas estão a votar com os seus pés. Estão a pôr milhões de dólares naqueles fundos e o que dizem é que ‘Nós não queremos deixar de estar cobertos a 100%.’”

Alguns dizem que não existem produtos suficientes para investidores à procura de exposição internacional. Estes ETF têm cerca de 31,5 mil milhões em ativos, mais quase cinco vezes que em 2011. Mas os ativos em ETF de valor internacional excederam os 275 mil milhões de dólares, de acordo com a WisdomTree.

A opinião de David Kotok, presidente e diretor de investimentos da Cumberland Advisors em Sarasota, Florida, que supervisiona 2 mil milhões de dólares, e cujos investimentos de valor da companhia são apenas feitos em ETFs:

“Há quarenta países com mercados de ações no fundo o suficiente para haver uma proteção produto dos riscos cambiais. Se olharmos para as ofertas de ETF, existem centenas disponíveis para criar um portfólio centrado nos EUA. Mas quantos existem na zona euro? Existem talvez uma dúzia de ETFs para China. E na segunda maior economia do mundo só existe uma dúzia?”

A WisdomTree, com ativos em ETF de cerca de 44 mil milhões de dólares, é a líder no espaço de cobertura da moeda com 80% do mercado. Os outros dois maiores competidores são o Deutsch Bank, com $5,2 mil milhões em ativos protegidos da moeda, e a BlackRock Inc., supervisionando cerca de mil milhões de dólares em ETFs protegidos.

Todas três estão a planear expandir as suas ofertas protegidas das flutuações da moeda, dizem oficiais das firmas.

Oficiais disseram à Reuters que a Guggenheim Investments, que tem a sua própria suite de ETFs com cobertura da moeda, com $1,1 mil milhões em ativos, também tem planos para lançar ETFs protegidos contra riscos cambiais. A companhia tem 28,8 mil milhões de dólares em ativos ETF.

Flutuações da moeda

A volatilidade crescente dos mercados estrangeiros aumentou a demanda de garantias ETFs contra riscos cambiais.

A Reserva Federal terminou o seu programa de impressão de dinheiro, enquanto o Banco Central Europeu e o Banco do Japão estão ambos no meio de uma flexibilização dos seus planos. O dólar, como resultado, no ano passado, atingiu o seu nível mais alto em relação ao euro desde 2003 e atingiu o maior pico em sete anos contra o iene. Um dólar forte reduz retornos sobre estes portefólios quando convertidos para a moeda norte-americana.

É uma tendência que Dodd Kittsley, chefe de estratégia de ETF e contas nacionais do Deutsche Bank Asset and Wealth Management, em Nova Iorque, espera que continue por vários anos. No ambiente de um dólar forte, os ETFs cobertos têm vindo a superar, até agora, os seus homólogos sem cobertura.

A WisdomTree Europe Hedged Equity Fund está a crescer 8,4% por ano, enquanto os seus pares sem cobertura, o iShares Europe ETF e o Vanguard FTSE Europa ETF, subiram apenas 0,5% este ano, segundo mostram os dados da Morningstar.

O ETF HEDJ até agora arrecadou $3,1 mil milhões em receitas em 2015, cerca de metade dos 5,9 mil milhões de dólares em ETFs protegidos contra riscos de câmbio em Janeiro, de acordo com ETF.com. No ano passado, o fundo registou um retorno de 6,6%, enquanto a ETF iShares sem garantias e a Vanguard ETF perderam 6% e 6,6%, respectivamente.

Valerá a pena?

Mas esta cobertura vem com um preço, e dependendo das taxas de juro de cada país, o custo pode ultrapassar os benefícios, disse Brendan Ahern, chefe de investimentos da KraneShares gestora de ativos sediada em Nova Iorque. No ano passado, a empresa lançou um ETF comercial da China e pediu a versão protegida do fundo.

A exposição cambial é tipicamente protegida pela compra de contratos futuros e a sua rotação mensalmente. O custo de cobertura tem em conta a diferença entre as taxas de juros de um mês nos Estados Unidos e o mercado alvo. Se as taxas norte-americanas são mais altas, o custo da cobertura torna-se negativo, ou seja, os investidores estão a receber a diferença nas taxas. Se as taxas do mercado alvo são maiores, então o custo de cobertura também sobe.

Assim, em países com altas taxas de juros, como o México, a Índia e o Brasil, os custos de cobertura são superiores aos de países com taxas de juro baixas, como a zona euro, o Japão e o Reino Unido.

Os dados mais recentes da Wisdom Tree mostram que não custou quase nada cobrir a exposição do franco suíço, iene e euro, enquanto custa cerca de 30 pontos base cobrir a exposição da libra britânica, o que ainda é um custo relativamente baixo.

Além do custo mais elevado de cobertura nos países com altas taxas de juros, as garantias das ETFs contra riscos cambiais tendem a ter valores de despesa mais íngremes, com uma média de 0,54%, em comparação com os 0,12% para o Vanguard FTSE Europe ETF e os 0,14% para o iShares Core MSCI Europe ETF, sendo as duas grandes ETFs de ações internacionais.

Há também o custo da oportunidade de desistir, possivelmente, do retorno adicionado, se a moeda estrangeira de repente crescer. Bill Belden, diretor gerente do desenvolvimento do produto na Guggenheim, em Chicago, reconheceu que uma reversão da moeda é um risco notável.

"Mas eu não acho que as pessoas devam investir ou tomar decisões com base unicamente na moeda", disse ele. "Os investidores devem ir tomar a direção da oportunidade. A moeda é uma grande parte da decisão, claro, mas ela não pode ser considerada exclusivamente, passando por cima do portefólio subjacente.”

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