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Baseados no trabalho de Morgan Housel preparámos-lhe uma lista de dez máximas relacionadas com investimentos. Certamente reparará que os princípios subjacentes a várias delas são originários dos campos da psicologia e da história. Aproveite os conselhos.

O escritor Morgan Housel da Motley Fool criou recentemente uma lista impressionante de 122 máximas sobre investimento que destilam a sabedoria que ele colheu em anos de escrita sobre o mercado e a indústria financeira. A maioria são ou introspeções acerca da psicologia humana ou fatos e números históricos.

Quase todos, na minha humilde opinião, são bons conselhos.

Na verdade, existe apenas um que não é do meu agrado:

67. Seria melhor se as finanças fossem lecionadas nas universidades pelos departamentos de psicologia e história.

Como alguém que instrui finanças, posso soar um pouco conveniente ao dizer que as finanças académicas têm assuntos de mérito para ensinar aos seus alunos. Mas se olharmos para a lista de máximas de Housel, muitas delas provêm de pesquisas feitas por professores de finanças! E muitas das outras pesquisas foram recentemente confirmadas por pesquisas académicas. Para provar este ponto, eu escolhi as minhas 10 preferidas da lista.

6. Como diz Erik Falkenstein: “Em ténis profissional, 80% dos pontos são conquistados, enquanto no ténis amador 80% são perdidos. O mesmo é verdade para wrestling, xadrez e investimento: Os amadores devem concentrar-se em evitar fazer erros, enquanto que os profissionais devem concentrar-se em fazer grandes jogadas.”

Esta situação é conhecida como o paradoxo de Grossman-Stiglitz. Evidentemente se todos os investidores tentarem vencer no mercado, muito esforço será em vão. Mas se nenhum deles tentar vencer, o mercado não será um agrupador útil de informação. A solução passa pela descoberta de novas ideias através de verdadeiros especialistas e a produção de dinheiro no processo, enquanto todos os outros investem em fundos de índice e fundos de índice negociados por intercâmbio e só têm que seguir a corrente.

14. O investidor Nick Murray disse uma vez, “Ter noção do timing do mercado é um jogo impossível de vencer, no entanto o tempo no mercado é a sua maior vantagem natural.” Recorde-se disto na próxima vez que esteja inclinado a desistir.

Definitivamente. Na verdade, um crescente número de investigadores tem constatado que esperar por rendimentos é uma sentença de morte para muitos investidores.

24. De acordo com J.P.Morgan, 40% das ações têm sofrido “perdas catastróficas” desde 1980, o que significa que elas caíram pelo menos 70% e nunca recuperaram.

Se entende a matemática do caminhar aleatório – a ideia que as ações se movem de forma imprevisível – isto não será muito surpreendente!

28. De acordo com a Vanguard, 72% de fundos comuns referenciados ao S&P 500 incumpriram o índice do prazo de 20 anos que terminou em 2010. A expressão “investidor profissional” é muito vaga.

Isto é absolutamente crucial que os investidores saibam. Na verdade, professores de finanças têm estado a discutir sobre isto há décadas. Por exemplo, vejam esta tese de Burton Malkiel, um economista de Princeton.

44. As nossas memórias do historial financeiro parecem remeter a cerca de uma década passada. “O tempo cura tudo”, diz o ditado. Também apaga muitas lições importantes.

Este é o objeto de uma linha recente de pesquisa feita pela Universidade da Califórnia, Berkeley e os professores Ulrike Malmendier e Stefan Nagel (entre outros), que descobriram que os bebés que nasceram durante a Depressão terão maior risco de depressões, e as pessoas que cresceram durante os anos 70 esperaram maior inflação.

46. As companhias menos interessantes - de pasta dentífrica, comida, parafusos - podem levar a alguns dos melhores investimentos a longo prazo. As companhias mais inovadoras podem levar a alguns dos piores.

Certamente, os pesquisadores das finanças têm constatado o melhor desempenho das ações de valor em relação às ações mais prestigiadas ao longo de décadas!

50. Um vasto índice de ações dos EUA aumentou 2.000 vezes entre 1928 e 2013, mas perdeu cerca de 20% desse valor durante esse espaço de tempo. As pessoas teriam menos receio desta instabilidade se soubessem o quão comum ela é.

Qualquer investidor que tenha uma noção básica da aleatoriedade e do comportamento ao acaso dos processos vai estar muito melhor equipado para entender o mundo das finanças do que alguém que ingenuamente pensa em termos puramente deterministas. Na verdade, quanto mais eficientemente informados estejam os mercados de valores, mais imprevisíveis serão os seus movimentos!

68. De acordo com o economista Tim Duy da Univerdade de Oregon, “Enquanto as pessoas tiverem bebés, o capital desvaloriza, a tecnologia desenvolve-se, e gostos e preferências alteram-se, havendo um forte impulso subjacente para crescimento que é quase certo se revelar em qualquer economia razoavelmente bem administrada.”

Este é um excelente conselho. Contudo é uma razão para não investir em ações no Japão, onde a população está a diminuir e a produtividade estagnou. Visto no contexto de fundamentais económicos, pode não ser surpreendente que o mercado de valores do Japão esteja mais ou menos em declínio há mais de duas décadas.

90. Vários estudos académicos têm vindo a comprovar que aqueles que fazem mais trocas são os que ganham menos. Recorde a sabedoria de Pascal: “Todas as misérias do homem provêm da incapacidade de estar sentado num quarto silencioso sozinho.”

A troca excessiva de ações é realmente um grande destruidor de rendimento de ações individual. Como os pesquisadores financeiros Brad Barber e Terry Odean declararam num trabalho no ano 2000, “ o comércio de ações é perigoso para a sua saúde.”

97. O período de 3 anos mais bem-sucedido para possuir ações foi durante a Grande Depressão. Não muito atrás temos o período de três anos que começou em 2009, quando a economia batalhava contra a total ruina. Os maiores rendimentos começam quando a maior parte das pessoas acham que as maiores perdas são inevitáveis.

Previsibilidade a longo prazo é um dos fatos mais interessantes descobertos pelos pesquisadores financeiros nas últimas décadas, e foi o que conquistou ao economista de Yale Bob Shiller o seu Nobel de 2013. Pode realmente ganhar algum dinheiro extra ao comprar ações quando estas estão acessíveis e vende-las quando estão dispendiosas. Contanto lembre-se de não levar esta estratégia ao extremo!

A compilação de máximas de Housel é uma boa lista. Consulte-a. E lembre-se, os estudantes académicos estão a trabalhar arduamente para descobrir factos interessantes e úteis sobre investimento, negócios e o mercado de bens.

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