O último relatório financeiro da empresa divide os investidores entre as expectativas de um futuro brilhante ou conturbado. Mas há um fator que diferencia o percurso da Tesla em relação às outras empresas de automóveis – a Tesla não se dedica exclusivamente a construir carros, mas também à edificação de uma rede de abastecimento.
A Tesla apresentou na semana passada o seu relatório anual 10-K à Comissão de Títulos e Câmbio. Os touros e os ursos (representações de tendências do mercado de ações na língua inglesa) têm estado a trabalhar horas extra à procura de pistas sobre a performance da empresa – no passado, no presente e no futuro – que justifiquem o argumento de que a Tesla consegue portar-se bem no seu mercado de $26 mil milhões.
Ou o argumento de que a Tesla está prestes a passar por momentos difíceis.
As ações estavam em baixa na segunda-feira, abaixo dos $200 por ação. Chegaram aos $291 em Setembro de 2014.
O formulário 10-K contém uma serie de fatores de risco que alegadamente a Tesla enfrenta. Um em particular chamou-me à atenção e deve servir como um lembrete que a Tesla está a competir contra um risco crítico que mais ninguém enfrenta na indústria automóvel.
De acordo com a companhia, “O nosso plano de expandir a nossa rede de Superchargers necessita de grandes quantias de investimentos e de gerência de recursos, e pode não chegar às nossas expetativas no que diz respeito a vendas adicionais dos nossos veículos elétricos.”
SUPERCHARGER. A estação de abastecimento mais rápida do planeta
A Tesla também disse que expandir a sua rede de concessionários (chamados “lojas” pela empresa) e centros de serviços também vai custar imenso dinheiro.
Mas pensemos sobre isso: quantas companhias automóveis estão também em processo de construir as infra-estruturas necessárias para alimentar esses carros? Vários potenciais rivais da Tesla, pelo menos na frente dos veículos eléctricos, já anunciaram planos de construir redes de abastecimento. Mas a BMW e a Volkswagen têm um caminho a percorrer antes de apanharem a Tesla, que já construiu uma rede Supercharger significativa nos EUA e na Europa e está a expandir para a China.
Um total de 2000 Superchargers mundialmente, disse a Tesla no seu blogue, recentemente.
Já é difícil e caro desenhar e construir carros – ainda mais, carros que são tão inovadores como os Teslas. Adicione-se a isso os custos de criar uma infra-estrutura de abastecimento completamente alternativa e, se é um executivo da indústria automóvel tradicional, vai sentir as pernas a tremer. Imagine que é da General Motors e que tem de criar uma rede de abastecimento completamente nova do zero – uma rede que chegue de um lado ao outro dos EUA, e Europa… e uma porção decente da costa da China!
Planos de expansão futura: Superchargers em 2016. América do Norte. Europa. Ásia/Pacífico.
É de lembrar que embora a Tesla possa vir a passar por alguns desafios sérios no lado automóvel do seu negócio nos próximos anos, o negócio da empresa vai além dos carros.