Importa discutir um importante tema que é muitas vezes mal interpretado pelos investidores: a diferença entre a participação em empresas e os ativos.
Quando novos investidores observam a lista de possibilidades de investimento encaram-na como um grande catálogo de opções semelhantes:
- ações
- títulos
- produtos
- forex
- mercado
- imobiliário
- assim
- por
- diante
Essa lista desfoca o importante ponto de que as ações são únicas. Não há nenhuma categoria como essa.
Os restantes ativos são coisas. Estão somente ali. Se comprar algum ouro e não fizer nada com o mesmo, em 50 anos continuará lá. Por outro lado há ativos geradores de rendimento, como títulos e imóveis, o que os torna um pouco melhores do que os produtos. Ainda assim, continuam a ser apenas coisas. Não podem pensar ou criar.
A participação em empresas, por outro lado, é completamente diferente. Trata-se de uma pessoa coletiva através da qual os indivíduos se juntam para aplicar os anteriormente referidos ativos e produzir bens e serviços para as pessoas. É quase idêntico ao olhar para a diferença entre uma pilha de peças de automóveis e um carro totalmente montado. A empresa trabalha para fazer lucro e continua a investir esse lucro em negócios para obter ainda mais lucro.
Intermediários financeiros estão agora a investir, digamos, em cobre. Desejo-lhes todo o bem. Mas convém lembrar que o cobre não tem um valor independente – por si só é somente um elemento. Sem querer filosofar muito nesta questão, todo o valor do cobre é baseado naquilo que pode fazer por nós. Quais são os bens e serviços que podem melhorar? Para que tal aconteça o cobre tem que passar pelas mãos de uma empresa.
É por isso que estudos de longo prazo relativos ao que tem sido o melhor investimento normalmente colocam as ações no topo, seguidas por títulos e mercado imobiliário, por sua vez seguidos pelos produtos.
Quando está a investir numa empresa está realmente a investir em engenho humano: no modo com as pessoas se podem unir e descobrir como fazer algo útil dos ativos.
O mercado imobiliário, por exemplo, é um bom investimento. Espero que todo o mundo seja dono da sua própria casa. No longo prazo, no entanto, o mercado imobiliário nunca, nunca, nunca irá ultrapassar as ações. Nunca. Esta não é apenas a minha opinião, é a realidade. Isso não irá acontecer porque isso não pode acontecer.
Uma casa é simplesmente um ativo. Não importa o quão se esforce, nunca será mais do que um ativo. Uma casa faz o seu trabalho por estar simplesmente ali. Uma ação é uma parte da propriedade de uma empresa – e uma empresa são pessoas que utilizam ativos para criar riqueza. Esta não é apenas uma questão de definições.
Você pode comprar ações de uma empresa que pode comprar uma casa. Uma casa não pode investir numa empresa. Você pode formar uma sociedade anónima e emitir ações. Com os lucros poderá fazer coisas interessantes como… Comprar uma casa e arrendá-la para obter o lucro. Passado algum tempo terá dinheiro suficiente para comprar outra casa. Depois outra e mais outra. Em breve, terá várias casas. É isso que fazem as empresas – crescem. Se não crescerem, são substituídas por empresas que cresçam. É simples, e uma casa nunca o poderá fazer.